terça-feira, 30 de abril de 2024

Negociações sobre plástico terminam sem acordo para redução da produção, FSP

 

Valerie Volcovici
REUTERS

As negociações de um futuro tratado global da ONU (Organização das Nações Unidas) para combater a crescente poluição plástica se estenderam até a manhã desta terça-feira (30) no Canadá, em meio a debates tensos sobre se o mundo deve buscar limitar a quantidade de plástico produzido.

As discussões duraram, ao todo, uma semana em Ottawa. Como as conversas finais dessa rodada atravessaram a madrugada, os países concordaram em continuar os debates em reuniões específicas até a cúpula final, que começará em 25 de novembro em Busan, na Coreia do Sul.

Inclinado, homem junta pedaços de plástico imerso em uma poluição que vai até os seus joelhos
Poluição de plásticos na praia de Kedonganan, em Bali, na Indonésia - Sonny Tumbelaka - 19.mar.2024/AFP

O trabalho até lá deverá incluir a busca de fontes de financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a implementar o tratado. Os países também concordaram em elaborar um processo para identificar produtos químicos plásticos que são perigosos à saúde, além de itens que promovem desperdício, como os recipientes de uso único.

Os países não conseguiram estabelecer em Ottawa um processo formal para avaliar quanto plástico virgem é produzido ou determinar a quantidade que deveria ser considerada insustentável.

O tratado que deve ser fechado em Busan tem o objetivo de ser o de maior peso em relação às emissões que causam o aquecimento global e à proteção ambiental desde o Acordo de Paris, assinado em 2015.

"Este é um pequeno passo em um caminho muito longo", disse Sivendra Michael, principal negociador de Fiji, nação insular do Pacífico. "Literalmente, temos sete meses restantes para cumprir essa promessa [de conter a poluição plástica]."

Mais de 50 países apoiaram uma proposta de Ruanda e Peru para avaliar qual seria um nível sustentável para a produção de plástico.

A produção de plástico se encaminha para triplicar até 2050, e os níveis atuais já "são insustentáveis e excedem em muito nossas capacidades de reciclagem e gestão de resíduos", disse a principal negociadora de Ruanda, Juliet Kabera.

Enquanto algumas partes se opuseram a limitar a produção de plástico, um grupo de 28 países emitiu um compromisso de levar adiante o esforço do tratado de incluir limites para a produção.

"A ciência é clara: devemos primeiro abordar os níveis insustentáveis de produção de plástico se quisermos acabar com a poluição plástica globalmente", disse Christophe Bechu, ministro da transição ecológica da França.

Os esforços contra a produção enfrentaram forte oposição de alguns países produtores de petroquímicos, como Arábia Saudita e China, bem como de grupos industriais que fizeram lobby em Ottawa.

Eles argumentaram que, com a cúpula final dentro de apenas sete meses, os países deveriam se concentrar em tópicos menos controversos, como gestão de resíduos plásticos e design de produtos.

O principal negociador da China em Ottawa, Yang Xiaoling, disse que os países deveriam reduzir suas ambições para chegar a um consenso sobre um tratado ainda neste ano.

COMPROMISSOS

Grupos ambientalistas que acompanharam as discussões alertaram que muitos compromissos políticos tendem a diminuir a eficácia de um eventual tratado.

"Os tópicos acordados [para discussão futura] não abrangem toda a gama de questões em pauta", disse Christina Dixon, ativista da área de oceanos da ONG Environmental Investigation Agency.

Mas outros viram de forma positiva o foco em questões como os riscos à saúde de substâncias químicas ligadas aos plásticos.

"Plásticos e produtos químicos plásticos tóxicos atravessam nossas fronteiras com pouco ou nenhum controle ou proteção para nossa saúde", disse Griffins Ochieng, diretor-executivo do Centro de Justiça Ambiental e Desenvolvimento no Quênia.

