sexta-feira, 1 de abril de 2011

Maior parque eólico do Sudeste produz energia capaz de abastecer uma cidade de 80 mil habitantes


Parque Eólico de Gargaú, inaugurado em outubro, ocupa uma área de 500 hectares, o equivalente a 833 campos de futebol

Valmir Moratelli, de São Francisco de Itabapoana (RJ) | 01/04/2011 06:00
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Desde o final do ano passado, está diferente a paisagem da praia de Gargaú, no município de São Francisco de Itabapoana. A grande margem de praia, protegida pela Marinha, recebeu em um longo trecho, o primeiro parque eólico da região sudeste, o Parque Eólico de Gargaú, administrado pela empresa privada Gesa – Gargaú energética S/A.
A cerca de 350 quilômetros do Rio de Janeiro, a cidade no norte-fluminense de pouco mais de 42 mil habitantes, e com um território de 1254 quilômetros quadrados (o segundo maior município em extensão territorial do estado), começa a atrair um novo tipo de visitante. O Parque Eólico de Gargaú está atraindo turistas a fim de registrar as imensas torres de geração de energia que se destacam ao longe – o parque pode ser visto de São João da Barra, do outro lado do rio Paraíba do Sul, a quase 50 quilômetros de distância. A economia da cidade é basicamente focada na plantação de cana-de-açúcar, que se estende ao longo das margens da BR-101, que corta a cidade.
As torres dominam a paisagem do litoral da cidade de São Francisco de Itabapoana
Foto: Isabela Kassov
As torres dominam a paisagem do litoral da cidade de São Francisco de Itabapoana
Reportagem do iG teve autorização para entrar na área privada do parque e registrar os detalhes da produção de energia. O parque impressiona pelo tamanho. Cada uma das 17 torres tem 80 metros de comprimento, podendo alcançar 110 metros totais com uma das pás (ou hélices ou “blades”) na vertical. Cada pá tem 30 metros de extensão. São três pás para cada torre. Estima-se que a obra, avaliada inicialmente em R$ 140 milhões, tenha custado o dobro. Foram dois anos de obras, envolvendo 300 pessoas.
Segundo dados da GWEC, organização não governamental com sede em Bruxelas, na Bélgica, que trabalha pelo desenvolvimento do setor em todo o mundo, a capacidade instalada de energia eólica no Brasil era de 606 megawatts em 2009, antes portanto da construção do parque.
O parque gera 28 megawats por dia, o que daria para abastecer uma cidade com cerca de 80 mil habitantes. Como o sistema elétrico nacional reúne um conjunto de diferentes produções de energia para, só aí, distribui-la por todo o País, a produção do parque eólico de Gargaú segue a mesma concepção de distribuição. O que é produzido lá segue para uma central, para ser redistribuído nacionalmente.
Foto: Isabela Kassov
A capacidade instalada de energia eólica no Brasil tem aumentado nos últimos anos
Energia limpa
A rotação das abas é de 14 RPM, o que equivale a uma velocidade máxima de 160 km/h. As abas são construídas com fibras de vidro e carbono e chegaram na cidade em caminhões a partir do porto do Rio, vindas da Dinamarca em navios.
Apesar do parque ocupar uma área de 500 hectares, apenas 1,7 do total tem área construída. Só o eixo de giro das abas (chamado “vacele”, contendo um flash light de orientação para aviões) pesa 70 toneladas. As abas são montadas no chão e içadas por guindastes. Há uma subestação unitária para cada torre.
Chama a atenção o número de pessoas que trabalham diretamente no parque. Apenas oito. São técnicos de operação e engenheiros eletricistas. É feito um monitoramento com um computador 24 horas por dia, em turnos de oito horas para cada técnico, do funcionamento de cada poste, de dentro da pequena central de produção elétrica. “A perda de energia é mínima, apenas 3%. É uma energia totalmente limpa e não causa grandes impactos ambientais”, enumera Gilberto Braz de Lima, gerente do parque.
Monitoramento diário
Alex Sandro Colugnesi, analista de operações e de manutenção do parque, conta que o parque está situado em uma área de reflorestamento. “É preciso cuidado com animais peçonhentos, como aranhas viúvas-negras e cobras. Pássaros são as maiores vítimas das torres”, diz.
Antes da construção do parque, foi preciso uma análise técnica da região, com um estudo detalhado do vento ao longo de cinco anos. Segundo conta Marcelo Garcia, secretário de Planejamento do município, a praia de Gargaú competiu com Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Pesou a favor da cidade do norte-fluminense o fato de haver poucas construções nas redondezas, ser uma planície e a construção causar pequeno impacto ambiental. “Mas o mais importante é que a área tenha vento contínuo e na mesma intensidade”, explica o gerente do parque.
Já existe o projeto para um segundo parque eólico na região, bem maior, com 85 postes. “Não será no litoral, mas no alto dos morros do interior de São Francisco”, diz o secretário de Planejamento. Estuda-se apenas a viabilidade do local da obra, para que as licitações sejam abertas. A previsão é que isso ocorra até o final do ano.

