sexta-feira, 6 de julho de 2018

O Fust, o diesel e a burrice, Link Estadão, ( definitivo)

O relevante é pensar e inventar o Uber ou a Amazon ou o Facebook
06/07/2018 | 05h30
 Por Pedro Doria - O Estado de S. Paulo


    OPINIÃO: Brasil é um time comum, mas o trabalho não deve ser descartado Robson Morelli*, O Estado de S.Paulo

    Neymar e toda a equipe precisam aprender com o fracasso em Copas do Mundo; já são dois desde 2014



    06 Julho 2018 | 17h26
    Brasil está fora da Copa do Mundo da Rússia. Os 90 minutos contra a Bélgica em Kazan despiram a seleção de suas convicções e de tudo o que o time de Neymar fez até então. Cabeça baixa, cumprimentado pelos companheiros e pelos rivais, o próprio Neymar fracassa em sua segunda competição da Fifa. Não foi nem de longe o que o torcedor brasileiro esperava, apesar de todos saberem que o melhor jogador do Brasil chegou à Rússia após três meses parado por lesão e cirurgia. A derrota de 2 a 1 interrompe a retomada do futebol brasileiro após outro fracasso, quatro anos antes, em casa. Mas não se deve jogar tudo por terra, recomeçar do zero, entregar para o próximo ciclo terra arrasada.
    Por mais doído que possa parecer para o povo brasileiro, de cinco conquistas mundiais, a seleção brasileira é um time comum, feito tantos outros que desembarcam no país-sede para disputar a competição. O Brasil carrega consigo seus títulos, mas não consegue mais repetir os feitos do passado.
    Neymar
    Neymar sai de campo cabisbaixo após a derrota do Brasil para a Bélgica. Foto: Francisco Seco/AP
    O Brasil em crescimento que Tite tanto pregou e que nós vimos de uma partida para outra, sem sobras, não deu conta de parar um geração belga em franca ascensão e euforia. Não é trabalho de dois anos. O Brasil perdeu porque também jogou mal, na defesa e no ataque. Nenhum de nossos jogadores brilharam individualmente. E nesse quesito todos os brasileiros lembram e recorrem a Neymar. Era ele que deveria fazer a diferença, recuperado que estava. Não fez. Suas jogadas foram comuns, longe da fama que carrega e do barulho que faz nas competições.
    Neymar precisa aprender com o fracasso, e já são dois em Copas do Mundo, mesmo a despeito de não ter atuado contra a Alemanha em 2014. Estava machucado e já fora daquela competição. Neymar tem de aprender que os craques são aqueles que decidem jogos, que ganham partidas, que fazem a diferença de alguma forma. Ele não foi nada disso em Kazan contra os belgas. Só esses entram para a história. O Brasil parou nas quartas de final do Mundial, piorando seu desempenho se comparado com a edição passada, quando o time de Felipão foi eliminado na semifinal.
    O Brasil correu demais atrás do resultado, passou a errar muitos passes e desperdiçou boas chances construídas, algumas delas com Jesus, Firmino e Philippe Coutinho. Erraram nas finalizações. A seleção brasileira era a última em campo a defender a tradição do futebol sul-americano, uma vez que horas antes o Uruguai havia sido derrotado pela França. A Copa da Rússia agora só tem seleções da Europa.
    *ROBSON MORELLI É EDITOR DE ESPORTES DO ESTADO

    Galvão Bueno faz editorial, e Glenda chora para a câmera, FSP

    SÃO PAULO
    O locutor e âncora Galvão Bueno bem que queria apontar um culpado, ao final. Ao surgir uma imagem de Neymar, até começou uma frase em tom acusatório, "Nossas grandes estrelas...", mas parou ou foi parado. Depois falou em derrota da seleção "no total, sem escolher ninguém", e afirmou repetidamente que "é um esporte".
    Não era esse o seu instinto. Durante a transmissão, ele voltou a culpar o juiz durante toda a partida —e responsabilizou Fernandinho, raivosamente, pelo primeiro e pelo segundo gol da Bélgica. Só foi se conter ou foi contido depois de encerrado o jogo.
    ​E fez então um salto de oratória, passando tortuosamente a defender a manutenção de Tite ou, mais especificamente, que a atual direção da CBF não tome decisão nenhuma até passar o bastão, em abril de 2019.
    Culminou com frases como "houve uma varredura, uma limpeza no futebol brasileiro", referência à investigação nos EUA. Acabou por confundir o comentarista Ronaldo, que apoiou Aécio Neves para presidente e começou a falar de política nacional, até ser cortado por Galvão, rindo e dizendo: "Aí eu já não sei".
    O interesse editorial era mais comezinho, imediato: evitar que a direção atual da CBF atrapalhe, como explicitou o narrador, as "grandes audiências" alcançadas.
    O encerramento interessado do locutor e âncora contrastou, em seguida, com a entrada lacrimosa de Glenda Kozlowski, chorando diante da câmera ao falar da reação da mãe do mesmo Fernandinho, diante do gol contra do filho.
    Foi um encerramento mais adequado, na verdade, para a primeira cobertura não jornalística da campanha brasileira pela Globo.
    Seu departamento de Esporte, antes da Copa da Rússia, se desgarrou do Jornalismo para permitir projetos ligados mais diretamente à publicidade.
    As entradas ufanistas de Kozlowski e de Alex Escobar, forçando risadas desde antes da estreia no torneio, também os links com ruas em verde-e-amarelo que festejavam ao receber o sinal das câmeras, também a participação de garotos-propagandas dos patrocinadores nos próprios programas: tudo se integrou mais aos anúncios sempre verde-e-amarelos dos intervalos.
    Ufanismo antes, lágrima depois, aí sim o jogo se completou.
    Nelson de Sá
    Jornalista, foi editor da Ilustrada.