ESTADÃO - 19/08
A dias do impeachment definitivo de Dilma Rousseff e a dois anos da eleição de 2018, num cenário de enorme confusão partidária e muitas interrogações envolvendo políticos, o PMDB de Michel Temer joga ao vento um nome novinho em folha e fora do circuito político para a sucessão presidencial: o do empresário Josué Gomes da Silva.
O objetivo imediato é dissipar as nuvens cinzentas que pairam sobre o Planalto desde que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admitiu a candidatura de Temer em 2018. A turma do presidente fez fila para desmentir, mas aliados passaram a falar no ministro Henrique Meirelles como alternativa.
Diante desse “Temer ou Meirelles”, o PSDB, principal partido da base do governo, deu um pulo e engrossou a voz, pois o acerto com Temer foi feito em cima do compromisso de que ele não disputaria em 2018 e abriria espaço para um nome tucano. Daí por que o senador José Aníbal (PSDB-SP) desandou a criticar o Planalto e a área econômica (leia-se Temer e Meirelles) por afrouxarem as rédeas fiscais para favorecer uma categoria profissional daqui, governos estaduais dali. Aníbal não falava sozinho.
Como tudo neste governo, o imbróglio foi parar na mesa do Palácio do Jaburu. Na quarta-feira, Temer jantou com os senadores tucanos e levou Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Moreira Franco. Atenção, o jantar foi para “senadores tucanos”. Significa que foi para Aécio Neves, o mais reticente do trio-mor do PSDB a aderir à transição com Temer. José Serra e Geraldo Alckmin não foram convidados, “senão, seria preciso convidar outros ministros e governadores”. E os deputados tiveram de se contentar com uma única presença, e de última hora.
Entre uma garfada e outra, os tucanos repetiram que o ajuste fiscal é ponto zero da recuperação econômica, mas o governo vem cedendo muito, privilegiando seus interesses políticos em detrimento das urgências econômicas. Paciente, Temer discorreu sobre pressões, ônus e bônus e equilíbrio entre política e economia. Sem força política e base sólida, alegou, terá dificuldades para aprovar alguma coisa no Congresso. E, batendo de frente com o Judiciário, com o funcionalismo e com os estados, aí é que não aprova nada mesmo.
O presidente interino reforçou seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas e anunciou que fará um pronunciamento à Nação no dia 7 de Setembro sobre o que encontrou ao assumir e o que pretende fazer já efetivado no governo. No fim do jantar, estava selado o armistício com o PSDB do Senado. Sabe-se lá até quando.
Mas voltemos a Josué Gomes da Silva, da poderosa Coteminas, filho do mítico José Alencar, vice de Lula, filiado ao PMDB desde 2013 e com uma particularidade: nasceu justamente num 25 de dezembro, em 1963, e sua mãe, dona Mariza, muito católica, teve certeza de que isso era um sinal. A família nunca a contrariou.
Além de ser útil agora, para acalmar os tucanos e tirar da cabeça de demais aliados que Temer será candidato ou apoiará Meirelles, Josué fica na prateleira. Com o desgaste dos políticos e a falta de alternativas óbvias no próprio PMDB, vai que cola... Tudo, claro, depende do principal: o governo dar certo, a economia reagir, Temer efetivamente descartar a candidatura e ter força suficiente para patrocinar um nome viável para a sucessão. Resumo da ópera: jogar o nome de Josué ao ar é para tirar o foco de Temer e Meirelles, mas sempre pode ventar.
Histórias. Reação de Tancredo Neves quando o Triângulo Mineiro tentou se separar de Minas: “Ok, me digam se a capital será em Uberaba ou Uberlândia e eu toco em frente”. Nunca voltaram. A lembrança é do Planalto, quando o PSDB exige apoio antecipado ao seu candidato em 2018 e Temer pensa: “Ok, me digam se será Aécio, Serra ou Alckmin e eu apoio”. Não voltarão tão cedo.
