A partir de hoje, rede social terá acesso a telefones informados pelos usuários para sugerir amigos e personalizar anúncios; recurso pode ser desligado pelo usuário
25/08/2016 | 08h07
Por Claudia Tozetto - O Estado de S.Paulo
O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp anunciou nesta quinta-feira, 25, uma grande mudança em seus termos de serviço e em sua política de privacidade. O novo texto torna oficial o compartilhamento dos dados cadastrais dos usuários do serviço -- que incluem o número do celular, além do número de identificação, sistema operacional e resolução da tela do dispositivo utilizado para acessar o serviço -- com o Facebook. A rede social mais popular do mundo adquiriu o WhatsApp em fevereiro de 2014 por US$ 19 bilhões.
Leia mais
A colaboração entre os dois serviços vai permitir que, a partir de agora, o Facebook utilize o número de celular e o número de identificação do aparelho para conectar as contas dos usuários nos dois serviços. É possível desligar o compartilhamento, o que impede que as informações sejam usadas pela rede social. Na prática, a integração significa que, se o usuário não informou o número de seu celular no Facebook, a rede social será capaz de usar o número cadastrado no WhatsApp para localizar e sugerir pessoas que o usuário conheça.
Novo texto torna oficial o compartilhamento dos dados cadastrais dos usuários
Além disso, essas informações serão usadas pelo Facebook para melhorar a precisão de seus anúncios. Um comerciante que usa a rede social, por exemplo, poderá informar ao Facebook o número dos celulares de sua base de clientes e, então, a rede social poderá mostrar uma peça de publicidade especificamente para os usuários que cadastraram aqueles celulares em sua contas -- seja no Facebook ou no WhatsApp.
Segundo o diretor de comunicação global do WhatsApp, Matt Steinfield, o Facebook não terá acesso às mensagens, fotos e vídeos enviados e recebidos pelo usuário por meio do aplicativo de mensagens instantâneas. Essas informações sãocriptografadas de ponta a ponta pelo aplicativo -- o que significa que são codificadas antes de sair do dispositivo e só podem ser lidas pelo destinatário, impedindo que o próprio WhatsApp (ou o Facebook) leia as mensagens. Informações como a localização ou frequência de uso não são armazenadas pelo serviço e, por isso, não serão compartilhadas.
A integração das contas entre os dois serviços -- que continuam a operar de maneira independente -- também deve ajudar as empresas a combater aqueles que usam as plataformas para enviar mensagens indesejadas, o popular "spam". Caso o Facebook identifique que o usuário que cadastrou um determinado celular está usando a plataforma de forma indevida, isso permitirá localizar mais rapidamente se ele está fazendo o mesmo no WhatsApp.
É a primeira vez em quatro anos que o WhatsApp anuncia uma mudança em seus termos de uso e em sua política de privacidade. Embora o texto tenha ficado mais claro, ele também ficou mais longo, com quase 37% mais palavras que o anterior. A partir de hoje, os usuários verão um aviso sobre a mudança nos termos e é preciso ler e aceitar as novas condições para continuar a usar o serviço. Segundo o WhatsApp, os usuários terão 30 dias para decidir se aceitam as condições -- aqueles que não concordarem não poderão mais utilizar o serviço.
Próximo passo. Outro aspecto importante da mudança nos termos de uso do serviço se refere ao primeiro passo do WhatsApp para tornar o serviço rentável. Atualmente, o serviço não tem receita, uma vez que não cobra pelo acesso dos usuários, mas também não exibe publicidade de terceiros dentro do aplicativo. Segundo o WhatsApp, nos próximos meses, a empresa vai começar a testar novas ferramentas que serão oferecidas à empresas. O objetivo será intermediar a comunicação entre marcas e seus consumidores, algo que já acontece dentro do aplicativo de maneira informal.
Ainda não há uma data para o lançamento dos primeiros recursos para empresas. "Nós precisávamos alterar os termos de uso antes", disse Steinfield. "Porque até agora não permitíamos que as empresas usassem o serviço." A restrição tem levado a empresa a excluir do serviço diversos números de celulares usados por empresas para distribuir propagandas -- até mesmo veículos de comunicação que passaram a usar o serviço para distribuição de notícias têm sido bloqueados pela rede social.
Nos novos termos de uso, a empresa dá algumas dicas de como o WhatsApp para empresas vai funcionar e tudo indica que será de forma bastante parecida com o Facebook Messenger. A empresa afirma que "irá explorar novas maneiras para que as pessoas possam se comunicar com empresas no WhatsApp". Entre os exemplos citados, a companhia afirma que o usuário poderá receber alertas sobre entrega de pedidos, informações do status de voo ou um recibo de um produto que adquiriu.
Ao que parece, algumas dessas informações poderão ser enviadas não por pessoas, mas por robôs virtuais que vão se comunicar com os consumidores por meio dos aplicativos de mensagens. O movimento é óbvio uma vez que o Facebook já desenvolveu a tecnologia para seu mensageiro e diversas empresas -- que vão de operadoras de telecomunicações a companhias aéreas -- já desenvolveram robôs específicos para interagir com os clientes por meio da rede social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário