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Conjunto de tubulações transporta água para uma das mais antigas hidrelétricas do Brasil, a Henry Borden
17 JUL 2017 Por Daniela Origuela 10h:30
O conjunto de oito tubulações pode ser visto de algumas cidades da Baixada Santista; há várias histórias que circulam sobre o que realmente passa por dentro deles / marcio galdino/divulgação/emae
Eles cruzam a serra do mar de cima abaixo e chamam atenção dos moradores de algumas cidades da Baixada Santista, principalmente em dias límpidos. Os oito longos tubos fincados no meio da mata atlântica mexem com o imaginário de muita gente. Há quem acredite que por eles desce petróleo, mas a verdade é que o conjunto de tubulações, que parece ter início em uma espécie de ‘catedral’ no alto da montanha, transporta água para uma das mais antigas usinas hidrelétricas do país, a Henry Borden, em Cubatão.
“Um acordo de concessão por 100 anos trouxe para o Brasil a Light que ficou responsável pelo transporte público elétrico e a iluminação pública, principalmente da região da Avenida Paulista onde estavam os barões do café. Mas numa velocidade muito alta percebem que a eletricidade é mais do que luxo e começam a ver vantagem na substituição de uma indústria de insipientes que havia tocada a vapor por eletricidade”, disse o tecnólogo Marcio Galdino, funcionário da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), um dos mais antigos em atividade na Usina Henry Borden.
É Galdino que conduz a Reportagem a uma visita pelas instalações da usina, que fica no sopé da Serra do Mar. Inaugurada em 1926, ainda com o nome de Usina de Cubatão, na época a hidrelétrica foi considerada uma das mais modernas obras de engenharia. “A Light começa uma corrida de produção de energia. Com a demanda sempre muito maior que a oferta, nos principio do século XX, se tem a ideia de construir uma grande usina aproveitando a queda da Serra do Mar. Havia um curso de água natural, o Rio das Pedras. Ele foi represado. Construiu-se duas máquinas. Nasce ali a maior usina do hemisfério sul, que até então era a usina de Cubatão. O nome Henry Borden vem um pouco depois”, explicou o tecnólogo.
As máquinas que o tecnólogo se refere são os dois primeiros tubos de água que descem serra abaixo. O início da obra da usina contou com mão de obra externa. “Os materiais para a construção vieram de fora do Brasil. Era uma mão de obra muito especializada. Era uma região totalmente despovoada. Teve problema de malária e uma série de questões que influenciaram na construção”, explicou Galdino.
A ideia da tubulação foi para conseguir uma queda vertiginosa, utilizada por usinas de grande porte. No Brasil só existem duas que usam turbinas de alta queda, a de Henry Borden e a Parigot de Souza, no Paraná. “A tubulação foi construída para fazer com que a água do reservatório Rio das Pedras chegasse até a usina. A represa não está no limiar da serra. Está um pouco afastada. Há um túnel adutor que pega a água da represa. Ele tem aproximadamente 500 metros de extensão por cinco metros de diâmetro”, destacou o tecnólogo. O reservatório fica em São Bernardo do Campo e pode ser visto por quem passa pela Rodovia Anchieta. “Todo mundo acha que está vendo a Billings, mas ali é o Rio das Pedras. Na Imigrantes (rodovia) é a Billings”.
Ampliação
Com a demanda crescente por energia elétrica, a usina precisou ser ampliada. Vieram os outros tubos do conjunto em uma grandiosa obra de engenharia que incluiu a mudança de curso de um rio e formação da represa Billings, que aumentou a produção da Henry Borden.
“A ideia liderada por um engenheiro americano foi de conseguir águas para alimentar Henry Borden através do bombeamento de água do Rio Tietê. Existia uma afluente natural que era o Rio Pinheiros. Eles modificaram o curso desse rio e o tornou um canal. Ele passou a bombear e extrair água desse rio através de duas estações de bombeamento que há na cidade de São Paulo. Somando as duas estações de bombeamento formou-se o reservatório Billings. Então ela passa por essas duas primeiras máquinas para as atuais 14 e mantém o título de maior usina da América Latina até a construção da Usina de Furnas”, destacou Galdino.
Caverna
A ampliação da Henry Borden se deu até 1950. Quem vê os oito tubos na serra, não imagina que por dentro da montanha existam outras seis tubulações que transportam água para a hidrelétrica. O conjunto termina no interior de uma caverna onde os geradores estão instalados. O Diário do Litoral conheceu as instalações. Há o mito de que o equipamento subterrâneo foi construído para proteger a usina, que foi atingida por bombas na Revolução de 1932.
“A opção pela construção no modo subterrâneo foi para evitar a colocação de mais tubos ao longo da encosta. Ancorar essa tubulação toda de forma segura na encosta foi muito complexo e caro. Nos anos 50, já havia uma tecnologia que tornava mais barata a construção, que era a perfuração de um túnel ao longo do interior da montanha. Foi feito um túnel adutor de três metros de diâmetro e 1.500 metros de extensão dentro da Serra do Mar para buscar água no reservatório rio das pedras e construir a usina subterrânea”, ressaltou Galdino.
Atual
A Henry Borden ainda gera energia em tempo real e integra o sistema interligado sul-sudeste do Brasil, que distribui eletricidade de forma compartilhada. Se atuasse de forma isolada, a usina teria capacidade de atender uma área com dois milhões de habitantes. A água dos tubos além de gerar energia, também auxilia no abastecimento da Estação de Tratamento da Sabesp em Cubatão.
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