sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Sincronização de comportamento é consequência perigosa da internet, Link OESP

 

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DEMI GETSCHKO

Por dentro da rede


Crescente comportamento de 'manada' possibilita surgir consequências imprevisíveis

14/09/2021 | 05h00

 Por Demi Getschko - O Estado de S. Paulo

    PRODUÇÃO NOS CAMPOS DA CESSÃO ONEROSA ULTRAPASSA 1 MILHÃO DE BOE/D EM NOVEMBRO, BR ANP

     No mês de novembro, a produção nos campos da Cessão Onerosa registrou um volume médio de 1.003.794,40 barris de óleo equivalente por dia (boe/d), ultrapassando pela primeira vez a marca de 1 milhão de boe/d. Foi o maior percentual de participação na produção nacional já registrado, correspondendo a 27,05% do total nacional, que foi de 3.710.774 boe/d no mês.

     

    Os campos do contrato de Cessão Onerosa que produzem atualmente são Búzios, Atapu, Sul de Tupi e Sépia. O campo de Búzios produziu 738.844,87 boe/d, Atapu registrou 157.793,84 boe/d, Sul de Tupi teve produção de 63.752,57 boe/d e Sépia produziu 43.403,11 boe/d em novembro. 

     

    Esses e outros dados da produção nacional de petróleo e gás natural podem ser acessados nos Painéis Dinâmicos de Produção de Petróleo e Gás Natural: https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-dinamicos-da-anp/paineis-dinamicos-sobre-exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/paineis-dinamicos-de-producao-de-petroleo-e-gas-natural.

     

    O que é a Cessão Onerosa   

     

    A Cessão Onerosa é um regime de contratação direta de áreas específicas de petróleo da União para a Petrobras. A Lei n.º 12.276/2010 concedeu à Petrobras o direito de extrair até cinco bilhões de barris de boe de áreas não concedidas localizadas no Pré-sal, conforme detalhado no Contrato de Cessão Onerosa, firmado entre a União e a Petrobras. 

     

    Tendo em vista a constatação da existência de volumes totais de petróleo recuperável excedentes a esse volume, em quatro campos petrolíferos contratados sob esse contrato (Búzios, Atapu, Itapu e Sépia), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou a ANP a licitar os volumes excedentes.   

     

    A Primeira Rodada de Licitações dos Volumes Excedentes da Cessão Onerosa ocorreu em 2019, quando foram ofertados os direitos de exploração e produção sobre os volumes excedentes de petróleo das quatro áreas, sendo arrematados Búzios e Itapu. Já a Segunda Rodada, na qual serão ofertados os direitos para Sépia e Atapu, acontecerá amanhã (17/12). A Petrobras manifestou interesse em exercer o direito de preferência nas duas áreas, com percentual de 30% em cada uma. 

    quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

    O Fies saqueou a Bolsa da Viúva, Elio Gaspari, FSP

     O professor Mário Henrique Simonsen ensinava: se for bem enunciado, o problema mais difícil do mundo um dia será resolvido. Mal enunciado, o problema mais fácil do mundo jamais será resolvido.

    Lula e Bolsonaro meteram-se na discussão do calote do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, o Fies.

    Na teoria, ele custearia as anuidades de jovens universitários que cursavam a rede privada de ensino. Na prática, desde 2011 ele virou um mecanismo que permitiu a transferência do risco da inadimplência para a conta da Viúva. Atendeu 3,4 milhões de jovens e tem a receber R$ 123 bilhões, ervanário superior ao déficit da União neste ano. Desse valor, R$ 27,9 bilhões foram contabilizados como ajustes para perdas.

    Lula promete anistiar os devedores. Bolsonaro rebate: "Por que não fez lá atrás, pô? Está aí de sacanagem".

    Noves fora a linguagem, quem abriu a porteira não foi Lula, mas Dilma Rousseff. O capitão correu atrás e agora oferece uma renegociação dessas dívidas. Está no seu terceiro ano de governo e ainda não apresentou um programa que faça sentido. Há pouco, mimou as universidades privadas aninhando-as no Prouni.

    O Fies foi um jabuti financeiro disfarçado de girafa social. Só enganou quem jamais havia visto qualquer dos dois bichos.

    Enunciava mal o problema do jovem que entra para uma faculdade e não tem recursos para pagar as anuidades, resolvendo de maneira ampla, geral e irrestrita a questão do faturamento das faculdades privadas.

    Bolsonaro e Lula
    Bolsonaro e Lula - Anderson Riedel/PR e Bruno Santos/ Folhapress

    Era um empréstimo que desprezava a figura do fiador. Pior, dava bolsas até mesmo a estudantes que haviam tirado zero em provas do Enem. Durante sua breve passagem pelo Ministério da Educação, Cid Gomes quis pôr ordem nessa bagunça, e o presidente da guilda das escolas privadas atacou-o: "O governo fez uma cagada. (...) O ministro não é do ramo".

    Bem enunciado, o problema do financiamento dos estudantes é administrado a duras penas nos Estados Unidos. Lá, o jovem Barack Obama só quitou sua conta com Harvard muitos anos depois, quando era senador. Do jeito que vão as coisas em Pindorama, o problema continuará aí.

    Lula justifica a anistia argumentando que há empresários caloteiros. Bolsonaro condena sua proposta falando numa renegociação que não começou. É bom lembrar que os donos de faculdades já receberam o seu e não há como pegar de volta a anuidade de um aluno que tirou zero na prova de redação e nunca pensou em pagar o que devia. No auge da festa, as faculdades estimulavam a migração dos alunos para a Bolsa da Viúva.

    Lula e Bolsonaro não se mostraram dispostos a expor o essencial: a privatização do dinheiro público num programa condenado ao calote e ao enriquecimento de empresários espertos. O capitão baixou o nível de uma discussão mal posta e insultou o adversário. Esse é seu estilo, e vai piorar.

    O economista Paulo Guedes sabia do que falava quando denunciava as "criaturas do pântano político, piratas privados e burocratas corruptos, associados na pilhagem do Estado". Há quatro meses ele estuda uma anistia parcial, associada à renegociação. Falta mostrar quem foram os piratas privados, que se associaram a burocratas enganadores usando o nome da garotada para pilhar a Viúva.

    O caso do Fies é uma batalha perdida. Visitá-lo serve para apontar o mau caminho que começa a tomar o debate da sucessão presidencial.