domingo, 17 de abril de 2016

Ela mora na ‘melhor casa do mundo’, OESP


EDISON VEIGA
27 Fevereiro 2016 | 16:00
Dona Dalva, a diarista da Vila Matilde cuja residência – que custou R$ 150 mil – acaba de ganhar prêmio internacional
Foto: Gabriela Bilo/ Estadão
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Em fevereiro de 2014, o teto do quarto de Dalvina Borges Ramos, a dona Dalva, despencou sobre a cama. “Por sorte, estava no banho. Por Deus”, diz ela. Exatos dois anos depois, a diarista de 74 anos mora na melhor casa do mundo, de acordo com premiação anual do site ArchDaily. “Será mesmo?”, ainda reluta em acreditar. “Eu acho minha casa diferente, mas não sei se é a melhor. Parece casa de fazenda, chão de cimento, paredes sem aquela massinha lisa…”
Baiana de Itaquaraí, dona Dalva mudou-se para São Paulo em 1966, depois de morar um tempo na interiorana Pirajuí, onde trabalhava na roça. Na capital paulista, sempre foi empregada doméstica. “Vinte anos na mesma casa, trinta anos como diarista”, contabiliza. “Nesse tempo todo, guardei cada moedinha que sobrava porque um dia queria ter uma casa boa.”
O dinheiro nunca chegava. Mas a iminente ruína de sua residência, na Vila Matilde, zona leste de São Paulo, fez com que o filho, o vendedor Marcelo Borges Ramos, de 41 anos, a convencesse de que não dava mais para esperar: os R$ 150 mil que ela conseguira guardar precisariam bastar para a casa nova.
Sua ex-mulher era amiga da prima da mulher de um arquiteto, isso Marcelo sabia. Um arquiteto daria jeito em fazer caber o orçamento dentro de tão econômica cifra. Foram lá.
Era o escritório Terra e Tuma, em Pinheiros. O arquiteto se chama Danilo Terra – e o projeto foi conduzido por ele, em parceria com Pedro Tuma e Fernanda Sakano. “Eles deixaram claro que tinham esse valor na poupança, bem restrito”, recorda-se Tuma. “Achamos que era, sim, viável. Com a consciência de que há certas dificuldades em trabalharmos com um limite financeiro frágil, que não pode ser ultrapassado de forma alguma.”
“Mais que isso”, acrescenta Terra. “Pensamos que não era possível que uma senhora de mais de 70 anos não conseguisse ter sua casa nova depois de tantos anos guardando o dinheirinho dela.”
Foto: Gabriela Bilo/ Estadão
Foto: Gabriela Bilo/ Estadão
Foram quatro meses de demolição e seis meses de obra. E o imóvel, de 95 metros quadrados, estava pronto. “Minha antiga casa estava despencando. Você passava a mão na parede e caía areia”, compara Dalva. “Esta eu acho que não vai desabar tão cedo. Eu me sinto segura: valeu cada moedinha que eu guardei.” Os arquitetos garantem. “É a melhor execução de obra que a gente tem na carreira”, diz Terra.

“Eu não sabia que ia ficar assim, diferente”, comenta dona Dalva. “Trabalhei em um monte de casa diferente na minha vida, mas nunca tinha visto uma assim. É gostosa, fresquinha…” Contemporânea, definem os arquitetos. “É importante deixar claro que não se trata de um projeto de menor qualidade, por ser mais barato. Pelo contrário: é arquitetura contemporânea, da maneira como a gente acredita. E que funciona para qualquer um de nós”, ressalta Tuma.

