domingo, 8 de dezembro de 2013

Brasil terá uma das maiores linhas de transmissão do mundo

Brasil terá uma das maiores linhas de transmissão do mundo

Será inaugurado nesta terça, 6, o Linhão do Madeira, que vai de Porto Velho, em Rondônia, até Araraquara, no interior de São Paulo

06 de dezembro de 2013 | 17h 08

Rene Moreira, especial para O Estado de S. Paulo
FRANCA - Cruzando o país, do Norte ao Sudeste, por quase 2,4 mil quilômetros, será inaugurada oficialmente nesta terça-feira, 6, uma das maiores linhas de transmissão de energia do mundo. Ela parte de Porto Velho, em Rondônia, onde acontece a inauguração, até Araraquara, no interior do estado de São Paulo.
Construído pela empresa IE Madeira - Interligação Elétrica do Madeira, o "Linhão do Madeira" teve investimento total de R$ 2,2 bilhões e foi finalizado em 24 meses.
Para sustentar mais de 19 mil quilômetros de cabos condutores, totalizando 63 mil toneladas de alumínio, foram utilizadas mais de mil torres autoportantes e cerca de 4 mil torres estaiadas com alturas de até 87 metros, somando 52 mil toneladas de aço.

Subir na vida é 'mais fácil' hoje para 63%


Pesquisa da CNI mostra que sentimento de prosperidade é maior no Nordeste, onde o porcentual que acredita na mobilidade social é de 73%

08 de dezembro de 2013 | 2h 09

LUIZ GUILHERME GERBELLI - O Estado de S.Paulo
Há um sentimento de prosperidade entre os brasileiros. Hoje, 63% da população acha mais fácil avançar socialmente do que há dez anos, mostra uma pesquisa inédita feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre o padrão de vida do brasileiro. O levantamento também revela que esse sentimento positivo é maior no Nordeste, onde 73% da população acha mais fácil melhorar de vida.
Os sinais de prosperidade estão diretamente ligados aos ganhos econômicos que ocorreram nas últimas décadas. Em 1994, o Plano Real trouxe a estabilidade, o fim da inflação e a renda do trabalhador deixou de ser corroída. Nos últimos anos, houve uma grande expansão do emprego formal e a inserção de milhões de brasileiros no mercado de consumo.
"Mais de 30 milhões de pessoas entraram na classe média. E esse movimento foi ajudado pela formalização", afirma Renato da Fonseca, gerente de pesquisa da CNI. "Nos últimos anos, o País cresceu e o desemprego caiu muito, o que fez com que as pessoas conseguissem negociar salários melhores e aumentassem a renda."
A sensação positiva é tão grande que a pesquisa revelou que 77% dos entrevistados consideram o padrão de vida melhor ou muito melhor do que o dos seus pais. Além disso, 84% dos entrevistados projetam que os filhos terão uma condição de vida melhor ou muito melhor.
O levantamento da CNI também apurou que, para o brasileiro, o País se tornou majoritariamente uma nação de renda média: 75% se declaram integrantes da classe média, 21% afirmaram ser da classe baixa, e 2% estão na classe alta - o restante não soube ou não quis responder. "Esse número está até acima do que alguns estudos têm mostrado, que apontam a classe média como aproximadamente 55% da população", afirma Marcelo Neri, ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"O Brasil viveu uma grande transformação nos últimos 20 anos, especialmente nos 10 anos passados", afirma. Durante esse processo de crescimento, diz Neri, houve mais fermento na base da sociedade, especialmente para indivíduos mais pobres e para grupo tradicionalmente excluídos.
Na avaliação dele, a classe média tem se mantido "surpreendentemente" forte no Brasil, mesmo com a desaceleração da economia nos últimos anos. "Eu acho que, de uma maneira surpreendente, a nova classe média passou pelo teste de amortecedor. Na verdade, a gente mede esse grupo não pelo PIB, mas pela renda e consumo", diz ele. Se em 2012 o crescimento foi revisado de 0,9% para apenas 1% na semana passada, o consumo per capita avançou 8,9% no País. "É verdade que os segmentos que mais cresceram foram os extremos da distribuição de renda. Não foi uma mudança tão favorável para a classe C."
Os dados do Ipea mostram que a renda dos 5% mais ricos cresceu 14% em 2012, enquanto a dos 5% mais pobres avançou 21%. "Mas nenhum segmento da população teve um crescimento inferior a 6,5% reais por pessoa", diz Neri.
Apesar dos sinais de prosperidade, há um forte medo entre os brasileiros de regredir. Pelo levantamento da CNI, 77% dos entrevistados estão preocupados em perder o padrão de vida alcançado nos últimos anos, 74% temem não ter dinheiro suficiente para se aposentar e 71% se preocupam em ficar sem trabalho, perder o emprego, ou ter de fechar o negócio próprio nos próximos 12 meses. O levantamento também mostra que 46% acham difícil manter o padrão de vida nos últimos 10 anos. "É interessante que as pessoas digam que é mais fácil subir socialmente, mas exista preocupação em não perder o padrão de vida. Isso pode até refletir um movimento de subida e descida", diz Fonseca.
O estudo da CNI foi feito em parceria com o Ibope. Foram ouvidas 2.002 pessoas em 143 municípios. O intervalo de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

