quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Apoio integral à estruturação das cooperativas , no Boletim Cempre jul -ago 2014



A partir do diagnóstico das necessidades de cada cooperativa, o programa “Cooperar Reciclando Reciclar Cooperando” procura reescrever a sua história.
Criado no final de 2005, o programa “Cooperar Reciclando Reciclar Cooperando” já apoiou o desenvolvimento completo de 142 cooperativas em 69 cidades de 14 estados do país, com mais de 4.200 catadores diretamente beneficiados. A participação tem início com uma visita de diagnóstico feita pela equipe do Cempre para checagem da documentação e infraestrutura. “A partir desse primeiro contato, identificamos as carências da cooperativa em termos de equipamentos, capacitações, documentação... Enfim, analisamos as oportunidades que podemos oferecer para melhorar as condições de trabalho dos catadores e os resultados econômicos da cooperativa”, conta Aline Paschoalino, analista de projetos do Cempre.
Pelos resultados alcançados em prol do respeito e da dignidade humana, o programa recebeu, em agosto, o prêmio “Betinho de Democracia e Cidadania”, entregue pela Câmara Municipal de São Paulo, que veio se somar a outros reconhecimentos como o Top de Ecologia da Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil (ADVB). “O trabalho com os catadores é um dos principais focos do Cempre e temos procurado intensificá-lo, como demonstra o salto dado em 2014, visando contribuir para a profissionalização das cooperativas a fim de que possam atender melhor à demanda crescente por seus serviços em função do fechamento dos lixões e dos acordos setoriais, resultado dos avanços da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, ressalta Victor Bicca, presidente do Cempre.

Desde o início do programa, 16 associadas do Cempre jáparticiparam diretamente do apoio às cooperativas. Entre os
equipamentos fornecidos que contribuem para o aumento de sua eficiência, segurança e produtividade, estão prensas, esteiras, elevadores de fardos, fragmentadores de papel, empilhadeiras, trituradores de vidro, bags, carrinhos elétricos, EPIs, uniformes e computadores, entre outros itens.
Além da doação de equipamentos, o programa tem como diferencial a capacitação dos catadores por meio de um kit composto por Manual do Instrutor, Guia da Cooperativa, cartilhas para os catadores e DVD. Entre os temas abordados, estão estrutura e funcionamento das cooperativas, saúde, segurança, relações humanas, gestão contábil-financeira, direitos e deveres dos associados, procedimentos para constituição e registro das cooperativas, além de modelos de Estatuto e outros documentos. A capacitação é feita conforme as necessidades identificadas pela equipe do Cempre. Os kits foram desenvolvidos para serem usados também de modo autodidático: até hoje, mais de 6 mil kits foram distribuídos e contribuíram para a formação de 500 novas cooperativas, com geração de cerca de 20 mil postos de trabalho diretos.
Cooperativas diretamente apoiadas

 
 
Um retrato de 20 anos da coleta seletiva no país
Pesquisa Ciclosoft chega à sua nona edição e completa duas décadas como uma referência no acompanhamento da coleta seletiva em todo o Brasil.
O Brasil ensaiava os primeiros passos para a implantação de seu modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos quando o Cempre realizou a primeira edição de sua pesquisa Ciclosoft, em 1994. Apenas 81 municípios promoviam a coleta seletiva, o destino do material recolhido parecia incerto, a indústria recicladora ainda era incipiente e a população pouco sabia do assunto.

De lá para cá, muita coisa mudou como mostra a última edição da pesquisa que acaba de ser divulgada pelo Cempre. “A implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, trouxe o impulso necessário para que o sistema buscasse se estruturar de maneira mais profissional, incentivando a responsabilidade compartilhada e a articulação entre a indústria, o Governo a sociedade que já vem se concretizando por meio dos acordos setoriais e das discussões sobre a desoneração
da cadeia”, comenta Victor Bicca, presidente do Cempre.

O estímulo dado pela PNRS pode ser comprovado pelo número de municípios com coleta seletiva em todo o país que saltou de 443, em 2010, para 927, em 2014 – uma evolução de quase 110%! O crescimento ocorreu em todas as regiões, mas o maior desenvolvimento proporcional se deu no Centro-Oeste que passou de 18 para 62 municípios
operando sistemas próprios.

Para acompanhar esse movimento, a Ciclosoft reúne informações sobre os programas de coleta seletiva das prefeituras, apresentando dados sobre composição do lixo, custos de operação, participação de cooperativas de catadores e parcela da população atendida. A pesquisa tem abrangência nacional e é atualizada a cada dois anos. Os dados são obtidos por meio de questionários enviados às prefeituras e visitas técnicas. A participação é aberta e voluntária. “Nosso objetivo não é comparar, mas descobrir quais são os municípios que desenvolvem programas de coleta seletiva”, explica a pesquisadora do Cempre, Talita Ribeiro. “Dessa forma, podemos entender como o sistema está estruturado em termos geográficos, quais são seus agentes, os materiais mais coletados e os custos envolvidos, entre outros dados que contribuam para a busca de soluções que permitam expandir os modelos de sucesso.” Confira, agora, algumas das descobertas da Ciclosoft 2014.



 
 
Delegação tailandesa conhece modelo brasileiro de perto
De 18 a 22 de agosto, o Brasil recebeu uma delegação vinda da Tailândia para conhecer de perto seu sistema de gestão integrada de resíduos sólidos. Organizada pelo Cempre e o Timpse (par do Cempre naquele país), a visita é um dos resultados práticos da Aliança Global para a Reciclagem e Desenvolvimento Sustentável (Garsd) que conta com a participação da Colômbia, Uruguai, Peru, México, Tailândia, África do Sul e Argentina. “Há hoje um interesse crescente pelo modelo incentivado pelo Cempre que busca desenvolver a coleta seletiva com a inclusão e valorização dos catadores”, destaca André Vilhena, diretor da associação.

O último encontro do Garsd aconteceu em Washington, em outubro de 2013, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Na ocasião, representantes do Brasil e da Tailândia resolveram conhecer melhor seus sistemas para que pudessem identificar benchmarks em busca de oportunidades de intercâmbio. Esse compromisso resultou na visita técnica da delegação tailandesa ao Brasil que será seguida de uma visita brasileira àquele país, prevista para novembro.

A comitiva esteve em Brasília, onde se encontrou com representantes do governo federal e pôde aprender mais sobre o modelo desenvolvido no país. “Trocamos experiências e conhecimentos que podem ser mutuamente úteis. Foi o primeiro passo para uma aproximação na qual reconhecemos alguns pontos para um acordo que poderá evoluir futuramente”, comenta Fabrício Araújo Prado, chefe da Assessoria Internacional do Palácio do
Planalto.

A agenda dos membros da delegação incluiu também visitas a cooperativas de catadores em Brasília e São Paulo, encontros com representantes das companhias municipais de saneamento de São Paulo (Amlurb) e do Rio de Janeiro (Comlurb) e reuniões na sede do Cempre. Na análise dos visitantes, o modelo brasileiro se ajusta bem à realidade tailandesa e de outros países emergentes da Ásia. Segundo Pusadee Tamthai, vice-governadora de Bangkok, “seria interessante adaptar a legislação brasileira às nossas necessidades, pois ela agrega aspectos socioeconômicos relevantes às questões ambientais relacionadas à reciclagem”.
Para saber mais: http://www.garsd.org/

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