Coluna Econômica - 27/04/2011
A crise atual dos combustíveis é especificamente um crise do álcool.
Ainda nos anos 90 esse mercado foi desregulamentado, inclusive com o fim dos subsídios. Os preços do açúcar e do etanol ficaram ao sabor das variações de mercado.
Criou-se um impasse na área de combustíveis.
A área plantada de cana chega a 7 milhões de hectares, 2% da área agricultável. Cultiva-se cana no Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Nordeste, permitindo duas safras por ano: no centro-sul, início em abril e duração média de 210 dias; no norte-nordeste, .
No centro-Sul a safra inicia em abril e tem duração média de 210 dias. No Norte Nordeste a safra inicia em setembro. Portanto, durante todo o ano o Brasil produz açúcar e etanol para os mercados interno e externo.
A rigor, um bom processo de estocagem evitaria as oscilações nas entressafras. A Petrobras cumpria essa função. Acabou repassando para as distribuidoras. A Unica – associação que congrega os produtores de açúcar e álcool – comprometeu-se a regular a oferta através de contratos futuros de venda.
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Nada disso ocorreu. Quando sobreveio o aumento nas cotações internacionais de açúcar, veio a crise.
Nos últimos 12 meses, o etanol hidratado teve aumento de 75% em reais e de 95% em dólares; nos últimos 24 meses, os aumentos foram respectivamente de 117% e 201% (segundo levantamentos da Esalq). No caso do álcool anidro os aumentos foram de respectivamente 193% em reais e 226% em dólares nos últimos 12 meses. Em relação aos preços de exportação do açúcar, as cotações são similares às do ano passado (-8% em reais e -1% em dólares), mas ainda assim excepcionalmente elevadas – em relação a dois anos atrás, 31% em reais em relação e 69% em dólares.
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Há duas etapas na produção de etanol: do produtor até a distribuidora; da distribuidora até o posto de gasolina. A ANP (Agência Nacional do Petróleo) regula apenas da distribuidora em diante.
O nó reside aí. Com o avanço dos carros flex fluel, o álcool passou a interferir em toda a cadeia de consumo de gasolina.
Nos postos coexistem a gasolina tipo A (sem mistura), a tipo C (misturado ao álcool anidro) e o álcool hidratado. Nas usinas, existe a relação de preços entre o açúcar e o álcool: em cima da mesma cana, o usineiro pode determinar o percentual que irá para a fabricação de açúcar e de álcool.
Quando ocorre um choque de preços – por exemplo, o choque internacional de cotações do açúcar, há um curto-circuito em toda a cadeia de combustíveis. Os usineiros reduzem a produção de álcool para ganhar com o açúcar.
Ocorre uma diminuição no consumo de álcool hidratado. Os consumidores correm, então, para a gasolina. Mas o aumento do preço do álcool contamina o preço da gasolina tipo C, já que na composição final, 26% correspondem à gasolina, 38% aos impostos e 23% ao álcool anidro. O dono do posto deixa de comprar, então, a gasolina tipo C, que passa a faltar.
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Já é a terceira crise em poucos anos. É possível que os preços refluam com a entrada da safra. Mas provavelmente a posição final do governo será ou taxar as exportações de açúcar ou colocar a ANP para regular a fase de produção de etanol.
Quatro capitais reduzem inflação na semana
Quatro das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o cálculo do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) reduziram suas taxas na terceira semana de abril, entre elas Rio de Janeiro (de 1,02% para 0,99%) e São Paulo (de 0,86% para 0,80%). Na outra ponta, a variação subiu em Salvador (de 0,63% para 0,64%), Belo Horizonte (de 0,74% para 0,75%) e em Recife (de 0,50% para 0,63%). Na ocasião, o indicador chegou a 0,80%, 0,03 ponto percentual abaixo da última apuração.
Preços da construção civil sobem 0,75% em março
O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) fechou o mês de abril com uma taxa de variação de 0,75%, ante os 0,44% apresentados no mês anterior, segundo a Fundação Getúlio Vargas. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,36%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,60%. Já a parcela relativa a Serviços passou de uma taxa de 0,46%, em março, para 0,21%, em abril.
Dívida externa chega a US$ 279,2 bilhões
A dívida externa brasileira estimada para março chegou a US$ 279,2 bilhões. Segundo o Banco Central, o resultado subiu US$ 22,4 bilhões sobre o apurado em dezembro de 2010. A dívida externa de longo prazo chegou a US$ 209 bilhões, e o estoque de curto prazo atingiu US$ 70,2 bilhões. Fatores como os ingressos líquidos de bônus e notas e de empréstimos, e o acréscimo de US$ 7,7 bilhões em empréstimos a bancos e de emissões líquidas, ajudaram a influenciar tal resultado.
Balanço de pagamentos tem saldo de US$ 9,5 bi
O balanço de pagamentos brasileiro encerrou o mês de março com um superávit de US$ 9,5 bilhões, segundo o Banco Central. As transações correntes no período ficaram deficitárias em US$ 5,7 bilhões, elevando o saldo negativo para US$ 50 bilhões em doze meses, o equivalente a 2,33% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao longo do período, a conta financeira registrou US$ 14,9 bilhões em ingressos líquidos, enquanto a conta de serviços registrou um déficit de US$ 3,1 bilhões.
Governo supera meta de superávit primário
O superávit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) no primeiro trimestre superou a meta prevista para os primeiros quatro meses do ano, chegando a R$ 25,874 bilhões, quase R$ 3 bilhões acima da meta de R$ 22,9 bilhões estipulada para o primeiro quadrimestre. Segundo o Tesouro Nacional, o resultado é decorrente do aumento de 17,7% da receita líquida e da desaceleração das despesas, que subiram 7,1% em 2011 em relação ao primeiro trimestre de 2010.
Reestruturação da dívida grega assusta BCE
O Banco Central Europeu (BCE) alertou que uma reestruturação da dívida soberana da Grécia trará consequências graves para o sistema bancário da região. Dirigentes do BCE têm confrontado as especulações persistentes nos mercados de que a Grécia terá que renegociar sua dívida de 340 bilhões de euros. Os boatos ganharam força depois que a agência de estatísticas Eurostat confirmou que o déficit grego em 2010 foi equivalente a 10,5% do PIB.
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