quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Equinor e Porto do Açu assinam acordo para avaliar desenvolvimento de usina solar, FSP

 


SÃO PAULO | REUTERS

Porto do Açu, do grupo Prumo, chegou a acordo preliminar com a petroleira Equinor visando possíveis investimentos em energia solar em suas instalações, no Estado do Rio de Janeiro.

Um memorando de entendimento assinado entre a Porto do Açu Operações e a empresa de óleo e gás norueguesa prevê a avaliação em conjunto sobre o desenvolvimento de uma planta solar na retroárea do porto nos próximos 12 meses.

A empresa responsável por Açu é uma das subsidiárias da Prumo, controlada pela norte-americana EIG Global Energy Partners e pelo grupo de investimentos Mubadala Investment Company, dos Emirados Árabes Unidos.

Plataforma de petróleo operada pela Equinor no Rio de Janeiro - Ricardo Borges - 22.out.2019/Folhapress

"Estamos otimistas com a possibilidade de implantação de um projeto de energia renovável no Açu, iniciativa que está em linha com a nossa estratégia de sustentabilidade, que inclui desenvolver parcerias e novos negócios a partir da transição para uma economia de baixo carbono", disse em nota o CEO da Porto do Açu, José Firmo.

A operadora do porto não informou a capacidade prevista para o projeto solar e nem valores estimados de investimentos.

A parceria com a Equinor vem em momento em que a petroleira e outros grupos de óleo e gás buscam oportunidades em renováveis pelo mundo e no Brasil, de olho na esperada transição global para uma economia de baixo carbono.

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A Equinor já possui um parque solar no Brasil, a usina de Apodi, que está em operação desde 2018 e foi o primeiro ativo solar do portfólio global da companhia.

Ruy Castro Receita de Bolsonaro: sonegar, FSP

 

Em 1999, quando era pago pelos cofres públicos para se fazer passar por deputado, Jair Bolsonaro disse que "sonegava tudo o que era possível". Referia-se aos impostos que, apesar de todas as benesses, tinha de pagar e que, segundo ele, o governo mandava "para o ralo ou para a sacanagem". Ao admitir que sonegava, Bolsonaro estava incitando à desobediência civil.

Hoje, em que ele é pago pelos cofres públicos para se fazer passar por presidente, será interessante observar sua reação se uma pessoa com qualquer tribuna recomendar ao povo que deixe de lhe pagar impostos. Motivos para sonegação não faltam. Se são os impostos que permitem ao Estado funcionar e justificam sua existência, onde está a aplicação deles em saúde, educação, economia, segurança, transportes, ambiente? O país está se desfazendo —a pandemia avança à toda, brasileiros morrem por falta de oxigênio, milhões de jovens não sabem qual será seu futuro escolar, os investimentos evaporam, a mata é arrasada e o mundo nos olha com escárnio e estupor. Antes fossem o ralo e a sacanagem. Com Bolsonaro, é a morte.

Como nunca geriu nem uma quitanda de açaí, ele não está nem aí para o Executivo, exceto o comando deste. E, quando se diz que é para ele que pagamos os impostos, é literal. Estamos pagando para que se reeleja.

São nossos impostos que bancam suas viagens de campanha pelo Nordeste, o suborno de prefeitos e ruralistas, os outdoors que cobrem as estradas do país com sua foto. É um palanque nacional. Mas nada supera a farsa desta segunda-feira: pagamos a Bolsonaro para ele comprar os políticos que irão protegê-lo do impeachment, aprovar suas pautas assassinas e garantir sua reeleição. E as emendas e verbas que lhes ficou devendo são apenas a entrada —as futuras prestações lhe custarão muito mais.

Não a ele. Custarão a nós —a não ser que sigamos o seu exemplo e passemos a sonegar.

Bolsonaro usa chapéu típico do Nordeste e monta um jegue - Yala Sena/Folhapress
Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.


Hélio Schwartsman O enigma manauara, FSP

 

As cenas de horror em Manaus camuflam um enigma que deveria preocupar a todos. A cidade já havia sido uma das mais atingidas na primeira onda. Um trabalho publicado na Science em dezembro estimara, a partir da prevalência de anticorpos entre doadores de sangue, que até outubro 76% da população local já haviam sido infectados pelo Sars-CoV-2, um limiar que, se não assegurava a tal da imunidade coletiva, estaria bem perto de fazê-lo.


Isso não impediu os manauaras de enfrentar uma segunda onda tão ou mais avassaladora do que a primeira. Surgem aqui várias hipóteses, nenhuma tranquilizadora.

Uma possibilidade é que infecções assintomáticas ou muito brandas não bastem para conferir imunidade ou, pelo menos, não uma imunidade muito duradoura. Isso quase certamente é parte da resposta. Seria interessante tentar descobrir, numa amostra populacional estratificada, quantos receberam um segundo diagnóstico de Covid-19.

Espera-se que as vacinas proporcionem uma imunidade mais longa do que a infecção natural, mas isso ainda está por ser provado em experimentos de mundo real.

A mais aterradora das hipóteses é a de que a principal explicação para a segunda onda esteja nas mutações que o vírus sofreu em Manaus e que o tornariam mais infeccioso. Mesmo que a variante não seja em si mais letal, mais doentes acorrendo a hospitais superlotados já significam mais mortes, e não só por Covid-19.

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Ainda mais inquietante, há indícios de que as vacinas, embora funcionem contra novas variantes do Sars-CoV-2 semelhantes à manauara, têm sua eficácia reduzida. A perspectiva aqui é a de que tenhamos de estar sempre produzindo novos imunizantes para acompanhar a evolução do vírus, mais ou menos como fazemos com a gripe.

E, para agravar um pouco mais as coisas, quanto mais tempo o mundo levar para reduzir a circulação do vírus, maiores são as chances de ele sofrer mutações. Darwin é implacável.

Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".