domingo, 5 de janeiro de 2014

O exemplo de Michael Bloomberg - ELIO GASPARI


O GLOBO - 05/01

Prefeito de Nova York gastou US$ 650 milhões do próprio bolso e a mulher de Volcker alugava quarto em casa


Depois de governar a cidade de Nova York por 12 anos, o bilionário Michael Bloomberg pegou o metrô e foi para casa. Além de uma grande administração, deixou um exemplo. Durante o tempo em que ocupou a prefeitura gastou US$ 650 milhõesdo próprio bolso. 

Sabia-se que voava em jatinhos e helicópteros de sua propriedade (alô, Sérgio Cabral). Sabe-se agora que seu gosto por aquários no gabinete custou-lhe US$ 62,4 mil. O café da manhã e almoços frugais para a equipe saíram por US$ 890 mil. Uma viagem ao exterior custou US$ 500 mil (alô, Cid Gomes). Seu salário na prefeitura era de um dólar por ano.

Com uma fortuna avaliada em US$ 31 bilhões, Bloomberg gasta como quer. Já deu um bilhão à universidade onde estudou. (No ano seguinte à sua formatura, quando era um duro, deu cinco dólares.) Começou a vida no papelório, deixou a Salomon Brothers com US$ 10 milhões e fundou o império de meios de comunicação que leva seu nome.

Para quem gosta de depreciar o Brasil, ele seria um exemplo de políticos que faltam por aqui. É verdade, mas o casal Clinton está milionário e suas origens são semelhantes às de Bloomberg, sem que tenham produzido um só parafuso. Lyndon Johnson endinheirou-se na política e seus mensalões fariam corar o comissariado petista.

A diferença entre o serviço público americano e o brasileiro está no exemplo. Indo-se para o século 19, Dolley Madison, mulher do presidente James Madison, a primeira locomotiva social de Washington, morreu em absoluta pobreza, eventualmente ajudada por um escravo liberto que trabalhara para ela na Casa Branca. Em 1979, quando Paul Volcker foi nomeado presidente do Federal Reserve Bank, perdeu 50% de sua receita e foi morar numa quitinete de estudante em Washington. Sua mulher ficou em Nova York e equilibrou as contas alugando um quarto de seu apartamento.

No Brasil foram muitos os milionários que passaram por governos. Nenhum soltou a bolsa da Viúva. Em muitos casos as fortunas foram acumuladas por inexplicáveis multiplicações ocorridas durante o exercício dos cargos. Exemplo como o de Bloomberg, nem pensar.

CASA CIVIL

Está dura a competição dentro do comissariado pela substituição de Gleisi Hoffmann na chefia da Casa Civil.

A doutora Dilma tem dois nomes sobre a mesa: Carlos Gabas, ministro interino da Previdência Social, e Aloizio Mercadante, titular da Educação.

Um ascendeu dentro da máquina do serviço público para a qual entrou em 1985, por concurso. O outro emergiu do aparelho partidário, tendo sido fundador do PT, elegendo-se deputado e senador.

Se um dos dois for escolhido, a decisão terá dado o tom de um eventual segundo mandato da doutora Dilma.

O PENTE DE RENAN

O senador Renan Calheiros pagou R$ 27,4 mil à FAB pelo uso indevido do jatinho que o levou de Brasília ao Recife para um implante de 10.118 fios de cabelo. Isso dá R$ 2,70 por fio, deixando-se de lado os serviços médicos do procedimento.

Toda vez que o doutor ajeitar a cabeleira, deverá contar os tufos que saírem no pente. A cada 268 fios que caírem, terá perdido o equivalente a um salário mínimo.

INFRAERO INVICTA

A Infraero é invencível. Em dezembro de 2012, quando os aeroportos do Rio viraram umas saunas, ela dizia que o sistema de ar-refrigerado seria consertado no dia seguinte.

Agora que o Galeão passou pelo mesmo problema, ela informou que o ar-refrigerado funcionava normalmente, salvo nas áreas onde há obras, pois lá ele está desligado.

Tem solução. Basta desligar a refrigeração do presidente da Infraero quando há passageiros que pagam suas taxas no calor.

NO MURO

A entrada do PSDB no governo de Eduardo Campos é um fato maior do que parece. O tucanato pernambucano é liderado por Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, e há algum desconforto no PSDB nordestino com a disposição mostrada por Aécio Neves em relação à sua candidatura.

