terça-feira, 31 de outubro de 2023

PSDB chama Andrea Matarazzo para retornar a ninho tucano e concorrer à Prefeitura de São Paulo, OESP

A cúpula do PSDB quer lançar candidato próprio à Prefeitura de São Paulo, no ano que vem, e já sondou até mesmo um nome para a disputa. Trata-se do ex-vereador Andrea Matarazzo, que deixou o PSDB em 2016, após 23 anos de filiação e um ruidoso embate com a ala do partido que indicou João Doria como candidato.

Matarazzo está no PSD de Gilberto Kassab, secretário de Governo na administração de Tarcísio de Freitas, mas parece interessado em retornar às fileiras tucanas para concorrer novamente à Prefeitura. Tanto é assim que terá novas conversas com dirigentes do PSDB neste mês de novembro.

Em 2020, Matarazzo foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PSD e ficou em oitavo lugar. Antes, em 2016, concorreu a vice na chapa liderada por Marta Suplicy, que havia rompido com o PT e à época estava no MDB. Hoje sem partido, Marta é secretária de Relações Internacionais da Prefeitura.

Andrea Matarazzo deixou as fileiras tucanas em 2016, mas pode retornar ao partido para ser candidato à sucessão de Ricardo Nunes.
Andrea Matarazzo deixou as fileiras tucanas em 2016, mas pode retornar ao partido para ser candidato à sucessão de Ricardo Nunes. Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

A bancada municipal do PSDB trabalha para apoiar a campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) a novo mandato, mas uma resolução aprovada recentemente pelos tucanos determina o lançamento de candidatos próprios em cidades com mais de 100 mil habitantes. O comando nacional do PSDB vai insistir no cumprimento desta ordem ao menos no chamado “Triângulo das Bermudas” (São Paulo, Rio e Belo Horizonte).

Desde sua fundação, o PSDB apresenta candidatos na capital paulista. Ganhou a Prefeitura com José Serra (2004), João Doria (2016) e Bruno Covas (2020). Nunes era vice de Covas, que morreu em maio de 2021.

Política

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Leite intervém e dirigentes brigam na Justiça

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Não é de hoje, porém, que o PSDB enfrenta uma crise de identidade sem precedentes e vem definhando pouco a pouco. No ano passado, sofreu uma grande derrota ao perder o governo de São Paulo, após 28 anos no Palácio dos Bandeirantes.

Atualmente, várias alas do tucanato se engalfinham com ações na Justiça. O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, suspendeu a convenção estadual do partido, que ocorreria no domingo passado. Governador do Rio Grande do Sul, Leite determinou, ainda, que uma comissão provisória assuma o PSDB de São Paulo e marque novo encontro para abril de 2024.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preside o PSDB e destituiu comandos do partido em São Paulo.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preside o PSDB e destituiu comandos do partido em São Paulo. Foto: PSDB/Divulgação

Antes, o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, também havia sido afastado, após desobedecer à cúpula do partido e realizar uma convenção à revelia do comando nacional, reelegendo-se para o cargo.

Leite, então, interviu no diretório. Para o lugar de Alfredo, ele escolheu Orlando Faria. Ex-secretário municipal da Habitação, do Turismo e da Casa Civil, Faria escreveu uma carta pública a Ricardo Nunes, em abril, na qual faz críticas fez duras críticas a ele.

“(...) Dedique-se menos às articulações eleitorais, como vemos quase que diariamente na imprensa e cumpra o Programa de Metas 2021-2024 da Gestão Bruno Covas, um legado construído em conjunto com a sociedade”, disse Faria ao prefeito. “Ou, pela falta de ousadia e de competência, revele-se para os eleitores. E assuma as consequências futuras de descumprir um compromisso público dessa magnitude.”

Todos os destituídos por Leite são ligados ao grupo do ex-governador João Doria, que deixou o PSDB após recuar de sua pré-candidatura à Presidência, no ano passado, emparedado pelo próprio partido. O grupo pretende ir à Justiça contra o governador gaúcho. Leite, por sua vez, também apresentou recurso para tentar reverter uma decisão judicial que considerou irregular sua reeleição à presidência do PSDB.

