quinta-feira, 10 de maio de 2012

Híbridos sim, mas não econômicos



Tecnologias novas encarecem carros de baixo consumo
Por NICK BUNKLEY
DETROIT - O novo Toyota Prius de Ed Moran foi programado pelo revendedor para deixar o novo proprietário feliz com a economia de gasolina. Um mostrador no painel compara o consumo de combustível do Prius com o de sua camionete Ford 2001. "Toda vez que vou até a loja, ele me diz quanto economizei", disse Moran, um horticultor em Ames, Iowa.
Como um número crescente de americanos, Moran deseja um carro de consumo de combustível eficiente para ajudar a reduzir o peso dos preços da gasolina. Os compradores têm mais opções que nunca, incluindo veículos híbridos, para ligar na tomada (plug-ins), elétricos e pacotes "eco" ou "supereconômicos".
Mas optar por modelos que prometem melhor eficiência de consumo com novas tecnologias não necessariamente economiza dinheiro, segundo dados reunidos para o jornal "The New York Times" por um site de pesquisa automotiva na web.
Exceto em dois híbridos, o Prius e o Lincoln MKZ, e no Volkswagen Jetta TDI movido a diesel, o custo adicional das tecnologias de baixo consumo é tão alto que o motorista médio levaria vários anos para economizar, em comparação com novos modelos semelhantes com motores convencionais.
Analistas dizem que o custo extra das novas tecnologias limita o apelo dos carros de consumo eficiente. As vendas de híbridos aumentaram 60% neste ano, mas ainda representam menos de 3% do mercado. Os carros para ligar na tomada constituem fração minúscula das vendas.
"O ponto em que um carro pode alcançar um público de mercado de massa é quando o preço começa a ter sentido no papel", disse Jesse Toprak, vice-presidente para inteligência de mercado da TrueCar. "Se eles querem que essas tecnologias se tornem generalizadas, o preço precisa baixar."
Alguns têm a economia de combustível e a ajuda ao meio ambiente como seus objetivos máximos, independentemente de custos. "A economia de combustível tornou-se um atributo social", disse Tom Turrentine, antropólogo na Universidade da Califórnia em Davis, que estudou os hábitos de aquisição de carros. "As pessoas querem ter uma boa economia de combustível porque, se tiverem uma economia fraca, poderão parecer idiotas."
O Prius e o Lincoln MKZ provavelmente vão produzir economias dentro de dois anos, em comparação com carros movidos a gasolina e de tamanho semelhante da mesma marca. Mas outros híbridos, apesar de fazerem 5 quilômetros por litro a mais que os modelos convencionais, vão custar mais para comprar e para rodar por pelo menos cinco anos.
Se a gasolina custa US$ 1,30 por litro nos EUA [cerca de R$ 2,20], os dados da TrueCar estimam que o período de amortização para um Ford Fusion híbrido contra o Fusion convencional seria de seis anos e meio, comparado com oito anos e meio a US$ 1. A US$ 1,58 por litro, o Toyota Camry, o Hyundai Sonata e o Kia Optima híbridos geram economias em quatro anos.
Então, por que alguns compradores pagam mais por tecnologia avançada que pode não economizar dinheiro? Muitos não fazem as contas, dizem os analistas, ou tendem a superestimar quanto os quilômetros a mais por litro representam em poupança monetária.
Em março, a Toyota disse que havia vendido mais Prius C em seus primeiros três dias no mercado do que a Chevrolet vendeu Volts plug-in e a Nissan vendeu Leafs movidos a bateria em fevereiro. A estatística mostra que, mesmo no mercado de carros de consumo eficiente, os híbridos têm uma grande vantagem sobre os elétricos, que são muito mais caros.
Moran, o horticultor, pagou pouco mais de US$ 22 mil por seu carro, que é menor e menos dispendioso que o Prius comum, com um consumo idêntico de 21 quilômetros por litro. Moran, 34, sabia que a economia de combustível seria eclipsada pela prestação mensal do empréstimo, mas dirigir um híbrido lhe parecia certo. "Eu pensei: 'Eu tento salvar as plantas todos os dias, então por que não faço minha parte?'", disse.
Marcus Schuh, o gerente de uma revenda Honda perto de Indianapolis, disse que os clientes não buscam só economizar. "Há os que têm consciência do custo-benefício", disse Schuh. "Tem a ver com ajudar o meio ambiente e fazer isso dá uma sensação boa."

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