domingo, 2 de julho de 2023

Sepúlveda Pertence, ministro do STF por 18 anos, morre em Brasília, aos 85 anos, FSP

 Matheus Teixeira

BRASÍLIA

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence morreu neste domingo (2), em Brasília, aos 85 anos.

Sepúlveda estava internado no hospital Sírio Libanês, na capital Federal.

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O ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence durante sessão solene de abertura dos trabalhos do Judiciário na corte em 2020 - Pedro Ladeira 3.fev.2020/Folhapress

Nascido em Sabará, Minas Gerais, em 21 de novembro de 1937, Sepúlveda foi secretário Jurídico no STF, no gabinete do Ministro Evandro Lins e Silva, e procurador-geral da República, antes de ser indicado para a corte.

Sepúlveda foi indicado à corte em 1989, no governo de José Sarney (MDB). Ele ficou no STF até 2007, quando se aposentou e, a partir de então, voltou a exercer a advocacia.

"É triste a notícia da partida de José Paulo Sepúlveda Pertence, um dos maiores que já passaram pelo STF. Brilhante, íntegro e adorável, influenciou gerações de juristas brasileiros com sua cultura, patriotismo e desprendimento. Fará imensa falta a todos nós", escreveu o ministro Luís Roberto Barroso em uma rede social

Pertence foi um dos ministros do STF mais influentes da história. Sempre foi visto como um magistrado com grande capacidade de articulação nos bastidores e, nos mais de 17 anos que ficou no tribunal, teve grande influência nos mais importantes julgamentos dos quais participou.

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Pertence sempre foi uma peça estratégica, por exemplo, nas escolhas de presidentes para o Supremo. A ministra Cármen Lúcia, por exemplo, chegou à corte, grande parte, devido ao apoio que teve do ex-ministro para ser indicada pelo presidente Lula para o posto, em 2006. Eles eram primos de terceiro grau.

Em 2018, ele assumiu a defesa de Lula pouco antes de o Supremo julgar o habeas corpus que poderia evitar a prisão do petista. Cristiano Zanin, que era o advogado criminal de Lula e agora foi aprovado para o Supremo na primeira vaga que o chefe do Executivo pôde indicar em seu terceiro mandato, nunca deixou a defesa de Lula.

No entanto, o ingresso de Pertence foi uma tentativa de melhorar a relação do petista com o Supremo devido ao bom trânsito que ele tinha com os ministros. A ajuda de Pertence, porém, não foi suficiente e a corte acabou rejeitando o habeas corpus.

O ex-ministro também foi presidente da Comissão de Ética da Presidência da República. Além disso, Pertence foi promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Em 1969, foi cassado do MP pela ditadura militar.

"Com um aperto no coração, mas cientes do caráter inexorável do destino, informamos que nosso amado pai, Sepúlveda Pertence, faleceu na madrugada deste domingo, no hospital Sírio Libanês, onde estava internado há mais de uma semana", escreveram os filhos Evandro, Eduardo e Pedro Paulo Pertence.

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Com mensalidade de R$ 8 mil, Escola Eleva planeja abrir unidade em SP em 2024, FSP

 

SÃO PAULO

Com investimento estimado em R$ 100 milhões, a Escola Eleva planeja inaugurar em fevereiro de 2024 a sua primeira unidade na cidade de São Paulo. O objetivo, segundo a instituição, é formar gerações de líderes que vão causar impacto na sociedade. A mensalidade será de cerca de R$ 8.000.

O colégio premium bilíngue é originário do Rio de Janeiro, onde conta com três unidades —há outras também em Brasília e Recife.

Fachada da Escola Eleva, no prédio onde funcionava o Instituto Belas Artes, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo; unidade, que teve R$ 100 milhões de investimentos; tem início de aulas previsto para fevereiro de 2024 - Divulgação

O grupo pertencia até maio do ano passado à gestora de recursos Gera Capital, que tinha o empresário Jorge Paulo Lemann como um dos maiores acionistas, quando foi comprado pela Inspired Education por R$ 2 bilhões. Este grupo inglês tem mais de 80 escolas premium no mundo.

A unidade de São Paulo funcionará na antiga sede do Instituto de Belas Artes, na Vila Mariana, zona sul.

De acordo com a Eleva, o prédio, da década de 1920, foi renovado com projeto assinado pela arquiteta dinamarquesa Rosan Bosch, conhecida por trabalhos desenvolvidos para construção de espaços educacionais, e pelo brasileiro Miguel Pinto Guimarães, que projetou as outras escolas do grupo.

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Marcio Cohen, fundador da Eleva e CEO do Inspired Education no Brasil, afirma que inaugurar uma escola em São Paulo estava nos planos desde 2018, quando o número de alunos matriculados na unidade de Botafogo (RJ) saltou de 400 para mais de 1.000 no segundo ano após a inauguração.

Mas encontrar um local com estrutura nos padrões da escola, com bastante área livre, em uma região onde há perfil de famílias que possam migrar seus filhos para lá, foi o maior desafio. A pandemia de Covid-19 também contribuiu para frear os planos.

O prédio da Belas Artes, segundo o executivo, comporta cerca de mil alunos, porém, a ideia é abrir no próximo ano com no máximo 300 estudantes matriculados.

De acordo com Lucy Nunes, que estará à frente da unidade paulistana, no início a Eleva oferecerá matrículas do infantil três (para crianças de três anos) até o oitavo ano (13 anos), em período integral. Gradativamente, a meta é chegar à conclusão do ensino médio.

E há pais interessados, oito meses antes do início das aulas. "Hoje [sexta, 30], tivemos duas reuniões [com famílias] e na próxima semana temos mais sete marcadas. Já temos alunos pré-matriculados", diz Nunes, que foi diretora por sete anos da escola americana Chapel, que tem unidade em São Paulo.

Nas conversas, o corpo diretivo da escola faz o alerta de que a fluência no inglês é uma obrigação, e não uma opção, para quem vai estudar lá.

"Temos o mesmo número de aulas, de trabalhos e de apresentações em inglês e em português. E há aulas que são só em inglês", afirma Nunes. "Por isso, o aluno mais velho precisa ter algum nível [da língua inglesa] para entrar", acrescenta Cohen.

Nos dois primeiros anos, praticamente só se fala inglês, por causa da facilidade de assimilação das crianças. No infantil cinco, a alfabetização primeiro ocorre em português e, depois, em inglês.

Dizendo acreditar na importância da língua materna e na cultura brasileira como essenciais para a construção da identidade pessoal e cultural dos alunos, a direção afirma que os dois idiomas não são praticados ao mesmo tempo e que a escola dispõe de um modelo pedagógico baseado em metodologia ativa, com momentos espaçados para a criança se movimentar, conversar e se engajar pedagogicamente.

Segundo Cohen, a unidade paulistana pode ter algumas características próprias na comparação com as de outros estados. Ele cita, por exemplo, o maior interesse em São Paulo por universidades como USP e Unicamp, que adotam modelo totalmente diferente do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em seu vestibular.

Também há a negociação de parceria com clubes da região para desenvolvimento de um programa de incentivo ao esporte, com formação de atletas entre os alunos e até times da escola.

Com discurso de pagar salários que estão no topo do mercado, a Eleva agora começa a buscar professores, inclusive na concorrência, para formar a equipe de docentes, que só será definida em janeiro.

"Estamos identificando quem são as joias raras, conversando, inclusive, com as famílias de outras escolas, mapeando a região", afirma o CEO.