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É nesse cenário de crise que Andrea Matarazzo avalia a conveniência de retornar ao ninho tucano para ser candidato. Com vasta experiência na administração pública – de presidente da CESP a ministro-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Fernando Henrique Cardoso, passando por várias secretarias municipais e estaduais –, Matarazzo pode tentar marcar posição na corrida à Prefeitura.

Desde o ano passado, quando o PSDB desistiu de apresentar concorrente na disputa presidencial, os poucos tucanos históricos que restaram no partido têm repetido a seguinte frase: “Para time que não entra em campo a torcida não desfralda a bandeira.” Mas será que essa máxima vale mesmo em tempos de guerra?

Projeto Métricas cria comunidade dedicada a melhorar a gestão e a governança das universidades, Fapesp


Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Estudos demonstram que o investimento público na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) retorna multiplicado para a sociedade. Um dos exemplos mais tangíveis a comprovar a premissa está nas startups criadas a partir de projetos desenvolvidos na instituição.

Em 2019, o impacto total no Produto Interno Bruto (PIB) das empresas-filhas da Unicamp foi 3,07 vezes o total de recursos do Tesouro do Estado de São Paulo utilizado pela universidade só naquele ano. E o faturamento das empresas foi de R$ 7,9 bilhões, trazendo um impacto de R$ 7,4 bilhões para o PIB do país, dos quais 91,7% (R$ 6,8 bilhões) ficaram no Estado paulista. Em termos agregados, o estudo mostrou que cada R$ 1 de receita dessas empresas gera R$ 0,94 de riqueza para o país e cada dez empregos diretos das empresas-filhas da Unicamp resultam em 19 empregos no Brasil.

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o mapeamento de egressos de cursos da área da saúde constatou presença relevante de profissionais de nível superior distribuídos em todo o Estado de São Paulo, contribuindo para uma melhor qualidade de vida para a população paulista.

Na Universidade de São Paulo (USP), uma série de ações importantes sobre diversidade e inclusão está sendo tomada também como uma resposta às demandas da sociedade. No entanto, no que se refere a acesso, permanência e progressão da carreira das mulheres, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, por exemplo, dos 130 professores, apenas 23 são mulheres.

Os três casos relatados, que exemplificam modelos de avaliação interna adotados nas universidades paulistas, estão descritos no livro Repensar a Universidade III: Saberes e Práticas, lançado na última quinta-feira (26/10) durante o 5º Fórum “Desempenho acadêmico e comparações internacionais”, realizado na FAPESP. Trata-se da terceira obra produzida no âmbito do Projeto Métricas, iniciativa coordenada pelo ex-reitor da USP Jacques Marcovitch e que tem como um de seus principais objetivos buscar formas abrangentes de medir o impacto gerado pelas universidades.

Trata-se do terceiro livro de uma série “dedicada à governança universitária”, resumiu Marcovitch. A publicação tem como público-alvo os responsáveis pelas instituições acadêmicas – reitores, pró-reitores, diretores de departamentos e de unidades, entre outros – e o objetivo de “oferecer uma leitura dos desafios apresentados às universidades em ambiente de transformação e analisar as soluções para enfrentá-los”, afirmou.

Esses “desafios” estão divididos em áreas temáticas, do impacto socioeconômico das universidades até o seu planejamento e avaliação responsáveis, passando por ações inclusivas, governança, ciência aberta e diálogos com o entorno. São, ao todo, 16 capítulos assinados por mais de 40 especialistas.

“Repensar uma universidade não é algo trivial. Implica revisitar os fundamentos da gestão acadêmica e identificar quais de seus aspectos requerem aperfeiçoamentos. Repensa-se uma instituição, antes de tudo, com respeito. É necessário ter em mente que muitas de suas práticas nasceram da experiência de bons gestores em sintonia com os meios disponíveis na época em que foram iniciadas. Por isso, todo nosso trabalho se apoia no princípio da curadoria do conhecimento construído e da sua atualização”, disse Marcovitch na introdução do livro.