‘Para sairmos da crise, todos terão de perder’, Samuel Pessoa, OESP


  
O pesquisador Samuel Pessôa tem uma convicção sobre a economia brasileira: “Vai piorar muito antes de melhorar”, em especial no que se refere ao desemprego, que pode bater em 12% e ser o maior da história do País. Na política, o especialista vê um cenário de dúvidas. Mesmo a favor do impeachment, vê as chances da presidente Dilma Rousseff permanecer no cargo melhorando. “Com ou sem mortadela, a reação a favor aumentou.”
Além disso, ele não tem certeza se o PMDB pode fazer as reformas necessárias para tirar o País da crise. Segundo pesquisa que ele acompanha, o partido prefere os bônus aos ônus do poder.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
A crise está se acentuando. O sr. consegue ver uma saída?
Na minha conta, sem considerar receitas não recorrentes, apenas receitas normais, o déficit primário do setor público neste ano vai a R$ 150 bilhões. No ano que vem, serão isso mais R$ 30 bilhões, ou R$ 180 bilhões no total. No outro, R$ 210 bilhões. A fonte secou. A gente precisa zerar o jogo. A solução passa pela sociedade toda. Para tirar o Brasil da crise, todo mundo vai ter de perder.
O sr. está dizendo que não há como escapar de reformas profundas?
Para não ser isso aí, sim. Evidentemente, quem deve perder menos são os pobres. No Bolsa Família não dá para mexer. No caso da aposentadoria de assistência social, vai ter de desvincular o piso do salário mínimo – e aí começa a mexer um pouquinho. Mas enquanto a gente não reconstruir uma estrutura fiscal saudável, a gente não consegue manter a regra do salário mínimo. Vai ter também de repensar todo mundo que está no lucro presumido do Simples, o que pega as classes A e B. Repensar os grupos que têm receita especial, penduricalhos, como o Sistema S, com uma regra de transição. Esses caras vão ter de viver com o dinheiro deles, da capacidade de arrecadar. Vamos cortar subsídios e desonerações. Tem de fazer uma reforma da Previdência, com idade mínima, e aumentar a contribuição do servidor público que tem aposentadoria integral. Tem de cobrar mensalidade em universidade federal. Tem alguém com quem eu não mexi?
Parece ter mexido com todos.
Tem uma agenda para União e outra para Estados e municípios. A agenda da União a gente compreende mais. Precisa redesenhar nosso Estado de bem-estar social. Redesenhar, inclusive, para que possa atender melhor aos mais pobres. Tenho visto o professor Belluzzo (economista Luiz Gonzaga Belluzzo) – e me chateia muito ele falar isso – dizer que os liberais querem jogar a conta nos mais pobres. Bom, nunca emiti essa opinião. Ele não cita o meu nome, mas sei que está pensando em mim. Ninguém entre nós, os liberais, quer tirar dinheiro de pobre. Não é isso. É preciso redesenhar esse Estado, exatamente para atender os mais necessitados.
E para Estados e municípios?
Aí o ajuste fiscal é uma agenda com servidores. Tem de poder demitir, cortar salário, principalmente quando não se tem dinheiro.
Que é o caso agora.
Sim. Que é o caso agora. Se não cortar gastos, voltamos à hiperinflação.
Nós estamos no meio do processo do impeachment. Qual é o cenário para a economia se Dilma ficar no cargo?
Esse era o cenário até um mês atrás. Eu achava que era muito fácil conseguir os votos. Já não sei. E eu sou favorável ao impeachment. Declarei. Acho que ela cometeu crime mesmo. Fez diferente do que os outros governos. Não essa coisa de meia gravidez. Na pedalada, a quantidade importa. Uma coisa é você ter um contrato de 100 com a Caixa, para a Caixa pagar os programas sociais X, Y e Z e, nesse fluxo de caixa, às vezes, vira um mês ou o ano, tem um negativo. Isso acontecia. Outra coisa é isso chegar a 500. Quem lida com banco sabe. Uma coisa é o seu fluxo de caixa ficar 1% negativo e o banco cobrir. Outra coisa é ficar 500% negativo. Assim, com Dilma, eu vejo um cenário de empurra com a barriga o que esta aí. Não vejo mais catástrofe.
Não vê?
É assim: já estamos dentro de uma catástrofe. O PIB (Produto Interno Bruto) caiu 3,8% no ano passado. Na nossa conta no Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), que é uma das mais otimistas, vai cair 3,4% neste ano e 0,4% no ano seguinte. Ou seja, em 4 anos, a gente vai ter um perda de PIB per capita de 10%. Se isso não é uma catástrofe, eu não sei o que é. Perda de 10% de PIB per capita é motivo para ir à guerra. A taxa de desemprego vai atingir 12,5% no fim do ano. Na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), 12,5% é mais do que na PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que só cobre regiões metropolitanas. Dos anos 1980 ao início dos anos 2000, medíamos o desemprego nas regiões metropolitanas. Na época em que tínhamos desemprego de 12% nas regiões metropolitanas, com a PME, o desemprego no País era 9%. Se pegar a Pnad anual em 2002 e comparar com a PME da época, vai ver essa diferença.
