quinta-feira, 4 de setembro de 2014

12% dos presos sofrem transtorno psiquiátricos em SP, afirma pesquisa


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Pesquisa inédita divulgada por um grupo de psiquiatras brasileiros aponta que 12% da população carcerária de São Paulo sofre de transtornos psiquiátricos moderados ou graves e precisaria estar sob tratamento especializado.
Isso representa cerca de 24 mil detentos, entre homens e mulheres, dos cerca de 200 mil pessoas encarceradas atualmente em penitenciárias ou centros de detenção provisória no Estado.
Esse número não inclui os presos internados por medidas de segurança em hospitais especializados.
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, que ajuda na divulgação da pesquisa, diz que esses 12% podem ser projetados ao território nacional com seus cerca de 500 mil presos. "São 60 mil em todo o país que deveriam estar em hospitais específicos. Não em cadeias."
Grosso modo, para ele, são milhares de presos com problemas semelhantes ao de Carlos Sundfeld Nunes, o Cadu, assassino confesso de cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele Raoni Vilas Boas, em 2010, e preso novamente sob a suspeita de ter matado outra pessoa.
"Um doente metal coloca em risco a vida dele e a dos outros. Mas o doente mental só é perigoso quando não tem tratamento adequado. Porque não tem noção do que está fazendo", afirmou ele.
"A maioria dos presos, infelizmente, está entregue à própria sorte", completou.
A pesquisa, concluída no ano passado e divulgada agora, utiliza um universo de 1.192 homens e 617 mulheres escolhidos aleatoriamente nas penitenciárias (presos condenados) e centros de detenção provisória do Estado.
Silva disse desconhecer os detalhes de como Cadu acabou voltando às ruas, mas ele defende que as liberações só devam ocorrer após uma rigorosa análise de psiquiatra forense para saber se o grau de periculosidade foi controlado. "Se não for cessada essa periculosidade, a pessoa vai voltar a cometer crimes", disse.
Para ele, porém, quem tem a decisão de soltar uma pessoa nas circunstância de Cadu deve se perguntar."Se você souber que essa pessoa vai morar no mesmo prédio que você, ou onde seu filho mora, você vai soltá-lo?", questiona. 

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