04 de agosto de 2013 | 2h 14
RENATO CRUZ
Imagine ligar o seu televisor e ter somente uma tela preta, sem nenhum sinal. Isso pode acontecer com quem não tiver um aparelho ou conversor digital após o desligamento da transmissão analógica, que foi remarcado para o período de 2015 a 2018. Anteriormente, o apagão analógico estava previsto para 2016.
Mas por que isso vai acontecer? A TV digital estreou no Brasil em dezembro de 2007, em São Paulo. Cada emissora recebeu mais um canal, e passou a transmitir, simultaneamente, seus programas em um canal digital e outro analógico. O espectro radioelétrico, dos quais os canais de televisão fazem parte, é um bem escasso. O decreto com as regras para a digitalização da TV aberta no Brasil, publicado em 2006, definiu um período de dez anos para a transição. Depois desse prazo, os canais analógicos seriam devolvidos, e a transmissão da TV continuaria somente digital. Um novo decreto, publicado na semana, prevê um desligamento escalonado, mês a mês, por grupos de cidades.
Quem assina TV paga não será afetado por essa transição. A digitalização da televisão por assinatura foi feita pelas próprias empresas do setor, e não tem nada a ver com o processo de digitalização da TV aberta, nem com o apagão programado dos canais analógicos. Para os aparelhos ligados ao cabo ou ao satélite, nada vai mudar.
Mas os televisores analógicos não são simplesmente descartados. Em muitas casas, eles acabam indo para outros cômodos, como a cozinha ou um quartinho. E nem sempre são ligados ao cabo ou ao satélite. Dependem da antiga antena interna. Esses aparelhos serão afetados pelo desligamento da TV analógica.
A grande preocupação, no entanto, são os espectadores que não têm condições para comprar um televisor novo e nem mesmo um conversor, que transforma o sinal digital em analógico para que seja exibido num aparelho mais antigo. A TV é o meio de comunicação mais popular do Brasil, presente em 95% das casas. O governo prometeu anunciar esta semana o cronograma do desligamento da TV analógica e também um programa de subsídios para a população de baixa renda.
A experiência internacional mostra não ser possível fazer essa transição sem apoio financeiro ao consumidor de baixa renda. Até nos EUA o governo teve de distribuir cupons de desconto para a compra de conversores, para viabilizar o apagão analógico. Por lá, foram distribuídos cupons de US$ 40, e cada residência tinha direito a dois cupons. O Congresso dos EUA destinou US$ 1,5 bilhão para esse subsídio.
Mesmo com essa ajuda financeira, não deu tempo de desligar os canais analógicos americanos na data marcada, fevereiro de 2009. Eles tiveram de adiar o processo por quatro meses. Por aqui, vai ser um desafio garantir que ninguém fique sem sinal de televisão.
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