terça-feira, 31 de maio de 2022

Despedida da Folha de Marcia Dessen

 Tenho o hábito de agradecer antes de pedir, agradecer pelas graças alcançadas e pelas que espero alcançar.

Assim, começo pelos agradecimentos. À Folha, que me proporcionou este espaço tão valioso para ajudar as pessoas a encontrar um propósito para cuidar das finanças e entender a importância do planejamento financeiro em suas vidas.

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Aos leitores, que me incentivaram e inspiraram muitas das histórias que contei, deixando claro que as pessoas importam e estão em primeiro lugar. As finanças e, por fim, os produtos e serviços financeiros que nos ajudam a resolver e a evitar problemas completam o elenco.

Sim, é uma despedida, hoje deixo a coluna da Folha, não sem antes compartilhar com vocês uma última história que me emocionou e me incentiva a continuar fazendo o que eu faço.

Moedas - Gabriel Cabral - 24.jan.2019/Folhapress

Caio e Telma, 51, casados há 16 anos, pais de Estela, 14, e Bento, 11. Ambos são médicos e construíram o patrimônio da família trabalhando muito, sempre no setor privado de saúde, sem vínculo empregatício no setor público.

Inesperadamente, Telma teve um AVC, chegou a ser levada ao hospital, mas morreu no mesmo dia do acidente vascular cerebral.

Caio, de repente, foi forçado a assumir o controle e a se responsabilizar por todas as despesas do orçamento familiar, antes compartidas com a esposa. Muito além dos números, se preocupa também em dar o suporte emocional de que os filhos precisam diante da perda prematura da mãe.

Caio e Telma se entendiam bem, não tinham dívidas e se responsabilizavam, ambos, pela gestão do orçamento familiar. Mantinham contas bancárias separadas. Ele não tem acesso às senhas da conta da esposa, estima mas não sabe ao certo o valor dos investimentos em nome dela e só saberá ao término do inventário, que será via judicial, modalidade obrigatória quando há herdeiros menores, como nesse caso.

A renda familiar, até então proveniente de duas fontes, passará a ser proveniente exclusivamente da renda de Caio. O controle dos gastos precisa ser aprimorado, o orçamento familiar é elevado, e sua maior preocupação é a de ser capaz de prover a educação dos filhos até que conquistem sua independência financeira.

De onde virá o dinheiro para substituir a renda antes proveniente do trabalho de Telma? Será que o casal foi previdente e buscou uma forma de proteção contra o risco da morte prematura de um ou de ambos os provedores da família com dois filhos menores para criar e educar?

Sim, felizmente, graças à leitura frequente desta coluna, há cerca de quatro anos procuraram uma planejadora financeira certificada para um planejamento financeiro que, entre outras providências, incluía a recomendação da compra de um seguro de vida com cobertura suficiente para prover a educação dos filhos. Bendito seguro!

Caio está agora analisando as alternativas para investir adequadamente os recursos que receberá da seguradora, com o objetivo de garantir o custeio dos estudos dos filhos até que estejam preparados para ingressar no mercado de trabalho.

A experiência gratificante de ter dado o apoio que ele precisava para tomar decisões importantes nesse momento de vida tão delicado só fortalece minha decisão de continuar fazendo o que faço, usando a voz e as letras para simplificar o que é complicado e compartilhar meu conhecimento e minha experiencia com as pessoas que precisam de orientação.

A gente se vê por aí. Forte abraço a todos vocês.

marcia.dessen@gmail.com


Elize Matsunaga, condenada por matar o marido, ganha liberdade condicional e deixa a prisão, OESP

 SÃO PAULO – A Justiça concedeu na tarde desta segunda-feira, 30, liberdade condicional a Elize Matsunaga, condenada a 16 anos de prisão por matar e esquartejar o marido, Marcos Kitano Matsunaga. O caso ocorreu em 2012 e o julgamento, em 2016. Elize ainda deixou a Penitenciária Feminina de Tremembé, no interior de São Paulo, nesta segunda.

Elize Matsunaga
Elize Matsunaga durante o julgamento em dezembro de 2016 Foto: Werther Santana/Estadão

Advogada de Elize, Juliana Fincatti Moreira Santoro disse que a notícia foi recebida com surpresa. "A gente está satisfeito porque a decisão finalmente saiu, mas não sabíamos exatamente quando isso aconteceria", afirmou ao Estadão.

Segundo ela, Elize ainda não deixou a Penitenciária Feminina de Tremembé, mas a expectativa é que irá sair ainda hoje. "Falta só resolver alguns trâmites para a liberação", explicou. Por questão de segurança, não foi divulgado o local para onde ela será levada.

Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou que, após decisão judicial, a direção da Penitenciária Feminina "Santa Maria Eufrásia Pelletier" de Tremembé deu cumprimento às 17h35 desta segunda ao alvará de soltura em favor de Elize Matsunaga, em virtude de livramento condicional.

Relembre a condenação de Elize

Em dezembro de 2016, Elize Matsunaga foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão em regime fechado por ter matado e esquartejado o marido, em 2012. O crime aconteceu no apartamento do casal, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Após ser baleado na cabeça, o executivo teve o corpo cortado em sete partes, jogadas à beira de uma estrada em Cotia, na Grande São Paulo.