"O projeto representa uma inovação substancial na avaliação de resultados de pesquisa e desempenho das universidades, incluindo suas múltiplas responsabilidades. As universidades e pesquisadores merecem o reconhecimento da FAPESP porque deram forma e densidade a um projeto de conteúdo acadêmico pioneiro", afirmou durante o evento Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, que também é ex-reitor da USP e assina a apresentação da obra.

Também presente no lançamento do livro, o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan, destacou em sua fala que a obra discute “tópicos fundamentais” para o meio acadêmico. “Neste terceiro volume, já estamos vislumbrando o impacto socioeconômico nas universidades, a inclusão e a governança. Essa ampliação transformou esse projeto numa iniciativa importante para a academia”, pontuou Agopyan, que também é ex-reitor da USP.


Câmara dos Deputados convida advogado de trisal do RS e Malafaia para debater união poliafetiva em audiência pública, g1

 A Câmara dos Deputados vai debater, em 8 de novembro, um projeto de lei que pretende proibir o registro de união poliafetiva em cartórios. A audiência pública foi proposta pelo deputado federal Francisco Eurico da Silva (PL-PE), conhecido como Pastor Eurico, após um trisal do Rio Grande do Sul ter a união estável poliafetiva reconhecida.

Foram convidados a falar na audiência o advogado do trisal, Álvaro Klein, e o pastor Silas Malafaia.

O tema do debate deve ser o projeto de lei 4.302, de 2016, do deputado Vinicius Carvalho (Republicanos-SP). No texto, o parlamentar avalia que "reconhecer a poligamia no Brasil é um atentado que fere de morte a família tradicional em total contradição com a nossa cultura e valores sociais".

A decisão judicial favorável ao trisal, de setembro de 2023, fez com que o filho dos três tenha direito ao registro multiparental, ou seja, que possa ter os nomes das duas mães e do pai. O filho dos três nasceu no início do mês.

Na visão do advogado Álvaro Klein, a proposta de Carvalho é inconstitucional.

"Não vai passar, mas, passando, deve ser barrado no STF, na esteira da análise de possibilidade de casamento de pessoas do mesmo sexo. Não temos segurança de que não incluam neste projeto o conceito de família como homem e mulher, dando um passo atrás em todas as conquistas que tivemos, de reconhecer o amor em todas as suas formas", explica o advogado.

De acordo com a jurista Maria Berenice Dias, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família e desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça do RS, não há jurisprudência, ou seja, decisões anteriores, no Superior Tribunal de Justiça ou no Supremo Tribunal Federal, oficializando a união entre mais de duas pessoas.

g1 tentou contato com Silas Malafaia, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Trisal do RS motivou debate na Câmara sobre legalidade da união poliafetiva; pastor Silas Malafaia foi convocado — Foto: Arquivo pessoal e reprodução

Trisal do RS motivou debate na Câmara sobre legalidade da união poliafetiva; pastor Silas Malafaia foi convocado — Foto: Arquivo pessoal e reprodução

Trisal no RS

Os bancários Denis Ordovás e Letícia Ordovás, casados desde 2006, mantêm um relacionamento há dez anos com Keterlin Kaefer. Em um primeiro momento, eles tentaram o registro em cartório sem a judicialização, mas o pedido foi recusado pelo tabelionato.

"O que se reconhece aqui é uma única união amorosa entre três pessoas: um homem e duas mulheres, revestida de publicidade, continuidade, afetividade e com o objetivo de constituir uma família e de se buscar a felicidade", disse o juiz Gustavo Borsa Antonello na decisão.

A decisão permite que a criança tenha registro multiparental, ou seja, pode ter os nomes das duas mães e do pai. O reconhecimento da união também dá direito à licença-maternidade e paternidade para os três.

O Ministério Público (MP) atuou como fiscal da ordem jurídica no processo e deu parecer favorável à decisão.