O ESTADÃO - 16/01
Comportamento do emprego e ritmo de crescimento do PIB têm relação entre si, mas são movimentos que podem divergir; Agora, por exemplo, o Brasil vive situação de quase pleno-emprego, num quadro de lamentável crescimento econômico.
O crescimento econômico (avanço do PIB) é uma obsessão recente dos responsáveis pela política econômica em todo o mundo. Desde David Ricardo (início do século 19), a Economia Política tratava preponderantemente das condições do fator Trabalho e não do avanço da renda nacional (avanço do PIB). Era preciso dar o que fazer para a população que abandonava a atividade rural e migrava para as cidades.
Até o mais celebrado economista do século 20, John Maynard Keynes, mesmo na maior depressão conhecida (a dos anos 30), não olhava especialmente para o crescimento econômico. Olhava para o emprego. Sua grande obra intitula-se Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), criado em 1913, está obrigado por lei a regular o volume de moeda na economia tendo em vista não só o controle da inflação, mas, também, o nível adequado do emprego – e não propriamente o da atividade econômica.
Comportamento do emprego e ritmo de crescimento do PIB têm relação entre si, mas são movimentos que podem divergir. Agora, por exemplo, o Brasil vive situação de quase pleno-emprego (desocupação de apenas 4,8% em novembro), num quadro de lamentável crescimento econômico. Em 2014, o avanço do PIB deverá ficar em torno de zero e, em 2015, dificilmente chegará a 1%.
Nesta quinta-feira, o Banco Central divulgou seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), um medidor mais ágil do ritmo do PIB, uma vez que o IBGE só o divulga de quatro em quatro meses e, ainda assim, 100 dias depois de fechado o trimestre. O que se viu pelo IBC-Br foi um crescimento em novembro de 0,04% em relação ao mês anterior (veja o gráfico). Foi algo mais do que o esperado, mas, ainda assim, de longe insuficiente para garantir um nível sustentável de recuperação.
Apesar da melhora dos índices de confiança na política econômica do governo, as perspectivas de avanço do PIB brasileiro são irrisórias. A média dos prognósticos mais recentes de cerca de 100 instituições aferidas semanalmente pela Pesquisa Focus, do Banco Central, aponta um avanço do PIB de apenas 0,4% para 2015.
Atividade fraca não equivale a emprego fraco, como ficou dito. É verdade que a indústria está dispensando mão de obra. Em 2014, a indústria paulista demitiu 128,5 mil empregados, o equivalente a 4,9% de sua mão de obra. É o pior desempenho desde 2006. (Veja o Confira.) Como os atuais tempos de ajuste no Brasil não oferecem boas perspectivas para o avanço da atividade econômica, é provável que as demissões da indústria continuem.
Mas não dá para extrapolar esse movimento da indústria para o resto da economia porque o setor que mais emprega (o de serviços) não mostra encolhimento parecido. O comportamento do mercado varejista, embora em desaceleração, continua bem mais forte do que o da indústria e isso é indicação de que a atividade econômica ainda está fortemente influenciada pelas transferências de renda do governo.
CONFIRA:
Aí está a variação do emprego industrial no Estado de São Paulo.
Bomba cambial
Nesta quinta, o Banco Nacional da Suíça (BNS, banco central) suspendeu a intervenção no câmbio, movimento inesperado que provocou a valorização do franco suíço em nada menos que 18% em relação ao euro num único dia. A decisão mostra que o BNS não conseguiu evitar a grande procura por francos e deixou que o mercado a regulasse. A principal consequência é a forte perda de competitividade da indústria (e do turismo) em relação ao resto da Europa e dos Estados Unidos.
Comportamento do emprego e ritmo de crescimento do PIB têm relação entre si, mas são movimentos que podem divergir; Agora, por exemplo, o Brasil vive situação de quase pleno-emprego, num quadro de lamentável crescimento econômico.
O crescimento econômico (avanço do PIB) é uma obsessão recente dos responsáveis pela política econômica em todo o mundo. Desde David Ricardo (início do século 19), a Economia Política tratava preponderantemente das condições do fator Trabalho e não do avanço da renda nacional (avanço do PIB). Era preciso dar o que fazer para a população que abandonava a atividade rural e migrava para as cidades.
Até o mais celebrado economista do século 20, John Maynard Keynes, mesmo na maior depressão conhecida (a dos anos 30), não olhava especialmente para o crescimento econômico. Olhava para o emprego. Sua grande obra intitula-se Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), criado em 1913, está obrigado por lei a regular o volume de moeda na economia tendo em vista não só o controle da inflação, mas, também, o nível adequado do emprego – e não propriamente o da atividade econômica.
Comportamento do emprego e ritmo de crescimento do PIB têm relação entre si, mas são movimentos que podem divergir. Agora, por exemplo, o Brasil vive situação de quase pleno-emprego (desocupação de apenas 4,8% em novembro), num quadro de lamentável crescimento econômico. Em 2014, o avanço do PIB deverá ficar em torno de zero e, em 2015, dificilmente chegará a 1%.
Nesta quinta-feira, o Banco Central divulgou seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), um medidor mais ágil do ritmo do PIB, uma vez que o IBGE só o divulga de quatro em quatro meses e, ainda assim, 100 dias depois de fechado o trimestre. O que se viu pelo IBC-Br foi um crescimento em novembro de 0,04% em relação ao mês anterior (veja o gráfico). Foi algo mais do que o esperado, mas, ainda assim, de longe insuficiente para garantir um nível sustentável de recuperação.
Apesar da melhora dos índices de confiança na política econômica do governo, as perspectivas de avanço do PIB brasileiro são irrisórias. A média dos prognósticos mais recentes de cerca de 100 instituições aferidas semanalmente pela Pesquisa Focus, do Banco Central, aponta um avanço do PIB de apenas 0,4% para 2015.
Atividade fraca não equivale a emprego fraco, como ficou dito. É verdade que a indústria está dispensando mão de obra. Em 2014, a indústria paulista demitiu 128,5 mil empregados, o equivalente a 4,9% de sua mão de obra. É o pior desempenho desde 2006. (Veja o Confira.) Como os atuais tempos de ajuste no Brasil não oferecem boas perspectivas para o avanço da atividade econômica, é provável que as demissões da indústria continuem.
Mas não dá para extrapolar esse movimento da indústria para o resto da economia porque o setor que mais emprega (o de serviços) não mostra encolhimento parecido. O comportamento do mercado varejista, embora em desaceleração, continua bem mais forte do que o da indústria e isso é indicação de que a atividade econômica ainda está fortemente influenciada pelas transferências de renda do governo.
CONFIRA:
Aí está a variação do emprego industrial no Estado de São Paulo.
Bomba cambial
Nesta quinta, o Banco Nacional da Suíça (BNS, banco central) suspendeu a intervenção no câmbio, movimento inesperado que provocou a valorização do franco suíço em nada menos que 18% em relação ao euro num único dia. A decisão mostra que o BNS não conseguiu evitar a grande procura por francos e deixou que o mercado a regulasse. A principal consequência é a forte perda de competitividade da indústria (e do turismo) em relação ao resto da Europa e dos Estados Unidos.
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