Oficializado candidato à Presidência da República pelo PSDB no último sábado (4), Geraldo Alckmin disse nesta segunda-feira (6) que não privatizará bancos públicos como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além da exploração de petróleo em águas profundas, feita pela Petrobras. Afirmou, no entanto, que pretende quebrar o monopólio do refino.
"Setor bancário e Petrobras, na prospecção de águas profundas, vamos manter estatal", disse Alckmin em evento promovido pela Coalizão pela Construção, coletivo de entidades que representam empresas do setor.
O tucano defendeu mais competitividade no setor bancário. "Tem que desregular e abrir, trazer mais bancos. Me perguntam se vai privatizar Caixa e Banco do Brasil. Não. Quero trazer mais bancos. Temos que estimular a disputa", afirmou.
O candidato ao Planalto defendeu privatizações, PPPs (parcerias público-privadas) e um fundo garantidor para atrair investimentos privados, mas não entrou em detalhes.
Ele afirmou também que estuda criar uma empresa para concluir obras paradas com participação da iniciativa privada.
Apesar de seu amplo arco de alianças, que inclui o centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD), além de PTB, PSD e PPS, disse que não haverá indicações políticas para as agências reguladoras.
"Agência reguladora não pode ter mistura partidária."
Do presidente da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), José Carlos Martins, Alckmin ouviu que poderia contar com o apoio do setor caso seja eleito, mas também foi cobrado por mais segurança jurídica e condições para investimento.
"Precisamos de tranquilidade para o investimento, não de dinheiro do governo. Conte conosco que tenho certeza absoluta que seu governo será um sucesso", disse o empresário.
Uma das promessas feitas pelo tucano foi garantir destinação exclusiva de recursos do FGTS para moradia, infraestrutura, saneamento e mobilidade. Atualmente, o FI-FGTS (Fundo de Investimentos do FGTS) investe recursos em empresas, o que Alckmin criticou.
"Um número significativo de desvios foi do FI-FGTS. O trabalhador, com o dinheirinho dele, comprando empresas superavaliadas. A gente deve rever o FI-FGTS. Não vejo razão para isso. Se não queremos que o governo seja controlador de empresa, ele deve privatizar, por que ele vai comprar para ser minoritário? Quero que todo dinheiro do FGTS vá para o seu fim primordial, que é moradia, infraestrutura, saneamento, mobilidade", disse o presidenciável, que foi aplaudido quatro vezes ao longo de seu discurso aos empresários.
Alckmin defendeu elevar a remuneração do fundo, podendo até "equalizar" o rendimento, caso seja necessário.
"Se nós precisarmos de juros abaixo da inflação, juro negativo, cabe ao governo equalizá-lo. Este é um setor que, se precisar, o governo equaliza", afirmou.
O ex-governador de São Paulo prometeu estímulo ao setor.
"Eu sei da preocupação de vocês. Esqueçam. Nós vamos estimular o setor. Vocês vão ter muito mais crédito. Um crédito compatível. Se precisar, o governo equaliza", afirmou.
O candidato disse também que, se eleito, o governo federal vai devolver para investimento em saneamento básico cerca de R$ 3 bilhões pagos por empresas desta área em Pasep e Cofins.
Num discurso palatável ao setor da construção, se disse contra a exigência de asfalto e saneamento para pequenos conjuntos habitacionais, com até 12 moradias. "Isso você faz para conjuntos maiores. Para conjuntos menores, não tem razão para exigir esses custos a mais."
A plateia de empresários gostou também da crítica que Alckmin fez ao grande número de sindicatos —17 mil, segundo o presidenciável— e quando o tucano defendeu contribuição voluntária para financiar as representações de categorias.
"A forma de financiamento os trabalhadores que devem decidir. O governo não deve se envolver nisso. Sou totalmente contra o imposto sindical e, com isso, vamos reduzir muito o número de sindicatos", disse Alckmin, num discurso que desagrada o Solidariedade, um dos partidos que apoia o candidato. A sigla é ligada à Força Sindical.