A dias do impeachment definitivo de Dilma Rousseff e a dois anos da eleição de 2018, num cenário de enorme confusão partidária e muitas interrogações envolvendo políticos, o PMDB de Michel Temer joga ao vento um nome novinho em folha e fora do circuito político para a sucessão presidencial: o do empresário Josué Gomes da Silva.
O objetivo imediato é dissipar as nuvens cinzentas que pairam sobre o Planalto desde que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admitiu a candidatura de Temer em 2018. A turma do presidente fez fila para desmentir, mas aliados passaram a falar no ministro Henrique Meirelles como alternativa.
Diante desse “Temer ou Meirelles”, o PSDB, principal partido da base do governo, deu um pulo e engrossou a voz, pois o acerto com Temer foi feito em cima do compromisso de que ele não disputaria em 2018 e abriria espaço para um nome tucano. Daí por que o senador José Aníbal (PSDB-SP) desandou a criticar o Planalto e a área econômica (leia-se Temer e Meirelles) por afrouxarem as rédeas fiscais para favorecer uma categoria profissional daqui, governos estaduais dali. Aníbal não falava sozinho.
Como tudo neste governo, o imbróglio foi parar na mesa do Palácio do Jaburu. Na quarta-feira, Temer jantou com os senadores tucanos e levou Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Moreira Franco. Atenção, o jantar foi para “senadores tucanos”. Significa que foi para Aécio Neves, o mais reticente do trio-mor do PSDB a aderir à transição com Temer. José Serra e Geraldo Alckmin não foram convidados, “senão, seria preciso convidar outros ministros e governadores”. E os deputados tiveram de se contentar com uma única presença, e de última hora.
Entre uma garfada e outra, os tucanos repetiram que o ajuste fiscal é ponto zero da recuperação econômica, mas o governo vem cedendo muito, privilegiando seus interesses políticos em detrimento das urgências econômicas. Paciente, Temer discorreu sobre pressões, ônus e bônus e equilíbrio entre política e economia. Sem força política e base sólida, alegou, terá dificuldades para aprovar alguma coisa no Congresso. E, batendo de frente com o Judiciário, com o funcionalismo e com os estados, aí é que não aprova nada mesmo.
O presidente interino reforçou seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas e anunciou que fará um pronunciamento à Nação no dia 7 de Setembro sobre o que encontrou ao assumir e o que pretende fazer já efetivado no governo. No fim do jantar, estava selado o armistício com o PSDB do Senado. Sabe-se lá até quando.
Mas voltemos a Josué Gomes da Silva, da poderosa Coteminas, filho do mítico José Alencar, vice de Lula, filiado ao PMDB desde 2013 e com uma particularidade: nasceu justamente num 25 de dezembro, em 1963, e sua mãe, dona Mariza, muito católica, teve certeza de que isso era um sinal. A família nunca a contrariou.
Além de ser útil agora, para acalmar os tucanos e tirar da cabeça de demais aliados que Temer será candidato ou apoiará Meirelles, Josué fica na prateleira. Com o desgaste dos políticos e a falta de alternativas óbvias no próprio PMDB, vai que cola... Tudo, claro, depende do principal: o governo dar certo, a economia reagir, Temer efetivamente descartar a candidatura e ter força suficiente para patrocinar um nome viável para a sucessão. Resumo da ópera: jogar o nome de Josué ao ar é para tirar o foco de Temer e Meirelles, mas sempre pode ventar.
Histórias. Reação de Tancredo Neves quando o Triângulo Mineiro tentou se separar de Minas: “Ok, me digam se a capital será em Uberaba ou Uberlândia e eu toco em frente”. Nunca voltaram. A lembrança é do Planalto, quando o PSDB exige apoio antecipado ao seu candidato em 2018 e Temer pensa: “Ok, me digam se será Aécio, Serra ou Alckmin e eu apoio”. Não voltarão tão cedo.
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