De acordo com o secretário de Planejamento, a região tem o segundo maior potencial eólico do País, só perdendo para o Rio Grande do Norte. “Aqui temos um atrativo a mais, que é o fato de não termos especulação imobiliária. Ainda”, afirma Marcelo Garcia.

Foto: Isabela Kassov
Vantagens da produção: energia limpa e não causa grandes impactos ambientais

Reforma vai agrupar DPs do interior

Além de enxugar a estrutura física da Polícia Civil, meta é reduzir as carreiras de 14 para 7 e reformar mais de 100 delegacias paulistas

01 de abril de 2011 | 0h 00
Bruno Paes Manso - O Estado de S.Paulo
O projeto de reforma da Polícia Civil prevê o agrupamento de equipes de delegados, escrivães e investigadores de distritos e delegacias especializadas nas cidades com mais de um DP. A ação vai diminuir o total de prédios da Polícia Civil em funcionamento no interior. O objetivo também é melhorar a investigação e o atendimento ao público. As pequenas cidades, com apenas uma delegacia, vão permanecer com a mesma estrutura.
A mudança na gestão do trabalho em delegacias, que no governo é chamada de "reengenharia" e já está sendo aplicada em nove cidades do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 9 (Deinter 9), na região de Piracicaba, é o eixo principal da reforma na Polícia Civil proposta pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). "O objetivo é mudar a cultura atual de trabalho dos policiais civis, que hoje priorizam o registro de boletins de ocorrência e os procedimentos em cartório, restando pouco tempo para a investigação. A investigação deve ser o foco", explica o assessor especial da SSP, Valdir Assef.
Há ainda duas mudanças importantes no horizonte. A primeira é a reestruturação da carreira do policial civil, que passará de 14 para 7 cargos (delegado, investigador, escrivão, perito, médico legista, agente de polícia e agente de perícia). Também será estabelecido um teto para a permanência do delegado classe especial no cargo mais alto da corporação. O objetivo é acelerar a promoção dos delegados.
Finalmente, em uma terceira frente, a polícia vai investir na reforma dos prédios das delegacias. Para tanto, criou-se uma comissão para estudar os pedidos de reformas em distritos. A SSP já recebeu solicitações de 168 delegacias. Os casos serão estudados e novas demandas serão recebidas.
Agrupamento. Os casos de São João da Boa Vista, Pirassununga e Rio Claro, na região do Deinter 9, são considerados os mais adiantados na experiência feita pelo governo. São João da Boa Vista, com 85 mil habitantes, tinha três distritos policiais e três delegacias especializadas, locados em seis prédios diferentes. Cinco foram agrupados em um único endereço, com exceção da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), que continua a dividir espaço com a cadeia pública.
Apesar de reduzido o total de prédios, as equipes continuam do mesmo tamanho. Esse agrupamento de equipes de investigação, que passam a dividir informações entre si sobre a dinâmica criminal da cidade, na visão da SSP, ajuda a melhorar os resultados. O governo de São Paulo já determinou que outras cidades do interior façam estudos para iniciar as mudanças. Inicialmente, só os departamentos da capital e da Grande São Paulo não vão passar pelo processo. "Não se trata de fechamento de delegacias porque as equipes vão continuar do mesmo tamanho. E na Polícia Civil os resultados da investigação são mais importantes do que os prédios", afirma o delegado-geral, Marcos Carneiro.
Exemplo. Piracicaba tem 7 delegacias. Com população pouco menor, o bairro da Cidade Tiradentes, zona norte da capital, tem 1.