Intervenção em sobrado prioriza facilidade de manutenção e economia de energia
Os donos desta casa no Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, já conheciam bem o trabalho do escritório AMFB, de Alice Martins e Flávio Butti. Os arquitetos já haviam trabalhado para a família em outra reforma, mas, desta vez, foi diferente. Eles fizeram questão de acompanhar todo o processo desde o início. "Visitamos juntos vários imóveis até que encontramos este, em um terreno de 850 m2, em uma área bastante arborizada, que atendia bem ao nossos objetivos. A casa existente estava muito detonada, mas isso não era o mais importante. A ideia era fazer uma reforma realmente radical", conta Butti.
Concluída após um ano, o resultado da intervenção foi um sobrado de 500 m2, com ambientes amplos e bem iluminados, posicionado em 'L' no terreno, para permitir a total integração do jardim com os interiores. Característica marcante da área social é a plena junção entre as dependências voltadas para o lazer e aqueles mais utilizadas ao longo do dia. Essa condição fica evidente, por exemplo, no desenho da cozinha, que reúne fogão, churrasqueira e forno à lenha. Para conferir unidade visual ao ambiente, todo aberto para o living, os arquitetos optaram por usar o tecnocimento como revestimento único, do piso às bancadas. "Isso permitiu que o ambiente como um todo ocupasse um espaço maior, mas, claro, para tanto contamos com o aval dos proprietários. Nem sempre é possível optar por esse tipo de integração. Depende muito do uso que a família faz da cozinha. Como aqui os moradores gostam muito de receber a família e os amigos, a proposta se encaixou bem", diz Butti.
Toda a área social tem pé-direito de 4 m, o que garante a entrada de luz natural o dia inteiro. As esquadrias das portas de vidro de correr podem ficar totalmente abertas, dando a sensação de se estar em um terraço, mesmo dentro da casa. E como não há divisões entre estar, jantar e cozinha, a não ser pelos componentes da decoração, os ambientes conjugados formam praticamente um espaço só. "As festas ali são uma delícia, todo mundo pode circular sem barreira alguma", conta o arquiteto.
Até o espaço de trabalho foi planejado para tirar proveito da boa iluminação e do jardim ao redor. O escritório foi posicionado junto à sala da lareira, com uma cobertura de vidro, e recebe a luz que passa pela copa das árvores. "Ficou um lugar bem iluminado e muito confortável, por causa da vegetação externa. Se o sol batesse ali direto, essa configuração não seria indicada. Felizmente aqui deu super certo".
Também o projeto de iluminação foi todo pensando para que não fosse necessário acender as luzes desnecessariamente durante o dia. "Pensamos em muitas opções de iluminação mesclando lâmpadas LEDs e fluorescentes com outras dimerizadas, assim, os espaços podem ter iluminação confortável para todos os tipos de uso com economia de energia. " Essa, aliás, é uma preocupação que costuma nortear todos os projetos conduzidos pelo escritório de Butti. "Detestamos desperdícios. Com medidas básicas podemos evitar o gasto excessivo de energia e de água. E isso, não só em tempos de crise energética. Acreditamos que isso deveria ser regra em qualquer nova construção e a qualquer tempo", afirma ele, que instalou na casa uma cisterna que armazena água de chuva para ser posteriormente empregada na limpeza e na rega do jardim. "Fazer isso durante a obra não tem um custo alto, além do que ele se paga, já que o morador vai deixar de usar água do sistema de abastecimento." Além disso, painéis de energia solar são usados para o aquecimento da água dos banheiros e da piscina. "Em São Paulo, a água fica muita fria na maioria dos dias. Ter um sistema de aquecimento que ajude a amenizar essa temperatura pode, em última análise, determinar o uso ou não a piscina."
Na decoração, o mobiliário da outra casa do casal foi reutilizado e o design nacional mais uma vez valorizado, com o predomínio de peças de madeira e tons mais neutros. No estar, o ponto focal é o imenso painel vermelho escarlate pintado pelo Atelier Adriana e Carlota, que procurou tirar proveito da altura e da luminosidade disponíveis no espaço. Sem dúvida, um dos pontos altos do projeto. "Foi a última coisa feita antes de mobiliarmos a casa e levou uma semana para ser finalizado. Penso que foi uma ótima solução para esquentar e dar personalidade ao ambiente, além de oferecer uma sensação única de profundidade. Eles gostaram bastante", diz.
Ao final da obra, os arquitetos - com a chancela de seus clientes- acreditam terem atingido seu ousado objetivo de criar um "oásis de tranquilidade e integração com a natureza" em meio a toda agitação da cidade. "Em resumo trata-se de uma casa de fácil manutenção, feita para ser vivida sem frescuras, distante do trabalho desnecessário, do desperdício de energia e de custos supérfluos", conclui o arquiteto.
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