247 - O economista CArlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2002, disse que o País não demonstrou sinais de que sairá da depressão econômica em que se encontra.
"Não acredito que o panorama nacional tenha se modificado muito em relação às tendências identificadas; nós continuamos caminhando na crise e não saímos dela. Não percebo nenhuma mudança de comportamento estrutural no país, na verdade a economia brasileira continua com as características que sempre teve: é a industrialização periférica mais bem-sucedida do planeta", disse Lessa em entrevista à revista do Instituto Unisinos IHU Online.
Lessa também comenta a crise política e as consequências das Operações Carne Fraca e Lava Jato. Acerca da primeira, avalia que se trata de um "golpe pesado na indústria das carnes brasileiras", e sobre a segunda, garante: "a novíssima geração não vai esquecer dela, não vai mesmo, porque vão chegar à conclusão de que o Brasil é deles". E explica:
"O meu problema não é de criticar ou não criticar a Lava Jato, o meu problema é diferente, e a pergunta que me coloco é: por onde ela se desdobra? Porque ela já é, ela faz parte da realidade, ela colocou o Poder Judiciário em enorme evidência, porém o Poder Judiciário, por si só, não faz história. Portanto, os protagonismos históricos ainda estão extremamente embaçados no Brasil. Se olharmos as lideranças, não perceberemos um discurso forte e afirmativo em nenhuma delas, e a Lava Jato não é, em si, uma liderança. Logo, estamos vivendo um período de crescente desarticulação política".
Lula 2018
Sobre uma eventual candidatura do ex-presidente Lula, Carlos Lessa diz que ela será "vitoriosa". "Do ponto de vista de Presidência da República, se a crise continuar, a candidatura de Lula é, obviamente, a candidatura vitoriosa. Porém, não penso que o PT seja o partido vitorioso. Com isso se criará uma situação muito curiosa: teremos uma renovação enorme na base do Congresso, e as pessoas que vão se eleger são aquelas que se dizem não políticas. Com isso teremos uma espécie de renovação de currículos. Qual será o resultado, não sei; não tenho bola de cristal."
"Se Lula vier a se eleger, ele vai olhar no entorno e se perguntar: "Cadê o partido, cadê a coalizão partidária?". Ele não vai encontrá-los, porque o PT acabou. As propostas econômicas do Lula serão, provavelmente, extremamente conservadoras, como geralmente são. Ele fará um discurso que, por um lado, sinaliza ao povo e, por outro, sinaliza aos conservadores, dizendo que não vai quebrar nada; vai fazer o discurso que ele sempre fez."
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