Nem a Copa deve ajudar o PIB em 2014


Economia do País deve piorar no ano do mundial, como ocorreu com México e Japão

08 de dezembro de 2013 | 2h 09

Fernando Nakagawa - Correspondente para O Estado de S.Paulo
LONDRES -Ao contrário das inúmeras promessas de que os grandes eventos esportivos dariam impulso à economia brasileira, cresce a sensação de que vai dar zebra na economia em 2014. Mesmo com a Copa do Mundo, a já fraca atividade econômica deve desacelerar ainda mais no próximo ano.
Levantamento do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, mostra que, nas últimas três décadas, apenas três países que sediaram o mundial de futebol tiveram desaceleração da economia no ano da Copa: México, em 1986, Itália, em 1990 e Japão, em 2002. Pelas previsões cada vez mais pessimistas, tudo indica até o momento que o Brasil corre sério risco de completar o time de países com economia na retranca no ano do mundial.
Diante de sinais de fraqueza financeira, alta dos juros e ameaças que vão das contas públicas às a balança internacional, economistas estão apreensivos. Previsões para 2014 ignoram as promessas sobre o impacto positivo da Copa do Mundo na economia brasileira e, a menos de 200 dias do evento, prevalece a aposta de que o ano que vem será pior que 2013 em termos de crescimento da atividade econômica. A mais recente pesquisa Focus, do Banco Central, mostra que o mercado aposta que o produto interno bruto (PIB) deve crescer 2,50% este ano e reduzir o ritmo para 2,11% no próximo ano.
PIB baixo. Após o decepcionante dado do PIB do terceiro trimestre, conhecido na semana passada - queda de 0,5% -, as apostas devem piorar e caminhar para perto de 2% em 2013 e menos de 2% no próximo ano.
Com tal cenário, o Brasil deve se junta ao pequeno grupo de países cuja economia piorou no ano da Copa. Em 1986, o PIB do México teve retração de 3,8%, pior que o crescimento de 2,6% um ano antes do mundial. Em 1990, a Itália cresceu 2%, menos que os 3,4% do ano anterior. Outro caso foi o Japão, que avançou 0,3% em 2002, menos que o 0,4% do ano anterior.
Em todos os demais países que sediaram a Copa do Mundo nas últimas três décadas, a economia ganhou velocidade no ano do evento: Espanha em 1982, Estados Unidos em 1994, França em 1998, Coreia do Sul em 2002 (quando dividiu a organização do torneio com o Japão), Alemanha em 2006 e África do Sul em 2010.
Média mundial. Um levantamento do Credit Suisse confirma essa fraqueza brasileira. O banco suíço comparou o crescimento do PIB dos países-sede no ano da Copa não apenas entre eles mesmo, mas em relação à média mundial.
Nas últimas três décadas, os mesmos Espanha, México, Itália e Japão foram os únicos países que tiveram crescimento do PIB abaixo da média mundial no ano em que receberam a Copa do Mundo. O Brasil, também nesse caso, deve acompanhar os lanterninhas em crescimento econômico.
Para 2014, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia global deve crescer 3,6%. O Brasil, pelas contas do mercado, crescerá algo em torno de 2% ou até menos. Portanto, abaixo da média global. O levantamento do Credit Suisse ainda mostra que Estados Unidos, França, Coreia do Sul, Alemanha e África do Sul seguiram na direção oposta: cresceram mais rápido que a média mundial nos anos em que foram palco da Copa.