O sr. está dizendo que vamos viver um desemprego recorde?
Estamos caminhando para isso. Se chegar a 12% na Pnad Contínua, que é todo território nacional, será um desemprego nunca visto na história.
E qual é o cenário num eventual governo de transição com o PMDB?
Vou contar uma história. Há um ano, eu fui no lançamento de um livro de Carlos Pereira e Marcos Mello, que são dois craques da ciência política brasileira, que se chama Making Brazil Work (Fazendo o Brasil Funcionar), que tenta entender como, ao longo de muitos anos, o presidencialismo de coalização funcionou. Eles pediram para eu fazer um comentário. Eu fiz, dizendo a gente tem uma coisa que é meio incomum: o PMDB. O partido tem quatro características muito marcantes. É grande, na dupla acepção: grande geograficamente, porque cobre todo o território nacional, e grande de tamanho por ter muitos deputados. É ideologicamente amorfo: você não sabe direito qual é a ideologia dele. Também se abstém de competir pela cabeça do Executivo nacional, mas, por outro lado, participa de todas as coalizões governamentais. Está sempre no governo. Eu disse: Carlos, Marcos, esse animal é uma jabuticaba? Só tem aqui? A gente conversou e começou a pesquisar. Eu sou um mero palpiteiro. Mas a gente criou um indicador de PMDB e saiu procurando PMDB pelo mundo.
Acharam outro?
Até agora não.
Como seria esse PMDB na gestão da economia na atual crise?
Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Fiz para vários cientistas políticos. Tem opiniões para todos os gostos. Tenho a maior dúvida. Entre alguns cientistas políticos há uma visão otimista: seria um governo que não vai precisar concorrer para a presidência, não precisou fazer campanha, não tem que se comprometer com nada. É um governo de salvação nacional. Tem um nome inglês para isso: “caretaker government”, algo como governo cuidador. Seria uma coisa Churchill (primeiro ministro do Reino Unido, Winston Churchill) durante a segunda guerra: sangue, suor e lágrimas, vamos que vamos. Nessas circunstâncias, o País estaria disposto a pagar um custo. Mas acho que essa visão é, como se diz...
Relativizada?
Tem uma outra palavra melhor, mas relativizada serve. Primeiro, a reação a favor da Dilma está sendo maior do que qualquer pessoa imaginava. Com mortadela ou sem mortadela, com ônibus da CUT ou não, 90 mil pessoas na Paulista é importante. E não é só isso, mas se criou um clima de não vai ter golpe. Interessante isso. Muitas pessoas importantes, formadores de opinião, estão olhando o impeachment como o fim do governo Jango (João Goulart, presidente deposto). Eu confesso que tenho uma dificuldade imensa de entender isso. Nós temos o Supremo e o Congresso funcionando. Como que isso pode ser parecido com a quartelada de 1964? Mas tem muita gente com importância, com visibilidade na mídia, que tem essa leitura.
E o que isso significa?
Significa que a gente tem outra questão: como um governo pode votar coisas muito dramáticas, mexer em direitos de toda a sociedade, sem negociar isso numa campanha eleitoral? Eu não sei se a gente consegue fazer um ajuste fiscal a partir de uma acordo das elites, do Senado. A elite da política, em geral, está no Senado. Esses caras entendemos problemas, se reúnem num jantar, negociam e convencem a câmara a aprovar. Funciona assim desde o império.
E não tem como mudar?
Mas parece que o Brasil mudou nos últimos 30 anos. Está colocando empresário na prisão. Faz um ano que Marcelo Odebrecht está preso. Parece um país diferente. Nessa dimensão, a minha percepção, é que a operação Lava Jato é ruim. Mas eu adoro a Lava Jato. Tem um imenso papel civilizatório. Porém, para essa questão específica (criar as condições para que a sociedade tenha um bom diagnóstico de seus problemas ), a operação Lava Jato é ruim. Porque ela vende uma ilusão.
Que ilusão?
De que os nossos problemas se resumem à corrupção. Mas nossos problemas são maiores. Por exemplo: a gente tem o pato da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Bom, a Fiesp vive de imposto compulsório. O imposto foi criado nos anos 40. Numa época em que fazia sentido. A gente não tinha INSS, não tinha escola pública, não tinha ensino técnico, não tinha um monte de coisa. Era um país muito mais atrasado. A gente copiou um modelo de escola técnica que vinha da Alemanha, financiado por um imposto sobre a folha de salário. Fazia sentido. Dos anos 40 para cá, o País mudou. Acho que não faz sentido. Nada contra o Sistema S. Gosto do trabalho deles, mas, dado o País hoje, suas necessidade e dificuldades, eles precisam se financiar sozinhos.
A bandeira da Fiesp é contra o aumento de impostos, contra a CPMF, medida que os economistas dizem ser difícil de se escapar.
É assim. E põem o pato na frente do prédio, mas a gente paga o pato para eles, e paga há muito tempo. E quando a gente fala em tirar o pato, esperneiam.
O PMDB não toca reformas, então?

