segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Alckmin terá mais apoio na Assembleia Legislativa de SP, por Luiz Guilherme Gerbelli

O apoio ao governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ficará maior na Assembleia Legislativa a partir de 2015. Com todas as urnas apuradas, o PSDB será representado por 22 deputados estaduais. O partido manteve o mesmo tamanho da bancada atual, mas se consolidou como a principal legenda.
Na legislatura atual, os tucanos dividem a liderança em números de deputados com o PT. Mas a baixa votação do candidato petista ao governo do Estado, Alexandre Padilha, se refletiu no Legislativo. Na oposição ao PSDB desde o governo Mario Covas, iniciado em 1995, o PT será a segunda maior bancada da Assembleia, mas com 14 deputados, abaixo dos atuais 22.
O desempenho do PSDB no Estado foi influenciado sobretudo por bons puxadores de votos. Os três deputados estaduais mais votados foram os tucanos Fernando Capez, Coronel Telhada e Orlando Morando. Ao todo, 21 legendas elegeram pelo menos um representante na Assembleia.
Além do enfraquecimento do principal partido de oposição, o governador reeleito de São Paulo foi beneficiado porque bancadas de legendas aliadas cresceram. O DEM, por exemplo, terá um deputado a mais - de 7 passará para 8. O partido será a terceira maior bancada da casa.
O PSB, do futuro vice-governador Márcio França, também aumentará a quantidade de representantes na Casa, de 4 para 5. A bancada do PRB crescerá de 2 para 4 deputados. O Solidariedade também terá um número maior de deputados - crescerá de 1 para 2. O PPS - outro partido alinhado com os tucanos - manteve o mesmo tamanho de bancada, com três representantes.
Dos nanicos que integraram a coligação de reeleição de Geraldo Alckmin, PSC e PEN também conseguiram crescer em representatividade. O PSC verá a bancada subir de 1 para 3 deputados, e o PEN aumentará de 1 para 2 o número de representantes.
Embora tenha ficado neutro durante o primeiro turno, o PTB deverá se aliar a Alckmin no novo mandato. O partido chegou a integrar a coligação do tucano, mas abandonou para lançar a candidatura de Marlene Campos Machado ao Senado. Na Assembleia, o PTB diminuirá de tamanho. Dos atuais 5 deputados, terá apenas 3 em 2015.
O PV, que lançou Gilberto Natalini ao governo do Estado, mas sempre foi próximo dos tucanos no Estado, elegeu 6 deputados e também terá uma bancada inferior à atual, composta por 8 deputados.
Oposição
Em relação aos grandes partidos que lançaram candidatos para enfrentar Alckmin, o PMDB, que concorreu ao Palácio dos Bandeirantes com Paulo Skaf, permaneceu com cinco deputados. O PDT, que integrou a chapa com a indicação do vice José Roberto Batochio, diminuirá de tamanho. Na próxima legislatura, terá apenas um deputado. Na atual, é representado por dois parlamentares.
O PSD, que também integrou a chapa de Skaf, com a candidatura de Gilberto Kassab ao Senado, perdeu uma vaga na Assembleia. O partido, que foi criado na atual legislatura, cairá de 5 deputados para 4.
O PP, do ex-governador paulista Paulo Maluf, manteve duas cadeiras na Assembleia. O partido também integrou a coligação encabeçada pelo PMDB.
O PC do B, que apoiou o PT, de Alexandre Padilha, na disputa estadual manteve o mesmo tamanho e seguirá com dois representantes.
Na oposição, o PR teve o crescimento mais expressivo, de 1 para 3 deputados. A bancada do PSOL também aumentou, de 1 para 2 deputados.

