Série de reportagens do Correio mostra, a partir de hoje, o quanto tal descaso afeta o cidadão, a natureza e a economia
postado em 06/08/2015 06:02 / atualizado em 06/08/2015 11:20
Warner Bento Filho / , Leonardo Cavalcanti / , Ivan Iunes
Uma montanha de ferro velho, contaminada com ácidos e derivados de petróleo de diferentes tipos, cresce no Brasil, alimentada por mais de 4 milhões de toneladas a cada ano. O lixo é formado por alguns dos maiores ícones da modernidade, os automóveis, mas ainda inclui motocicletas, caminhões, ônibus, máquinas de diferentes tipos, aviões, trens e navios.
O país, sétimo maior fabricante de carros, não tem regulamentação específica para cuidar do que sobra deles no fim da vida útil. É assim também com outras sucatas, como as de navios e de aviões. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada há cinco anos, em agosto de 2010, não prevê regras para dar um fim às carcaças. No vácuo da falta de regulamentação para a aposentadoria dos veículos, órgãos públicos, empresas e antigos donos se eximem de responsabilidade.
Hoje e ao longo dos próximos quatro dias, o Correio apresenta uma série de reportagens especiais sobre o impacto ambiental desses cemitérios de lata, os transtornos causados pelo lixo e o desperdício de recursos que ele representa. Com entrevistas e dados exclusivos, a partir de fontes dispersas, o jornal conseguiu montar o quebra-cabeça que dá a dimensão do problema para o país.
Uma frota de abandonos
A cada ano, o Brasil coloca nas ruas cerca de 3,5 milhões de novos veículos, que se juntam a uma frota estimada em cerca de 46,5 milhões de unidades. Só na cidade de São Paulo são abandonados, em média, 500 veículos por ano. “É muito difícil estimar a vida útil média de um automóvel, mas trabalhamos com cerca de 20 anos”, afirma o professor Alexandre de Oliveira e Aguiar, do Programa de Mestrado Profissional em Administração - Gestão Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Nove de Julho (Uninove), de São Paulo. Ele é autor, em parceria com José Joaquim Filho, de um dos poucos trabalhos sobre o assunto publicados no Brasil.
O constante aumento da frota faz com que a montanha se torne cada vez maior. No Distrito Federal, o número de veículos mais que dobrou, saltando de 775 mil para 1,56 milhão nos últimos 10 anos.
De acordo com o estudo, além das ameaças de natureza biológica representadas pelos veículos abandonados — como abrigo para vetores de doenças —, eles contêm riscos de contaminação química, pela presença de combustíveis, óleo lubrificante, fluido de freio, líquido de refrigeração, líquido do reservatório do lavador do para-brisa, combustível no reservatório de partida a frio, gás do sistema de ar condicionado e óleo dos amortecedores. “Os veículos, em fim de vida, têm potencial poluente, com componentes perigosos que podem trazer riscos à saúde”, diz o professor.
Uma tentativa de enfrentar o assunto tramita no Congresso Nacional, apresentada pelo deputado catarinense Décio Lima (PT). O projeto do parlamentar inclui veículos automotores e seus componentes entre as cadeias abrangidas pela logística reversa, no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, responsabilizando a indústria pela destinação adequada do veículo no fim da vida útil.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.
O país, sétimo maior fabricante de carros, não tem regulamentação específica para cuidar do que sobra deles no fim da vida útil. É assim também com outras sucatas, como as de navios e de aviões. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada há cinco anos, em agosto de 2010, não prevê regras para dar um fim às carcaças. No vácuo da falta de regulamentação para a aposentadoria dos veículos, órgãos públicos, empresas e antigos donos se eximem de responsabilidade.
Hoje e ao longo dos próximos quatro dias, o Correio apresenta uma série de reportagens especiais sobre o impacto ambiental desses cemitérios de lata, os transtornos causados pelo lixo e o desperdício de recursos que ele representa. Com entrevistas e dados exclusivos, a partir de fontes dispersas, o jornal conseguiu montar o quebra-cabeça que dá a dimensão do problema para o país.
Uma frota de abandonos
A cada ano, o Brasil coloca nas ruas cerca de 3,5 milhões de novos veículos, que se juntam a uma frota estimada em cerca de 46,5 milhões de unidades. Só na cidade de São Paulo são abandonados, em média, 500 veículos por ano. “É muito difícil estimar a vida útil média de um automóvel, mas trabalhamos com cerca de 20 anos”, afirma o professor Alexandre de Oliveira e Aguiar, do Programa de Mestrado Profissional em Administração - Gestão Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Nove de Julho (Uninove), de São Paulo. Ele é autor, em parceria com José Joaquim Filho, de um dos poucos trabalhos sobre o assunto publicados no Brasil.
O constante aumento da frota faz com que a montanha se torne cada vez maior. No Distrito Federal, o número de veículos mais que dobrou, saltando de 775 mil para 1,56 milhão nos últimos 10 anos.
De acordo com o estudo, além das ameaças de natureza biológica representadas pelos veículos abandonados — como abrigo para vetores de doenças —, eles contêm riscos de contaminação química, pela presença de combustíveis, óleo lubrificante, fluido de freio, líquido de refrigeração, líquido do reservatório do lavador do para-brisa, combustível no reservatório de partida a frio, gás do sistema de ar condicionado e óleo dos amortecedores. “Os veículos, em fim de vida, têm potencial poluente, com componentes perigosos que podem trazer riscos à saúde”, diz o professor.
Uma tentativa de enfrentar o assunto tramita no Congresso Nacional, apresentada pelo deputado catarinense Décio Lima (PT). O projeto do parlamentar inclui veículos automotores e seus componentes entre as cadeias abrangidas pela logística reversa, no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, responsabilizando a indústria pela destinação adequada do veículo no fim da vida útil.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.
PUBLICIDADE
Nenhum comentário:
Postar um comentário