Teoricamente, a cabeça do executivo nacional está caindo no colo do PMDB por causa da incompetência superlativa da presidente Dilma – eu acho que ela está sendo “impichada” por pura incompetência. Mas tenho visto que os políticos do PMDB já estão pensando lá na frente e dizendo: “meu Deus do céu, eu vou ser presidente”. Mas aí vou ter de administrar esta economia, que não vai melhorar. Na verdade, vai ter de piorar muito antes de melhorar. Aí, como eu vou concorrer nas eleições municipais? Começa a ter um conflito. Porque se você é a cabeça do Executivo nacional, não só tem que escolher quem vai concorrer, como tem de assumir o ônus da macroeconomia. Essa é uma conta que cai para o partido que está liderando (o País). Os outros componentes da coalizão não têm bônus quando a economia vai bem, mas não têm ônus quando vai mal. Como agora a macroeconomia só vai dar ônus por um bom tempo, sinto rachaduras. Talvez não seja tão tranquilo para o PMDB desembarcar, apesar de já ter desembarcado. O custo não é só perder os ministérios. O custo é o ônus das políticas necessárias para colocar o País nos trilhos.

O trabalho muda de forma, Celso MIng, OESP


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Celso Ming
03 Abril 2016 | 07h 02
Nunca foi tão fácil fazer um bico. Não porque o mercado de trabalho brasileiro esteja aquecido, muito pelo contrário, mas porque a proliferação de aplicativos que conectam diretamente quem está precisando de um determinado serviço e a mão de obra disposta a prestá-lo avança com enorme rapidez. É um movimento que põe em xeque certos pilares da atividade econômica. A relação de trabalho é um deles.
Já há um leque de plataformas que colocam em contato os interessados nas duas pontas do serviço: motorista particular para agora (Uber), um nerd disposto a consertar seu computador em questão de horas (Encontre um Nerd), alguém que leve o cachorro para passear (GoWalk), alguém para fazer suas compras de supermercado (Carrinho em Casa), motoboy para realizar entregas (Loggi) e por aí vai. 
Trata-se de nova onda global de startups que desenvolvem aplicativos destinados a facilitar a vida, no que vem sendo chamado de On-Demand Economy (Economia Sob Demanda).
Nos Estados Unidos, por exemplo, um dos grandes destaques desse movimento é o aplicativo Handy, que possibilita a contratação, para o dia seguinte, de diaristas, encanadores, eletricistas e outros profissionais autônomos que oferecem serviços domésticos. Como acontece com a maioria das contratações desse tipo, o pagamento é feito por meio de cartão de crédito, diretamente na plataforma. A ficha online dos profissionais que você pode ou não contratar vem acompanhada de avaliações feitas por pessoas que já utilizaram o serviço. Fundada em 2012, a Handy já recebeu mais de US$ 40 milhões em investimentos. 
A rápida expansão desse tipo de plataforma vem levantando observações apreensivas em todo o mundo de que está em curso um inexorável processo de precarização do mercado de trabalho, perda de força dos sindicatos e derrocada dos sistemas de previdência social.
Por aqui não é diferente. O argumento da precarização é um dos levantados pelas associações de taxistas com objetivo de barrar o aplicativo Uber, como se eles próprios, principalmente os motoristas de frota, não estivessem sujeitos à mesma deterioração das condições de trabalho.
O ex-ministro do Trabalho e ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Almir Pazzianotto Pinto, observa que nós nos habituamos a pensar a relação trabalhista tomando como referência apenas o que dispõe a CLT. Todo o resto é visto como marginal. “O Brasil em 2016 não é mais o Brasil da CLT. Temos de pensar de outro jeito. Mas o mundo político não acompanha as transformações. A situação do trabalhador depende mais das condições da economia do que das disposições da CLT ”, adverte.
O professor de Economia do Trabalho da PUC-SP Leonardo Trevisan observa que a multiplicação desses aplicativos tem transformado o emprego em plataforma de negócio. “O motorista do Uber transformou o tempo dele e a força de trabalho dele, em mercadoria que ele vende a quem melhor pagar, sem contrato prévio. Se aparecerem novos aplicativos que lhe acenem com remuneração mais vantajosa, ele irá migrar para eles”.
Em meio a tantas perguntas sem respostas e diante da escassez teórica para tratar do assunto, Trevisan pinça uma questão ainda mais grave: A rápida multiplicação desse tipo de trabalho autônomo derruba a receita da Previdência Social e tende a quebrar também rapidamente as bases atuariais em que se assenta. “Nessas condições, como vamos pagar o contrato social e a sequência de benefícios sociais?”, indaga. 

É uma das principais questões ainda sem solução. Não houve tempo sequer para as necessárias discussões sobre o tema e para amadurecer uma solução. Legisladores, assim como nós, estão no meio de um furacão de mudanças, sem saber muito para onde ir. Isso acontece não apenas aqui no Brasil, mas em todo o mundo. Os debates avançam pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas ninguém aposta no que virá. Enquanto isso, a terra gira e as relações de emprego rodam. /COM LAURA MAIA