TARSO XIAOPING

O comissário Tarso Genro produziu um interessante artigo intitulado "Uma Perspectiva de Esquerda para o Quinto Lugar". É uma reflexão em torno da sua visão para o futuro do Brasil, com ambiciosas referências ao modelo político e econômico da China. Espremendo, resulta no seguinte: "O 'levantar âncoras' poderá ser uma nova Assembleia Nacional Constituinte, no bojo de um amplo movimento político -por dentro e por fora do Parlamento- inspirado pelas jornadas de junho: com partidos à frente sem aceitar a manipulação dos cronistas do neoliberalismo, abrigados na grande mídia".

O doutor diz que "se quiséssemos enquadrar nas categorias do marxismo tradicional o que ocorreu na China após os anos sessenta, poder-se-ia dizer que a Revolução Cultural como forma específica de revolução política 'permanente' foi sucedida por uma 'Nova Política Econômica' (a NEP leninista), de longo prazo, que tende a se tornar economia 'permanente'." Comparar a revolução do companheiro Deng Xiaoping com a NEP de Lênin é uma licença poética. Uma, houve. A outra, teria havido. Lênin lançou-a em 1921, sofreu o primeiro derrame em maio de 1922, saiu do ar sete meses depois e morreu em 1924. Em 1928 a NEP foi abandonada, e o Estado leninista marchou para a "revolução cultural" de Stálin.

MORENGUEIRA NO PLANALTO

Em ano de campanha acontecem coisas estranhas. No lusco-fusco das festas de fim de ano acontecem coisas ainda mais estranhas. O repórter André Borges revelou que o Ministério dos Transportes alterou o edital do leilão de 2.100 linhas de ônibus interestaduais. Na sua versão inicial, cada consórcio deveria ser liderado por empresas experimentadas no setor, podendo agregar fundos de investimento ou mesmo empresas estrangeiros. A mudança, permitida pelo Planalto, mudou a canção. Nela entrou "Piston de Gafieira", imortalizada pelo velho Moreira da Silva:

"Quem está fora não entra

Quem está dentro não sai"

Engessaram o leilão, cristalizando o oligopólio do sistema de transportes interestaduais. Bloquearam a entrada de estrangeiros e impediram que o setor seja oxigenado por capitalizações do mercado financeiro (com suas auditorias). Os transportecas justificam a mudança dizendo que ela privilegia as empresas com experiência. Nada mais verdadeiro. Em matéria de experiência, a crônica desse setor confunde-se com as trevas das concessões de serviços públicos. Em 1994, o deputado Camilo Cola, dono da Itapemirim, tinha patrimônio de US$ 154 milhões e declarava R$ 10 mil de renda mensal.

Desde 1993 o governo promete leiloar as concessões de linhas de transportes interestaduais. Passaram-se 21 anos e nada. As empresas, felizes, rodam com autorizações especiais do governo. Vale lembrar que os concessionários de transportes públicos lidam com grandes pacotes de dinheiro vivo.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Sensação da passagem do tempo é determinada também pela idade

Estamos na primeira semana de janeiro de 2014, mas até parece que o tempo está passando mais rápido. Segundo os físicos, isso é só aparência mesmo. Tudo ficou muito rápido, em pouco tempo.
Na Guerra do Vietnã, nos anos 70, as imagens iam de avião para serem exibidas no dia seguinte. As cartas demoravam para chegar. Para telefonar era preciso estar em casa ou no trabalho. As notícias, os filmes de Hollywood, tudo demorava a nos alcançar.
Hoje a vida é transmitida ao vivo, temos acesso às informações no exato momento em que elas acontecem. Tanta rapidez e ainda assim nos falta tempo. Ou será que estamos muito acelerados?
A idade é um dos fatores que determinam a sensação da passagem do tempo. Um ano na vida de uma criança de 10 anos significa 10% da sua vida. Para quem tem 40 anos, representa apenas 2,5%. Por isso um ano para um adulto é pouco tempo, comparado com um ano para uma criança.
Além da idade, o físico da USP Claudio Furukawa diz que outras questões aceleram nossa percepção do tempo. “A quantidade de informações que a gente tem é internet, é celular, é televisão, é rádio e são muitas informações ao mesmo tempo e muitas atividades ao mesmo tempo, então muitas vezes não dá conta de fazer todas as atividades que você queria fazer durante o dia, então pra você falta tempo. Então a questão de faltar tempo é como se o tempo ficasse mais curto”, explica.
Passar um tempo num parque, contemplando a natureza é como voltar para casa, é pulsar no ritmo natural do ciclo da vida. Passar o mesmo tempo dentro de um carro, conversando com 2 ou 3 amigos pela rede social, ouvindo música e prestando atenção no trânsito para não bater o carro são experiências de tempo completamente diferentes. No parque, o tempo passa mais devagar, quem faz várias coisas todas juntas, sente que o tempo voa.
“O homem é capaz de modificar sua relação com o tempo, ele é capaz de encompridar ou diminuir sua sensação de tempo, se você for pro meio da mata sem celular, o tempo vai mudar, você começa a viver o tempo da natureza, um dia será um dia diferentemente do dia numa cidade como São Paulo", comenta Ari Rehfeld, psicólogo.
Apesar de toda rapidez do mundo moderno as sementes ainda caem no chão, brotam, crescem, dão frutos, geram novas sementes e cada etapa precisa de um tempo certo para que o ciclo da vida continue.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Construção do aeroporto Catarina, em São Roque, começa em fevereiro, diz JHSF 3 de janeiro de 2014 | 21h26


