Ricardo Noblat
A menos de uma semana da eleição de 463.374 vereadores e dos prefeitos de 5.568 municípios, o PT parece destinado a ter que recomeçar.
Fundado em 1980, cinco anos depois ele elegeu em Fortaleza seu primeiro prefeito de capital.
Nas eleições de 1988, emplacou os prefeitos de três capitais – São Paulo, Porto Alegre e Vitória.
Este ano, só elegerá no primeiro turno o prefeito de Rio Branco, no Acre.
Aquele que em dezembro de 2009 era o partido preferido por 25% dos brasileiros, em 2015 só contava com a preferência de 9% a 12% deles.
Foi atingido em cheio pelos resultados desastrosos de pouco mais de cinco anos de governo Dilma, pela pior recessão econômica desde os anos 30 do século passado, e pelo maior e mais barulhento escândalo de corrupção política da história do país.
O fundador do PT, presidente da República por oito anos, e uma vez apontado como “o cara” por Barack Obama, é réu em dois processos da Lava Jato e poderá ser condenado, tornando-se assim inelegível.
A mulher que ele elegeu e reelegeu para sucedê-lo foi impedida pelo Congresso de continuar no cargo. O partido corre o risco de perder o seu registro na Justiça.
Tão ou mais grave do que isso será para o PT continuar perdendo apoio popular. E a julgar pelo que indicam até aqui as pesquisas de intenção de voto em 24 capitais, é o que deverá acontecer tão logo se abram as urnas de domingo.
Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad, candidato à reeleição, não acredita mais em vitória. Ali, o segundo turno será disputado por João Dória (PSDB) e mais um.
No Rio, o segundo turno reunirá Marcelo Crivella (PRB) e mais um. O PT sequer lançou candidato próprio.
Ficará também de fora do segundo turno da eleição em Belo Horizonte onde seu candidato amarga 4% das intenções de voto. Fernando Pimentel (PT) governa Minas Gerais. E responde a processo por ter se beneficiado de dinheiro sujo para se eleger. Parte do dinheiro ajudou Dilma a reeleger-se.
O candidato do PT a prefeito de Porto Alegre liderou as pesquisas até há pouco. Foi ultrapassado pelo candidato do PMDB.
Nem candidato a prefeito tem o PT em Salvador. A Bahia é governada pelo PT. É também o Estado que conferiu a Dilma em 2014 uma expressiva vitória.
O candidato do PT a prefeito do Recife irá para o segundo turno contra o atual prefeito do PSB. Os demais se juntarão para derrotá-lo.
Foi para o Nordeste que o PT migrou quando seus votos começaram a escassear no resto do país. Pois bem: por lá, o PT só tem chances de eleger o prefeito de Teresina. O Piauí é governado pelo PT.
Em Fortaleza, a candidata do PT está em terceiro lugar. O PT não lançou candidatos a prefeito em Aracaju e São Luís. Seu candidato em Natal não passou ainda da marca dos 5% dos votos. Nem dos 2% em Maceió e em João Pessoa.
Até a semana passada, o PT imaginava eleger o prefeito de Porto Velho. Agora, não mais.
O Norte e o Centro-Oeste são gigantescas manchas sem um único ponto vermelho à exceção de Rio Branco, reduto dos irmãos Vianna, governador do Acre e senador.
Fora das capitais, o PT perde a eleição em Garanhuns, onde Lula nasceu, e em São Bernardo Campo, onde ele mora. Nos dois lugares, Lula não apareceu para pedir votos.
O maior partido de massas que a esquerda já construiu na América Latina está em liquidação.
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