Enquanto as reuniões eram realizadas em Ottawa, a Primeira Nação Aamjiwnaang, comunidade indígena localizada na mesma província no Canadá (a de Ontario), declarou estado de emergência devido a um vazamento industrial de benzeno, produto que pode causar câncer.

Membro do Conselho de Aamjiwnaang, Janelle Nahmabin chamou o incidente de um "exemplo infeliz" do "que essas negociações realmente estão falando".

Eletrolisadores de hidrogênio podem ser próxima grande exportação da China, diz especialista, FSP

 

Lu YutongChen Yaoyu
CAIXIN

Com os baixos custos e a forte capacidade de produção alcançada na China, fabricantes de eletrolisadores de hidrogênio podem levar o equipamento a se tornar a quarta maior exportação relacionada a novas energias no país.

A liderança hoje é de painéis solares, seguidos por baterias de lítio e veículos elétricos, de acordo com um especialista.

"Atualmente, a única maneira de produzir hidrogênio verde é [através da eletrólise] usando fontes renováveis como solar e eólica", disse o professor da Universidade Tsinghua, Ouyang Minggao, no Fórum Zhongguancun em Pequim neste domingo (28).

Condições climáticas favoráveis à geração de energia solar e eólica colocam o Brasil no centro do debate do “combustível do futuro” - Benoit Tessier/REUTERS

A crescente capacidade dos eletrolisadores tem sido um auxílio fundamental para a transição global para a energia limpa. Eles usam eletricidade de fontes renováveis ou nucleares para dividir a água em hidrogênio e oxigênio, produzindo assim o hidrogênio de baixa emissão, também batizado de hidrogênio verde.

A China possui atualmente a maior capacidade instalada e capacidade de fabricação de eletrolisadores do mundo, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).

A capacidade de fabricação de eletrolisadores anunciada pela China deve atingir 13,1 gigawatts este ano, disse a AIE. O volume é seguido de perto pela Europa, com 10,8 gigawatts em capacidade, e pela Índia e América do Norte com 4,3 e 3,1 gigawatts respectivamente, de acordo com os dados da agência.

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A participação da China na capacidade de produção global aumentou aproximadamente 30 pontos percentuais em 2022, atingindo quase 60%, de acordo com a S&P Global.

Apesar de outras nações estarem aumentando suas capacidades de fabricação, espera-se que a China represente ao menos metade da capacidade até 2025.

A eletrólise alcalina segue como o método mais viável para a produção de hidrogênio, de acordo com Ouyang, que também é membro da Academia Chinesa de Ciências. Os outros dois métodos, membrana de troca de prótons, e óxido sólido, usam tecnologias menos maduras e mais caras, disse Ouyang Minggao.

Aproximadamente 200 empresas chinesas planejam expandir seus negócios para eletrolisadores alcalinos, incluindo os setores de combustíveis fósseis e energia renovável, de acordo com um relatório de agosto da consultoria TrendBank.

Os fabricantes chineses de eletrolisadores começaram a explorar mercados internacionais em 2023, oferecendo uma vantagem de custo significativa sobre muitos concorrentes em áreas como a Europa, onde os equipamentos chineses são cerca de 70% mais baratos do que as alternativas locais, de acordo com um analista de hidrogênio.

No entanto, eles enfrentam padrões mais rigorosos para testes de segurança de produtos e financiamento na União Europeia antes de conseguir exportar para a região, disse o analista.

As empresas chinesas podem encontrar mercados mais receptivos na Austrália, Índia, Oriente Médio e América do Sul, disse ele, acrescentando que o sucesso nessas regiões poderia pavimentar o caminho para uma expansão futura em mercados ocidentais mais rigorosos.

No ano passado, fabricantes como Longi Hydrogen Technology, Jiangsu Guofu Hydrogen Energy Equipment e Beijing Peric Hydrogen Technologies assinaram contratos de fornecimento com clientes principalmente na Austrália, Oriente Médio e Índia.