quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Crise de identidade pode amadurecer ou levar ao fim o PSDB, Poder360


Disputa surda começa a superar limites partidários em SP
Reunião da Executiva do PSDBSérgio Lima/Poder360 - 12.jun.2017

16.ago.2017 (quarta-feira) - 6h45
atualizado: 16.ago.2017 (quarta-feira) - 7h15

OXIGÊNIO NO NINHO.

Não anda fácil a vida do PSDB. Fora o jogo externo, de suas próprias entranhas brotam movimentos críticos. Grupos se rivalizam, opondo opiniões. Uns tratam do presente, outros pensam no futuro. Todos enfrentam o maior dilema político desde sua fundação, em 1988.
Em carta aberta, um grupo relevante de economistas cariocas pede a volta às origens, qual seja, um partido “comprometido com a justiça social, a ideia de uma economia de mercado governada pela livre iniciativa, a estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal e a integração do Brasil ao mundo desenvolvido”. Pregam no centro do espectro político, necessário, segundo eles, para enfrentar o risco da eleição, em 2018, de um “radical populista, de esquerda ou de direita”, que arruinaria o país.
O “Movimento Mário Covas”, por sua vez, é recheado de parlamentares que se fizeram conhecidos pelas “cabeças pretas”. Alinhados com Tasso Jereissati, pregam distância do governo de Michel Temer e propõem uma autocrítica de sua trajetória recente. Daí surgiu o polêmico programa de TV no qual assumem os “erros cometidos” e os “desvios” dos princípios de sua fundação.

Receba a newsletter do Poder360

Em São Paulo, uma surda disputa começa a ultrapassar os limites partidários e se espraia na sociedade à procura de resposta para a pergunta fatal: entre Geraldo Alckmin e João Doria, quem terá mais chances de vencer Lula em 2018?
E, para apimentar o caldo tucano, FHC pensa alto e se move acima de todos, chateando os governistas e alisando a oposição, ao sugerir a renúncia de Temer. O ato de “grandeza” do presidente construiria uma transição dentro da transição, e somente assim se acalmariam as chamas da terrível crise que teima em permanecer, e a se ampliar, no país.
Ninguém sabe qual será o desfecho desse imbróglio tucano. Agora, uma coisa é certa: quando o PSDB foi fundado, há 29 anos, o Brasil era outro e a política nem se fale. Estávamos no início da redemocratização do país, em pleno funcionamento da Assembleia Nacional Constituinte. Daí surgiu a socialdemocracia brasileira como uma “terceira via”, nem o conservador Centrão, nem o radical PT. Fazia sentido. Hoje, tudo mudou.
O PSDB precisa, definitivamente, descer do muro onde se equilibra para assumir sua posição frente aos desafios da sociedade contemporânea. Esta reivindica oportunidades de progresso e bem-estar sem ligar para as velhas ideologias. Esgotou-se, no mundo todo, o modelo socialdemocrata. Pouco importa se a “direita” ou a “esquerda” é quem manda, o que interessa é como os problemas concretos da sociedade serão solucionados. Ela não dispensa a presença do Estado, mas quer ver eficiência na gestão pública, governos capazes de entregar qualidade de vida.
Os valores da era digital são distintos. Sustentabilidade, educação empreendedora, cooperação criativa, a diversidade, segurança pública, drogas, alimentação saudável, entre outros temas recentes. Pode-se ser “esquerda” numa hora, e bancar a “direita” na outra. O que não pode é cultivar o populismo, nem pregar a luta de classes, muito menos estimular o ódio na sociedade. Tolerância é a palavra-chave.
A crise de identidade do PSDB permitirá que ele adentre em sua maturidade política. Ou não. Se o partido conseguir conversar com a cidadania, verá um horizonte azul. Se fincar as amarras no passado, ou, pior, apegar-se ao poder carcomido, encontrará seu fim.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Metade dos professores já usa celular em atividades na escola, diz pesquisa, OESP



Levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação mostra ainda que 92% das escolas entrevistadas têm acesso à internet sem fio