Ré confessa, Elize foi presa semanas após cometer o assassinato. A pena máxima prevista para os crimes cometidos por ela era de 33 anos de reclusão, mas o Conselho de Sentença eliminou duas das três qualificadoras no homicídio. Apesar de comemorar o entendimento dos jurados, a defesa de Elize recorreu.

A pena, então, foi recalculada para 18 anos e nove meses, em razão do tempo de Elize na prisão e trabalhos realizados na penitenciária. Depois, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu para 16 anos e três meses.


segunda-feira, 30 de maio de 2022

Walter Taverna, referência do Bexiga, em SP, morre aos 88 anos, FSP

 


SÃO PAULO

O barulho das tampas dos panelões de molho vermelho e de macarrão ao longo de décadas se confundia com o badalar do sino da igreja ao lado, a de Nossa Senhora Achiropita. Mas eles silenciaram em luto neste domingo (29), com a morte de Walter Taverna, referência histórica do Bexiga, na Bela Vista, centro de São Paulo.

Dono de uma das cantinas mais tradicionais do bairro italiano, ele morreu aos 88 anos de pneumonia, por volta das 21h do domingo. Ele estava internado no Hospital Sancta Maggiore, no Paraíso, zona sul de São Paulo, e sofreu com o mal de Parkinson nos últimos anos.

Neto de sicilianos, Taverna se tornou um símbolo do bairro e para a cidade de São Paulo. Ele nasceu em 1933 numa cocheira nos fundos de uma casa da rua 13 de Maio, de acordo com a família.

Walter Taverna, um senhor de óculos, olha diretamente para a câmera, enquanto um bolo está na mesa atrás dele
Walter Taverna, que organizava o tradicional Bolo do Bixiga no aniversário da cidade de São Paulo; ele morreu neste domingo (29), aos 88 anos - Vitor Serrano - 24.jan.17/Folhapress

Entre seus feitos pela preservação, está sua luta incansável pelo tombamento do Bexiga, quando a especulação imobiliária queria construir prédios no lugar das charmosas casinhas nos anos 1980. Isso inclui a Vila Itororó, um conjunto com casas de imigrantes da década de 1920, que hoje é atração turística depois de ser aberta ao público em setembro passado, com atrações culturais.

Foi ele também que levou de volta para as ruas a Festa de Nossa Senhora Achiropita, quando foi presidente da Sodepro (Sociedade de Defesa das Tradições da Bela Vista).

A lista de feitos não para: foi um dos fundadores do bloco de Carnaval Esfarrapados, o mais antigo da cidade. Em 1983, ajudou no lançamento da Feira de Antiguidades e Trocas do Bixiga, que funciona até hoje aos domingos na praça Dom Orione.

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Outro legado deixado por ele foi o coreto dessa praça, construído em 1984, que leva o nome de seu pai, Carmelo Taverna, segundo o Portal do Bixiga. Também batalhou pela restauração dos Arcos do Bixiga, junto ao então prefeito Jânio Quadros, em 1987, e solicitou a zeladoria da praça dos Artesãos Calabreses.

"Meu avô era muito generoso não só com a cidade, mas especialmente com as pessoas. Dava comida a quem necessitava, ajudava muita gente. Ele fazia de tudo para os outros, e era quando você notava a alegria nos olhos dele", afirma a cineasta Thaís Taverna, sua neta.

Ele também tinha uma relação com o bairro da Vila Mariana, onde criou uma república para cuidar do patrimônio. Tanto que fez o "abraçasso" na Casa Modernista, que ganhou restauro após esse movimento iniciado por ele. Também ajudou a preservar naquele bairro o Instituto Biológico.

Mas um de seus legados mais conhecidos é o Bolo do Bixiga, festa que ele assumiu após a morte de seu criador, Armando Puglisi, o Armandinho. Foi com Taverna que o evento ganhou grandes proporções ao se tornar um bolo de metro para cada ano do aniversário da cidade de São Paulo e, assim, entrou para o Guiness Book como o maior bolo do mundo.

Em sua cantina Conchetta, na rua 13 de Maio, virava atração à parte quando um músico contratado entoava os primeiros acordes de músicas tradicionais de tarantela. Com o restaurante lotado, ele pegava as enormes tampas de panelas e começava a bater umas nas outras, provocando uma barulheira encantadora. Os clientes se animavam e começavam a balançar seus guardanapos de pano.

Lá, recebeu artistas como Rita Lee, Raul Seixas, Adoniran Barbosa, Claudia Raia, Edson Celulari, entre outros tantos, além de políticos, como os ex-governadores João Doria e Geraldo Alckmin.

Taverna deixa uma filha, três netos, três bisnetos e todo o bairro do Bexiga. O velório será realizado até as 13h, no teatro Sérgio Cardoso, também no Bexiga. Uma bandeira da escola de samba Vai-Vai foi colocada sobre o caixão. O enterro será às 14h no cemitério Araçá, no centro.