sábado, 24 de setembro de 2016

Para matar saudade do cenário do Arena Livre

Pesquisa com células-tronco traz Mayana Zatz ao Arena Livre


Deputado Bruno Covas no cenário do Programa Arena Livre
As pesquisas com células-tronco embrionárias têm mobilizado a comunidade científica em torno de um debate que chegou também à Assembléia Legislativa de São Paulo. A Casa recebeu, nesta quarta, 26, a bióloga e pesquisadora Mayana Zatz no Programa Arena Livre, gravado nos estúdios da TV Alesp. Para fazer perguntas à cientista, o apresentador Jorge Machado recebeu os deputados estaduais Bruno Covas (PSDB), Valdomiro Lopes (PSB) e Simão Pedro (PT).
Pró-reitora de pesquisa e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, Mayana Zatz tem colocado sua voz para defender as pesquisas com células-tronco embrionárias, em compasso de espera no Brasil.
Isso porque em 2005, quando o Congresso aprovou a Lei de Biossegurança, a Procuradoria Geral da República entrou com ação de inconstitucionalidade contra lei. A expectativa, recentemente, voltou-se para o Supremo Tribunal Federal, que por sua vez adiou o julgamento por tempo indeterminado, quando o ministro Carlos Alberto Menezes Direito pediu vista do processo.
Zatz explicou que existe uma grande confusão em torno do assunto, "porque os que defendem a proibição das pesquisas entendem que a vida começa na fecundação e que nós, cientistas, estaríamos ferindo a dignidade humana. Só que os embriões em questão, congelados há mais de três anos, nunca estiveram no útero e nunca estarão".
Falta informação, diz a cientista
A questão do aborto, que tem sido levantada por algumas correntes, foi apresentada pelo deputado Bruno Covas, tema que ampliou o debate e suscitou perguntas também dos deputados Simão Pedro e Valdomiro Lopes. A cientista deixou bem claro que é "pela defesa da vida", e que não se pode confundir a pesquisa com aborto. "O que existe, na verdade, é muita desinformação e confusão, que só interessa a quem é contra as pesquisas".
A convidada ressaltou que o atraso na continuidade das pesquisas a angustia muito. "Trabalho com distrofia muscular e me angustia ver os jovens que estão em cadeiras de rodas, morrendo e esperando que a comunidade científica lhes dê esperanças". Mayana Zatz ainda esclareceu que "da pesquisa ao tratamento há um longo caminho, mas trabalhamos sempre com uma perspectiva".
Bruno Covas quis saber que ganhos a população terá, no sentido da cura de doenças, com o avanço das pesquisas. Mayana garantiu que haverá uma revolução nas técnicas de transplante e nos tratamentos de inúmeras doenças, como diabetes, Parkinson, todos os tipos de degeneração muscular. "Ainda que, reafirmo, esses resultados demorem muito", adiantou.
O Arena Livre será levado ao ar na próxima segunda-feira, 31, às 21 horas. O debate ainda focaliza os custos da pesquisa no Brasil e a fuga dos cientistas para outros países; os transgênicos e a desinformação em torno do assunto; o projeto Genoma Humano, que Mayana conduz.
Em um momento de boas lembranças, a cientista falou do ex-governador Mario Covas e disse ao neto, o deputado Bruno Covas, o quanto foi emocionante a festa com que ele saudou a conquista brasileira dos pesquisadores do Genoma Humano.

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