A necessária renovação do PT e o vexame no Estado de São Paulo, do blog da Laura Capriglione



A eleição de Geraldo Alckmin (PSDB) em primeiro turno, a vitória acachapante de José Serra sobre Eduardo Suplicy, o inchaço da “bancada da bala”. É fácil falar sobre o conservadorismo dos paulistas. Acabo de pescar na rede essa análise: “Os paulistas ainda choram a derrota de suas oligarquias no movimento constitucionalista de 1932. Desde então, votaram contra Getúlio, ajudaram a derrubar Jango, votaram contra Lula e Dilma e continuarão votando contra qualquer candidatura progressista”.
Pois eu acho que o problema não são “eles”.
É preciso reconhecer. O Partido dos Trabalhadores jogou mal em SP. Fez um joguinho indigno naquele que é o seu berço histórico. Não se deve nunca esquecer que a mesma terra bandeirante que se bateu contra Getúlio foi onde renasceu o movimento estudantil que ajudou a por a pique a Ditadura Militar e foi onde surgiram as grandes greves operárias que criaram Lula e o próprio PT, além de um imenso cordão de movimentos sociais.
Se fosse um atavismo de São Paulo ser esse matadouro de utopias, não seria neste solo que nasceria o sonho de um país de todos, sem miséria. Nem Fernando Haddad teria sido eleito. Nem Marta ou Erundina teriam se criado.
No entanto, o PT, nesta eleição, teve a sua pior performance em anos.
E não foi no interior conservador que aconteceu a debacle. Foi no chamado cinturão vermelho da cidade de São Paulo.
Bairros pobres e históricos redutos do PT, como o Campo Limpo, na zona Sul, terra onde vive Mano Brown, por exemplo, ou Itaquera e São Miguel Paulista, na zona leste, sufragaram mais Aécio do que Dilma. Capela do Socorro, lar do sarau da Cooperifa, do poeta Sergio Vaz, também. E a Pedreira, Ermelino Matarazzo e Cangaíba.
Vai falar lá que aquela gente morena, parda e preta, que eles são a elite branca, fascista, oligarca ou coisa que o valha.
Quem errou foi o PT vacilão paulista.
Que, durante os últimos quatro anos, deixou o tucano Alckmin mais do que à vontade, mesmo sendo o governo dele um desastre completo. Veja a Suíça revelando as contas secretas dos operadores do escândalo do metrô; a Cetesb (estatal do próprio governo paulista) mostrando que a USP Leste foi implantada sobre um lixão tóxico; o Estado perdendo a guerra com o crime; as universidades estaduais falidas (o reitor imposto por Serra conseguiu o impossível: destruir a economia milionária da maior universidade paulista); as torneiras secas…
E cadê os deputados estaduais do PT para denunciar tantas mazelas e apresentar alternativas? Na maior parte dos casos, serviram apenas para reclamar que a base de apoio de Alckmin não deixa instalar nenhuma CPI. Queriam o quê?
O PT não disse a que veio. Mas o pior foi ter-se desplugado dos movimentos sociais. O PT de São Paulo, que sempre se aliou aos movimentos sociais, passou a ter medo deles… Por que é que até agora não foi usada a cláusula do Estatuto das Cidades que permite taxar até a quase expropriação os imóveis vazios por anos?
E o PT sem os movimentos sociais é como avião sem asa, Piu-piu sem Frajola, Romeu sem Julieta, Claudinho sem Buchecha.
O problema não é o PT dançar. O problema é o que vem junto. Para ficar em um exemplo: cresceu a chamada “bancada da bala”, aquele grupo dos deputados identificados com o slogan “Bandido Bom é Bandido Morto!”
O medo é sempre um mau conselheiro. Mas, sem alternativas, até mesmo um mau conselho é melhor do que nenhum. Quando a “Revista da Folha” perguntou ao candidato petista Alexandre Padilha como ele pretendia combater o crime organizado, a resposta foi pífia. “Não pode permitir que facções tomem conta das penitenciárias e as transformem em escritório, com celulares à solta.”
Sabe de nada, inocente.
O PT fez uma campanha coxinha em São Paulo, para não assustar o eleitor tucano. Como resultado, ficou sem o eleitor tucano e sem o eleitor petista. E o entregou para um aventureiro como Paulo Skaf.
Até o Aloízio “Carisma Zero” Mercadante, em 2010, teve mais votos para o governo do Estado do que Padilha. Quase o dobro. 35,23% contra 18,20% do total de votos válidos.
Agora, é juntar os cacos e apostar na renovação dos quadros partidários, que terão de vir, como sempre foi, dos movimentos sociais. Um partido que substituiu José Dirceu, José Paulo Cunha e José Genoino, dirigentes históricos, como seus principais puxadores de votos para deputado, por um cara como o Andrés Sánchez, dirigente do Corinthians, não é muito diferente de outro, que tem o Tiririca. Puro oportunismo.
Sem essa renovação, o PT pode até ganhar a eleição presidencial, mas as dores de cabeça e os sustos ainda estarão logo ali na frente, esperando. Búúúú!