O Estado de S. Paulo
14 Agosto 2017 | 03h00

Metade dos professores já usa celular em atividades na escola, diz pesquisa
Passou de 39%, em 2015, para 49%, em 2016, o porcentual de docentes que utilizam a internet do celular em atividades com os alunos Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Uma pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação  (Ceti-Br) mapeou o uso da internet e de dispositivos móveis em escolas brasileiras. Os resultados mostram aumento do porcentual de professores que usam a internet do celular em atividades com seus alunos e de escolas com acesso à internet sem fio. 
De acordo com a pesquisa, passou de 39%, em 2015, para 49%, em 2016, o porcentual de docentes que utilizam a internet do celular em atividades com os alunos. O uso é maior entre professores com até 30 anos de idade e de colégios particulares. 
Entre os alunos entrevistados, 52% disseram usar o celular em atividades para a escola. O número é maior (59%) quando analisados os dados específicos de alunos do 9º ano do ensino fundamental (de 14 anos). Já entre os alunos do 2º ano do ensino médio, o porcentual sobe para 74%. Mas estudantes do 5º ano do fundamental - crianças de 10 anos - usam menos os equipamentos, segundo a pesquisa (27%).
Para a antropóloga Tania Fontolan, diretora do Programa Semente, o uso dos equipamentos eletrônicos pode ser positivo. "Faz sentido a escola incorporar esse instrumento (celulares) para que seja usado da melhor forma possível. Uma escola que não usa esses recursos no planejamento de seus cursos está privando o aluno de uma convivência orientada com uma coisa que na vida real todos nós usamos."
Tania destaca, porém, a necessidade de que o uso dos equipamentos tenha uma função pedagógica. "Tem que estar bem amarrado em um projeto em que se tenha clareza das finalidades. Não existe a ferramenta pela ferramenta". 
A pesquisa mostra ainda que 92% das escolas entrevistadas têm acesso à internet sem fio. Entre as escolas públicas, o porcentual é um pouco menor (91%). Entre as particulares, o número é de 95%. 
Foram avaliadas 1.106 escolas em áreas urbanas de todo o país com entrevistas. 1.854 professores de
Língua Portuguesa, Matemática e multidisciplinares e 11.069 alunos de 5º e 9º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio foram entrevistados.

Veja abaixo como alguns colégios de São Paulo lidam com a tecnologia: 

Na visão do Colégio Santa Maria, o uso das TDIC (tecnologias digitais de informação e comunicação) deve se dar de forma criativa, incorporando-se as ferramentas digitais aos processos de produção do conhecimento. Leia o relato completo aqui
No Colégio Marista Arquidiocesano, as novas tecnologias já estão em sala de aula. A escola reforça  o papel do professor, enquanto mediador, na construção de novos conhecimentos. Leia o relato completo aqui
Para o Cambridge English, a tecnologia digital oferece oportunidades transformadoras que não estavam disponíveis no passado, estende o aprendizado para além da sala de aula física e permite novas formas de interação e aquisição de conhecimento. Leia o relato completo aqui
No Colégio Prudente de Moraes de Salto, o uso de celular só é permitido para alunos do Fundamental II e Ensino Médio no intervalo das aulas e quando o professor desenvolve uma atividade específica que necessita da sua utilização em sala de aula como ferramenta de trabalho. Leia o relato completo aqui
No Colégio Bandeirantes, o smartphone já é visto como uma ferramenta que complementa a dinâmica das aulas ao permitir uma nova forma de interação dos alunos com o conteúdo apresentado pelos professores. Leia o relato completo aqui
Em sala de aula no Equipe é proibido o uso de dispositivos móveis. A orientação é para que permaneçam desligados e dentro das mochilas. O uso, no entanto, passa a ser permitido se a ferramenta for incorporada à aula como uma das estratégias do professor. Leia o relato completo aqui
No Colégio Stockler, o uso do celular foi motivo de debate. A principal lição extraída pela equipe do ao repensar o papel do equipamento na sala de aula foi que para converter a tecnologia em aliada, ela não pode ser um fim em si só. Leia o relato completo aqui
Para o Colégio FAAP, existem situações como a pesquisa orientada, a composição de textos, ou jogos pedagógicos nos quais os recursos tecnológicos são necessários, bem vindos e pedagogicamente eficazes. Leia o relato completo aqui
Para o Colégio Jardim Anália Franco, é preciso buscar novas metodologias, as ativas, que são capazes de envolver os educandos na busca de seu próprio conhecimento. "Não podemos pensar em educação desatrelada da tecnologia", destaca o colégio. Leia o relato completo aqui
Entre proibir e liberar, o Colégio Novo Tempo preferiu não ser radical. Buscou o equilíbrio e apostou em outros recursos tecnológicos para chamar a atenção das turmas. Leia o relato completo da escola aqui
Para falar com uma geração familiarizada com recursos tecnológicos desde cedo, a escola precisa se adaptar e modernizar sua forma de atuação. Essa é a visão do Colégio Alicerce. Todos os recursos são considerados, inclusive o celular, mas sempre com um objetivo: ajudar o aluno a aprender. Leia o relato completo aqui

