Benedito Braga assumirá secretaria estadual a partir de janeiro. Em entrevistas a ÉPOCA neste ano, Braga defendeu multa para quem gasta muita água, mas descartou racionamento ou rodízio
BRUNO CALIXTO
11/12/2014 16h39 - Atualizado em 11/12/2014 16h43
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,trocará o secretário de Recursos Hídricos, responsável pelo abastecimento na cidade e por enfrentar a pior crise de falta d'água da história de São Paulo. O atual, Mauro Arce, será substituído por Benedito Braga, professor da USP e presidente do Conselho Mundial da Água. O novo secretário assumirá o cargo em janeiro.
ÉPOCA conversou com o novo secretário duas vezes. Em maio, em uma entrevista, Braga defendeu as obras para usar o volume morto do Sistema Cantareira, que na época ainda não estavam concluídas. Ele também descartou qualquer tipo de racionamento ou rodízio de água. "O rodízio não é um bom procedimento. Você corre o risco de contaminar o conduto. Isso não é apropriado do ponto de vista técnico e da saúde pública", disse, na ocasião.
Para enfrentar a crise, Braga defende principalmente o uso de instrumentos econômicos. A multa para famílias que gastam mais água do que a média, por exemplo, é uma delas. "As pessoas só vão entender que a água é preciosa quando ela custar caro. Eu faria uma multa até mais pesada do que a que o governo está planejando (à época da entrevista, o governo de São Paulo cogitou multar o consumo excessivo, mas a medida acabou descartada) – dobrar ou até triplicar a tarifa de quem desperdiça água, para mostrar que a situação é grave", disse.
No final de novembro, ÉPOCA voltou a conversar com Braga. Ele reafirmou a necessidade de usar instrumentos econômicos para conservar a água, e sugeriu uma tarifa progressiva. Nessa proposta, cada família teria um limite de consumo, definido de acordo com o consumo médio da casa. "Se a família ultrapassar o limite, a tarifa passa a ser três vezes mais cara. Se gastar ainda mais, seis vezes mais cara. E assim por diante", disse Braga. Segundo ele, a vantagem do método é que ele não precisa ser aprovado no legislativo, bastando uma autorização da agência reguladora para ser colocada em prática.
O governador Geraldo Alckmin e o futuro secretário Benedito Braga ainda não falaram sobre as políticas que serão adotadas a partir de janeiro de 2015. No entanto, a nomeação de um especialista que por diversas vezes defendeu o uso de instrumentos econômicos para enfrentar o desperdício pode indicar uma inclinação do governo em tentar enfrentar a crise tornando a água mais cara para os consumidores.
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