domingo, 5 de outubro de 2014

Prefeitura vai incentivar reúso de água em prédios


PUBLICIDADE
Água do chuveiro, da pia e da máquina de lavar que, em vez de irem direto para o esgoto, voltam para as torneiras do apartamento.
Para estimular esse tipo de reúso de água em condomínios, a prefeitura colocará na lei incentivos para novos empreendimentos que adotarem tecnologias que fazem a água do edifício recircular.
Os empreendimentos que instalarem sistemas de reúso terão benefícios como descontos em impostos, no valor pago por metro construído ou permissão para construir empreendimentos maiores do que o liberado no local.
O melhor modelo de incentivo ainda está sendo estudado pela prefeitura e será incorporado à nova Lei de Zoneamento, cuja revisão começou em setembro. Um projeto de lei deve ser encaminhado à Câmara Municipal até o começo do ano que vem.
Fernando Mola/Editoria de Arte/Folhapress
"Queremos dar benefícios reais para quem fizer reúso, em vez de um selo verde para o empreendedor fazer marketing", diz Daniel Montandon, diretor do departamento responsável pela revisão.
Para o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da USP José Carlos Mierzwa, quem deveria oferecer tratamento e reúso de água é a prefeitura. "Feito assim, em cada condomínio, vai sair muito mais caro para a cidade."
Mierzwa diz acreditar que seria mais interessante incentivar sistemas de economia, como reguladores de vazão em torneira e chuveiros.
A água de reúso normalmente serve apenas para descarga, irrigação de jardins e limpeza. Segundo o professor da USP, esses usos correspondem a cerca de 30% do consumo de um edifício.
São Paulo já tem alguns condomínios com o sistema, como o Mundo Apto, na Barra Funda (zona oeste).
Segundo o zelador do conjunto de 324 apartamentos, Marcos da Costa, "nenhum pingo de água da Sabesp" é usado para regar jardins ou lavar pisos de áreas comuns.
Alguns vizinhos já chegaram a lhe dar sermão ao ver funcionários lavando o chão em meio à falta de água no sistema Cantareira, mas pediram desculpas ao saber que é água reusada.
O consumo de água da Sabesp pelo condomínio é de cerca de 30 mil m³, mesma quantidade de água que é tratada, mas a manutenção é alta, diz Costa.
"De hora em hora checamos o pH da água tratada". Além disso, há uma limitação. Essa água não pode ficar parada. O que não for usado no dia tem que ser descartado, senão libera cheiro ruim.
A adoção de sistemas de reúso em prédios já construídos nem sempre é viável economicamente, diz o engenheiro ambiental Wagner Oliveira, da CTE, empresa de consultoria de sustentabilidade nas construções. Mas, em edifícios novos, "o sistema é totalmente viável".
O custo de implantação vai de R$ 100 mil a R$ 400 mil, afirma Oliveira, e pode se pagar em 18 meses, caso de um edifício que implantou o sistema recentemente. A manutenção custa cerca de R$ 2.000 ao mês, diz.