quinta-feira, 29 de setembro de 2011


21.09.2011

Empresa pede que consumidor não gaste

%POR REGINA SCHARF # EM DE LÁ PRA CÁ
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Foto de Hajime Nakano/ Flickr
Foto de Hajime Nakano/ Flick
O que pensar de uma empresa que fatura US$ 400 milhões anuais e que lança uma campanha pedindo que seus consumidores pensem duas vezes antes de…comprar um produto novo? É exatamente o que está fazendo a marca californiana de roupas esportivas Patagonia.
Há duas semanas, discuti aqui o caso daTom’s Shoes, que doa um par de calçados a cada alpargata vendida. Pois a iniciativa da Patagonia é ainda mais surpreendente. Ela associou-se ao site eBay, maior intermediário de transações de produtos usados na web, para estimular a venda de calçados e roupas de segunda mão. Agora, no portal da empresa, é possível comprar tanto roupas esportivas novas quanto oferecer lances por agasalhos ou calçados, às vezes surrados, às vezes nem tanto, oferecidos por usuários da marca.
A iniciativa é uma extensão do programa Common Threads, lançado pela Patagonia  em 2005. A empresa montou uma estrutura para receber de volta roupas velhas e gastas da marca, que são então enviadas para recicladores  (em muitos casos, em outros países). Cerca de 45 toneladas de roupas foram devolvidas à empresa desde então – e a sua reciclagem deu origem a 34 toneladas de vestimentas novas. É possível entregar as roupas a reciclar nas lojas da marca ou enviá-las pelo correio, para reduzir a pegada da iniciativa de reciclagem.  A empresa tem anunciado que até o fim do ano deverá estender esse serviço a todos os modelos de roupas que comercializa. A Patagonia também promete costurar e remendar roupas que vendeu, de graça ou por um preço módico, conforme o caso.
“Nós somos a primeira empresa a pedir que os consumidores assumam um compromisso formal e sejam parceiros no esforço de reduzir o consumo e manter seus produtos longe dos aterros ou incineradores”, diz Yvon Chouinard, dono da marca e principal executivo da empresa.”O programa pede que os consumidores deixem de comprar aquilo de que não precisem. Se realmente precisarem, que comprem algo que vá durar muito – e que consertem o que estragar e revendam o que já não usam. Finalmente, que reciclem o que estiver realmente rasgado”.
Pode parecer papo de marketeiro, mas o fato é que a Patagonia tem demonstrado suas boas intenções há anos e a lista de iniciativas pró-sustentabilidade da empresa é extensa.  Ela comprometeu-se publicamente a destinar 1% do valor total de suas vendas a entidades ambientalistas. Com isso, desde 1985, ela doou US$ 40 milhões a mais de mil organizações. Além disso, seus produtos são diferenciados – como os jeans feitos com fibras de garrafas PET ou algodão orgânico. O próprio Chouinard vinha pensando o conceito de desaceleração do consumo há tempos. Em 2004 ele já havia publicado um texto com o título “Não compre esta camisa a menos que você precise”, onde ele cita Peter Senge, professor do Massachusetts Institute of Technology  – “andamos como sonâmbulos rumo ao desastre, indo cada vez mais rápido para chegar onde ninguém quer ir”.
Qual a sua opinião sobre a iniciativa da Patagonia? É uma excentricidade deslocada do modelo vigente ou é uma idéia que  poderia prosperar e ser adotada por outras empresas?

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