Marina Gazzoni

A JHSF começará a construir em fevereiro o Aeroporto Executivo Catarina, em São Roque (SP), no km 60 da rodovia Castello Branco. A empresa informou ontem que recebeu a licença de instalação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a última que faltava para iniciar as obras.
O aeroporto foi projetado para receber apenas voos de aviação executiva e permitirá que empresários de São Paulo cheguem ao local em 12 minutos de helicóptero.
Catarina será um aeroporto exclusivo para aviação executiva; na foto, um jato Phenom 300, da Embraer
A previsão da JHSF é inaugurar a primeira fase do aeroporto no segundo semestre de 2015. O empreendimento abrirá com uma pista de 1.940 metros, cerca de 50 mil m² de hangares e 50 mil m² de pátios para aeronaves. “A expansão será feita conforme a demanda”, disse o diretor de incorporações da JHSF, Rogério Lacerda.
A estimativa da empresa é de que o aeroporto Catarina receba 80 mil pousos e decolagens no primeiro ano de operação.
Na fase final, o aeroporto Catarina terá uma segunda pista e poderá receber cerca de 200 mil pousos ou decolagens por ano. O investimento no aeroporto deve somar R$ 500 milhões apenas na primeira fase e chegar R$ 1,2 bilhão na fase final, segundo estimativas de mercado.
O aval da Cetesb ao aeroporto da JHSF fez as ações da empresa dispararem na BM&FBovespa. Os papéis da companhia fecharam com alta de 13,47% no pregão de ontem, quando o Ibovespa subiu 1,27%.
Mini cidade.
Ele faz parte do maior projeto imobiliário em desenvolvimento pela JHSF, que inclui outlet, hotel, torres comerciais e residenciais, centro de convenções e hospitalar. “É uma mini cidade. Esse projeto avança no conceito de complexos multiuso e traz como inovação o aeroporto executivo conectado aos demais empreendimentos”, diz Lacerda. Segundo ele, todos os projetos são autossuficientes, mas ganham atratividade por estarem conectados.
Projeto do complexo Catarina prevê aeroporto, hotel, outlet e torres residenciais e comerciais
A JHSF pretende inaugurar o outlet Catarina no primeiro semestre deste ano. O shopping terá 120 lojas e uma área bruta locável (ABL) de 25 mil m². Ao todo, o complexo Catarina deve receber cerca de R$ 6 bilhões de investimentos da empresa e de parceiros.
Outros projetos. A Secretaria de Aviação Civil (SAC) publicou um decreto no fim de 2012 que permitiu a construção de aeroportos privados para aviação executiva. Além da JHSF, outras empresas têm planos para criar novos aeroportos no Estado de São Paulo.
A Harpia Logística, dos empresários André Skaf e Fernando Augusto Botelho, recebeu a autorização da SAC para construir um aeroporto em Parelheiros, na zona sul da capital paulista. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, no entanto, negou o pedido da Harpia de certidão de uso do solo para a construção de um aeroporto no local. O projeto está em análise na Cetesb.
As construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa também estudam a construção de um novo aeroporto no Estado, no município de Caieiras.