Política
O partido perdeu apoio nos últimos anos, mas continua a ser de longe a principal, quando não a única, legenda reconhecida pela maioria da população
por Marcos Coimbra — publicado 21/06/2014 09:10
Na mais recente pesquisa CartaCapital/Vox Populi, realizada no início de junho, a identificação partidária com o PT ficou em 16%. Número modesto para um partido que, não faz muito tempo, chegou a alcançar o dobro.
O resultado é semelhante àquele de outras pesquisas das últimas semanas, amplamente festejado pelos “analistas” da mídia conservadora. Parecem estar contentes com o sucesso da estratégia de desconstrução da imagem do PT, à qual os veículos de comunicação têm se dedicado, com afinco, há tempos.
Ninguém duvide. Sempre foi essa a intenção subjacente à campanha para transformar o escândalo do “mensalão” no maior de nossa história e a caracterizar como criminosas algumas das mais importantes lideranças do partido. Queriam enfraquecê-lo eleitoralmente, já na eleição de 2012 e, em especial, nesta sucessão presidencial. Quem acreditou na cantilena de que desejavam a “regeneração moral” da política brasileira deve também imaginar que as cegonhas trazem os bebês. No intuito de atingir a imagem do PT, é verdade, acabaram por instituir um cenário de terra arrasada. Não apenas o PT perdeu eleitores, mas todos os demais partidos. Quando se compara a pesquisa de agora com aquelas de antes do carnaval midiático em torno do julgamento do “mensalão”, verifica-se que a soma de quem dizia identificar-se com qualquer outra legenda passou de 21%, em abril de 2012, para 13%, uma redução para perto da metade. Há dois anos, 48% dos entrevistados tinham alguma identidade partidária. Hoje, caíram para 26%.
Quem mais perdeu foi o PT, por ser aquele que mais tinha a perder. O PMDB e o PSDB eram pequenos e assim permaneceram. Os restantes 30 e tantos partidos dividiam 10% do eleitorado e agora se contentam com 6%. O tamanho efetivo do PT não é, porém, adequadamente estimado pela proporção da população que se diz identificada com ele. Quando se pergunta aos eleitores se têm “simpatia” ou “antipatia” pelo PT, verifica-se que a base social do partido é maior.
Quem mais perdeu foi o PT, por ser aquele que mais tinha a perder. O PMDB e o PSDB eram pequenos e assim permaneceram. Os restantes 30 e tantos partidos dividiam 10% do eleitorado e agora se contentam com 6%. O tamanho efetivo do PT não é, porém, adequadamente estimado pela proporção da população que se diz identificada com ele. Quando se pergunta aos eleitores se têm “simpatia” ou “antipatia” pelo PT, verifica-se que a base social do partido é maior.
São “simpatizantes” 32% dos entrevistados na pesquisa mais recente. Inversamente, 21% seriam antagonistas (ou “antipatizantes”). Os 47% restantes não são nem uma coisa nem outra. Nem a favor do PT nem contrários. É uma demonstração da força da sua imagem. Manter contingentes tão expressivos de eleitores identificados ou simpáticos, depois de passar pelo que passou de 2012 para cá, é sinal de enraizamento e solidez.
Em resumo: ainda que tenha perdido tamanho, o PT continua a ser, de longe, o maior e, provavelmente, o único partido reconhecido pela maioria da população. Com um terço de simpatizantes e somente um quinto de antagonistas, sua base de apoio na sociedade é superior à de qualquer adversário ou combinação de legendas oposicionistas. Assim, ao contrário do que afirmam os “analistas” da mídia conservadora, o PT não é um problema para a campanha à reeleição de Dilma Rousseff, mas uma sustentação.
Note-se: os números atuais da identificação com o PT não são muito diferentes daqueles que a legenda tinha nas suas três eleições vitoriosas. Em junho de 2002, diziam-se identificados com o partido 15% dos entrevistados. Em julho de 2006, o porcentual era de 17%. Somente em junho de 2010, quando Lula batia todos os recordes de popularidade, a identificação foi a 21% (dados sempre do Vox Populi). O que estava em alta há quatro anos era a “simpatia” pelo partido, que alcançava a marca de 60%. Número significativo, mas de impacto eleitoral discutível, pois não levou Dilma Rousseff a obter votação nesse patamar.
O que tivemos em 2010 e até cresceu em 2011 foi uma ilusória generalização do petismo, como se uma vasta maioria do País houvesse se rendido ao sucesso de Lula e ao bom começo do governo Dilma, provocando o quase desaparecimento das oposições. Mas se revelou uma percepção enganosa na eleição de 2010 e ficou ainda mais evidente de 2012 em diante.
Uma parcela da sociedade brasileira sempre rejeitou o PT, com maior ou menor intensidade. A novidade, nesta eleição, é o fato de uma parte hoje se expressar com desembaraço e violência, ecoando o que ouve dos porta-vozes do reacionarismo na mídia conservadora, no Judiciário e no empresariado.Isso não muda, contudo, o tamanho real do partido, o contingente de quem pode criticá-lo, mas se sente adequadamente representado por ele. Para Dilma Rousseff, é um ponto de partida fundamental, algo que nenhum de seus oponentes possui e adoraria ter.