Reforma trabalhista e respeito aos contratos, OESP

José Márcio Camargo*, O Estado de S.Paulo
15 Agosto 2017 | 05h00
Durante mais de 70 anos, as relações entre patrões e empregados no Brasil foram geridas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), legislação criada ao longo da ditadura do Estado Novo, entre 1937 e 1943. Por causa do receio de que a Revolução Russa pudesse ser “exportada” para o Brasil via conflito entre capital e trabalho, essa legislação tinha como um de seus principais objetivos transformar esse conflito numa questão de Justiça. Afinal, Justiça não se discute, obedece-se. Para tal, foi criada a Justiça do Trabalho, com acesso gratuito pelo trabalhador, e dada a ela o poder de interferir diretamente nos contratos de trabalho e definir sua validade.
Para evitar o fortalecimento dos sindicatos, criou-se um imposto sobre o salário para financiá-los, tornando desnecessário qualquer movimento no sentido de buscar apoio dos trabalhadores para se autofinanciar.
Como desejado pelo legislador, este arranjo institucional gerou dois resultados importantes: o juiz do Trabalho passou a ser, em última instância, o agente que define o que vale e o que não vale nos contratos de trabalho e os sindicatos de trabalhadores, com poucas exceções, se tornaram organizações puramente burocráticas e pouco efetivas na negociação coletiva.
Em outras palavras, os contratos de trabalho no Brasil são, a priori, falsos. Somente deixam de sê-lo quando aprovados pelo juiz no fim da relação de trabalho.
As consequências dessa legislação extrapolam o mercado de trabalho. Regulações geram incentivos e as pessoas respondem a incentivos. Como a relação entre empresas e trabalhadores é uma das mais importantes numa economia de mercado, tanto do ponto de vista econômico quanto social, esse arranjo institucional tem inúmeras consequências sobre o desempenho do mercado de trabalho, da economia e da sociedade como um todo.
Contratos são assinados para serem respeitados e, desde que obedeçam à legislação, serem preservados da interferência da Justiça. Um dos princípios fundamentais para o bom funcionamento de uma economia de mercado é o respeito aos contratos.
Se o contrato de trabalho pode ser mudado pelo juiz, como justificar que outros ramos da Justiça não tenham o mesmo direito, caso entendam que as cláusulas dos contratos estejam fora do padrão de justiça desejado pelo juiz de turno?
Por outro lado, ao assinar o contrato de trabalho, trabalhadores e empresas sabem que existe uma grande probabilidade de que ele seja renegociado na Justiça. Sendo assim, o trabalhador não tem qualquer incentivo para discutir os termos do contrato e lutar por seu cumprimento ao longo de sua existência e a empresa, para cumpri-lo. Afinal, elas sabem que, ao fim do contrato, o trabalhador poderá entrar na Justiça do Trabalho e pleitear uma renegociação. E é o que efetivamente ocorre. Mais de 4 milhões de novas demandas entram na Justiça do Trabalho todos os anos.
Ou seja, a legislação induz a um comportamento oportunista de trabalhadores e empregadores. E, como a maior parte da vida das pessoas se passa nos locais de trabalho ou em relações sociais com pessoas com as quais convivem nestes locais, esse comportamento oportunista acaba “contaminando” as relações pessoais na sociedade e questões do dia a dia como obedecer horários, cumprir compromissos, executar tarefas combinadas, etc.
Ao estipular que uma parte importante dos contratos de trabalho terá de ser respeitada, sem interferência do juiz, e ao eliminar o imposto sindical, a reforma trabalhista deverá extrapolar o mercado de trabalho, podendo ter efeitos importantes sobre o funcionamento da sociedade brasileira como um todo, reduzindo o incentivo ao comportamento oportunista e ao descumprimento dos contratos. Caso essa conjectura se materialize, os ganhos de produtividade e o crescimento da economia serão afetados de forma bastante positiva.
*PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC/RIO E ECONOMISTA DA OPUS GESTÃO DE RECURSOS