Por Erick M
De O Globo
Para o economista , as mudanças no cálculo do IPCA mostram avanços no perfil da sociedade
 Carlos Ivan/24-11-2011 / O Globo
Para o economista Sérgio Besserman, a nova fórmula de cálculo da inflação reflete melhor o perfil de consumo do brasileiro Carlos Ivan/24-11-2011 / O Globo
RIO - Ex-presidente do IBGE, o economista Sergio Besserman Vianna, vê mudanças positivas em andamento com o novo padrão de comportamento da sociedade brasileira, que agora passa a fazer parte do IPCA. Afirma, contudo, que a estatística não é capaz de retratar a totalidade da realidade brasileira e que as famílias ainda estão muito distantes de um padrão de vida desenvolvido.
p>O GLOBO: A mudança do IPCA reflete melhor o que passou a acontecer com a sociedade brasileira?
SÉRGIO BESSERMAN VIANNA: Acho que sim. É recomendável que as pesquisas sejam atualizadas periodicamente. Nessa nova pesquisa, informações tecnológicas entraram na cesta de consumo das famílias e isso agora está melhor refletido.
O GLOBO: Podemos imaginar que na próxima atualização essas tendências estarão consolidadas?
BESSERMAN: Em princípio sim e tomara. São tendências positivas, mas sentença de juiz, resultado de eleição e pesquisa do IBGE são coisas que só sabemos quando saem do forno.
O GLOBO: Neste ano, o instituto sofreu alguns questionamentos com o vazamento de pesquisas...
BESSERMAN: A reputação do IBGE continua inabalável. Houve aquele fato (do vazamento do IPCA e de pesquisas pelo RSS) que foi tratado com a maior transparência pela direção da instituição. O órgão utiliza as melhores práticas aplicadas internacionalmente. Existem recomendações sobre o conjunto das melhores práticas. O Brasil não é o Canadá, mas se distingue na América Latina.
O GLOBO: Os serviços foram os principais vilões da inflação de 2011. Como o senhor avalia esse desempenho?
BESSERMAN: Acho que não é somente uma questão de renda, mas uma alteração de comportamento do consumidor que passou a demandar mais serviços, como aqueles associados à internet.
O GLOBO: Além da tecnologia, itens como empregado doméstico perderam peso...
BESSERMAN: É muito bom que isso aconteça. É uma sociedade mais avançada que tem a redução do serviço doméstico, que é um resquício feudal. Outras pesquisas já mostraram que o item empregada doméstica ainda têm uma grande concentração de negros. Serviços domésticos têm uma proporção
menor quando há outras oportunidades de trabalho e os contratantes passam a regular a contratação, a pessoa já não dorme em casa. Isso é um sinal positivo que sugere uma formalização maior.
O GLOBO: O ministro Guido Mantega já chegou a dizer que o Brasil precisará de 20 anos para chegar ao padrão de vida europeu quando comentou a possibilidade de o país se tornar em breve a quinta maior economia do mundo. Caminhamos, de fato, para o Primeiro Mundo?
BESSERMAN: O ministro, neste caso, foi panglossiano, foi otimista no limite da ingenuidade. Não há a menor chance de isso acontecer. Estamos a bem mais de 20 anos de ser uma sociedade desenvolvida e mesmo de uma democracia com qualidade. Falta muito e há muitas coisas que a estatística que não capta, como territórios que são dominados pelas milícias.
Por Marco Antonio L.
Sérgio Besserman Vianna
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sérgio Besserman Vianna (Rio de Janeiro1957[1]) é um economista brasileiro, graduado pela PUC-Rio.
Ganhador do Prêmio BNDES de Economia de 1987 com sua tese sobre a política econômica do segundo governo Vargas[2], orientado pelo professor e também economista Winston Fritsch, Besserman se tornou funcionário do BNDES em 1988.
Fez carreira executiva chegando a diretor de planejamento. Trabalhou ao lado de diversos presidentes do BNDES, entre eles Eduardo ModianoPersio Arida e Luiz Carlos Mendonça de Barros, no processo de reforma modernizante do aparelho de estado brasileiro e reestruturação da indústria, que incluiu corte de gastos e privatização de empresas estatais. Foi o primeiro diretor da área social do BNDES, quando ela foi recriada em 1997.
No segundo mandato do governo Fernando Henrique (1999 - 2003) foi presidente do IBGE, quando comandou a realização do Censo 2000[1]. Em Brasília, ficara conhecido como o louco do IBGE, depois de trocar a carreira segura de diretor do BNDES pela panela de pressão do IBGE, que à época contava com uma estrutura precária[3].
Ambientalista, é membro do conselho diretor da WWF-Brasil e trabalha no tema Mudanças Climáticas desde 1992, tendo sido membro da missão diplomática brasileira em duas Conferencia das Partes da ONU. Foi Presidente do Instituto Pereira Passos da cidade do Rio de Janeiro e preside a Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável e de Governança Metropolitana da cidade. É professor de economia brasileira na PUC-Rio, comentarista de sustentabilidade na Globonews e da cidade na rádio CBN.
É o irmão mais velho do falecido humorista Bussunda (Cláudio Besserman Vianna).