O custo de produzir etanol deve cair R$ 0,19 a R$ 0,45 por litro, ou 12% a 29%, com o aumento da produtividade agroindustrial no setor sucroenergético após a implantação do RenovaBio – programa de fomento aos bicombustíveis e à redução de emissões no Brasil ainda em gestação no governo federal. A estimativa é da Datagro Consultoria.
Ao Broadcast Agro, Plinio Nastari, presidente da consultoria e integrante do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), explicou que o custo de produção do combustível vai refletir o aumento da produtividade nas lavouras de cana-de-açúcar e nas destilarias quando o programa for adotado.
"O RenovaBio cria um sistema que premia o produtor. Quem vender primeiro é o mais eficiente e o que mais economiza toneladas de carbono", disse Nastari. A proposta desenhada do RenovaBio prevê que produtores de etanol emitam Créditos de Descarbonização de Biocombustíveis (CDBios). Esses papéis seriam comercializados na B3 e adquiridos por distribuidoras que venderem combustíveis fósseis como forma de compensar emissões.
Recursos captados com os CDBios se transformariam em novos investimentos para o setor e a produtividade agroindustrial voltaria a crescer, o que não ocorre desde a década passada. O investimento reduziria o custo do etanol, e, consequentemente, os preços aos consumidores, gerando demanda. "Não tem subsídio, não tem taxação e nem imposto novo. Por isso é tão difícil ser contra (o programa)", disse Nastari.
Levantamento da Datagro aponta que a produtividade agroindustrial no setor sucroenergético brasileiro cresceu de 2.025 litros de etanol por hectare de cana, para 6.831 litros/hectare entre 1975, ano de nascimento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), e 2010, a uma taxa de, 3,54% ao ano. Com o agravamento da crise do setor e a redução dos gastos com lavouras e a indústria, a produtividade agroindustrial caiu entre 2010 e 2016, para 5.688 litros/hectare no ano passado.
"O RenovaBio estimulará o produtor a investir em produtividade e o primeiro passo será retomar os níveis de 2010. Mas existem produtores que já estão acima desses 6.831 litros de etanol por hectare, com 9 mil a 10 mil litros por hectare, e o programa induziria outros produtores a irem nessa direção", afirmou Nastari.
O presidente da Datagro Consultoria é cauteloso ao comentar a demora do governo para anunciar o RenovaBio. Após mais de um ano de discussão no Ministério das Minas e Energia, o programa está na Casa Civil e deve se transformar em uma Medida Provisória. "Está havendo uma avaliação com participação de vários ministérios para estudar os impactos da medida. É normal dentro do trâmite e reputo isso como um cuidado até justificado pela extensão do RenovaBio", concluiu.
Gustavo Porto
Nenhum comentário:
Postar um comentário