terça-feira, 10 de setembro de 2013

Metrô: sistema que reduz lotação atrasa


Prevista para 2010, operação com novo controlador de trens, que diminui o tempo de espera, só será implementada em toda a rede no fim de 2014

10 de setembro de 2013 | 2h 04

Bruno Ribeiro e Caio do Valle - O Estado de S.Paulo
Principal aposta do Metrô de São Paulo para reduzir a superlotação das linhas, o novo sistema de controle dos trens vai demorar mais um ano para funcionar. É um atraso que se arrasta desde 2010. Como consequência, técnicos da companhia têm sido obrigados a adaptar trens recém-reformados, que já têm o novo sistema, para que possam rodar no modelo antigo.
O novo controlador se chama CBTC (sigla em inglês para Controle de Trens Baseado em Comunicação) e foi comprado em 2008 ao custo de R$ 712 milhões. O sistema deveria garantir um aumento de até 20% na velocidade média dos trens - o que equivale a um aumento do mesmo porcentual na oferta de lugares nos horários de pico, diminuindo a lotação.
Os planos do Metrô eram aproveitar a reforma de 98 trens - um contrato de R$ 1,7 bilhão - para instalar os novos equipamentos nos vagões. Isso seria feito durante a reforma, enquanto os trens estivessem desmontados. Mas, com o atraso na instalação do CBTC, técnicos do Metrô são obrigados a fazer ajustes para que os vagões já reformados continuem rodando no sistema de controle antigo, chamado ATC.
Estado obteve uma planilha da companhia, de 2 de maio, que mostra o problema. Onze dos 118 trens disponíveis para as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha não podiam ser utilizados por falta de sistema de controle.
"De fato, o CTBC não está no prazo que deveria. Por isso, a gente pegou o sistema convencional e fez uma adaptação, para ele funcionar com o trem modernizado", afirma o diretor de Operações do Metrô, Mário Fioratti. "Mas existe um problema aí. O sistema convencional precisa 'conversar' com o trem modernizado. Precisa de uma interface para essa conversa", diz. "Essa planilha (de 2 de maio) é de quando esse módulo não estava instalado."
Nesse processo, os trens acabam mantendo os dois tipos de controle instalados. "São trens flex, como a gente diz aqui", conta Fioratti. Ele afirma, no entanto, que a falta de trens não compromete a operação.
Novos prazos. O atraso é decorrente de dificuldades técnicas. A rede não foi projetada para rodar com o sistema CBTC. O novo sistema não tem passado nos testes de segurança do Metrô. Não há outro exemplo, no mundo, de uma adaptação de rede dessa magnitude.
Na semana passada, o presidente da companhia, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, afirmou que o novo controle só ficará pronto no fim de 2014. "A gente pretende ter esse sistema CBTC implementado na Linha 2 agora ainda em setembro ou outubro. Na Linha 1, está prevista a implementação em agosto do ano que vem. E, na Linha 3, no final de 2014."
O CBTC foi comprado pelo Metrô da multinacional francesa Alstom, uma das empresas investigadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal por suspeita de participação em um cartel formado para fraudar licitações do Metrô. A empresa diz que coopera com as autoridades nesses casos.
"Em razão dos atrasos da Alstom na implementação do CBTC, o Metrô aplicou multas que somam R$ 77 milhões", diz a companhia, em nota. Além disso, segundo o Metrô, os pagamentos para a Alstom "estão suspensos há um ano, por decisão da própria contratada".
Linha 6. O governo do Estado deve lançar hoje o novo edital para contratar empresas interessadas em construir a futura Linha 6-Laranja (entre a Vila Brasilândia e a Estação São Joaquim). É a segunda tentativa de atrair o mercado para a obra - a primeira, há pouco mais de um mês, não teve interessados.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Programa Lixo Zero reduz 34% dos resíduos sólidos nas ruas em uma semana

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Já foram aplicadas 467 multas a pessoas flagradas jogando lixo nas ruas da capital fluminense
Foto: Tânia Rego/ABr
Na primeira semana do Programa Lixo Zero, foram aplicadas 467 multas a pessoas flagradas jogando lixo nas ruas da capital fluminense, segundo balanço divulgado na quarta-feira, 28 de agosto, pela prefeitura. No período, houve redução de 34% nos resíduos sólidos jogados nas ruas do centro da cidade, de acordo com os dados oficiais.
A maioria das punições foi registrada na Avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro da capital fluminense, com 90 multas. Na Cinelândia, outra área de grande movimentação, o número chegou a 72. Na Avenida Presidente Vargas, foram 31 multas. A maior parte das penalidades foi por lixo de pequena quantidade, cuja multa é no valor de R$ 157.
Infrator flagrado pelos fiscais jogando lixo na rua tem que pagar multa entre R$ 157 e R$ 3 mil
Segundo o presidente da Companhia de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb), Vinícius Roriz, o trabalho dos garis diminui quando eles recolhem lixo das lixeiras em vez de varrerem as ruas. “Pode ser que mais para frente isso permita deslocar equipes que sobrarem para outras áreas da cidade, onde a cobertura é menor. Isso permite à Comlurb fazer alguns remanejamentos. Mas nós estamos bastante satisfeitos com os resultados da campanha e estamos observando que as ruas têm ficado mais limpas”, destacou.
Ao todo, 192 fiscais estão divididos em 58 equipes, cada uma com um guarda municipal, um policial militar e um agente da Comlurb. Além de reduzir os gastos com limpeza de ruas, que chegam a R$ 90 milhões por mês, a iniciativa visa a conscientizar a população. Atualmente, a capital fluminense tem cerca de 30 mil lixeiras e a Comlurb pretende colocar mais 7 mil nas ruas ainda este ano.
“O discurso de conscientização continua o mesmo, se não encontrar uma lixeira, procure uma ou leve o lixo para casa”, orientou Vinícius Roriz. O infrator flagrado pelos fiscais jogando lixo na rua tem que pagar multa entre R$ 157 e R$ 3 mil. O valor depende do tamanho do produto que foi descartado.




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Cidade hi-tech tem coleta de lixo automática e reciclagem de água

Uma cidade sul-coreana tornou-se fonte de inspiração para centros urbanos de todo o globo que buscam soluções tecnológicas para se tornarem mais "inteligentes". Songdo fica nas proximidades de Seul, uma cidade já bastante high-tech que oferece internet de alta velocidade no metrô e onde é possível assistir a vídeos online ou enviar mensagens de e-mails enquanto se caminha por movimentadas ruas do centro.
Ao contrário da capital sul-coreana, porém, Songdo é uma cidade experimental e já foi erguida incorporando em seu DNA as mais avançadas tecnologias de construção e urbanismo. Mas até que ponto uma cidade como essa pode ser considerada um sucesso?
Cidade hi-tech foi planejada para ter soluções de sustentabilidade e tecnologia nos mínimos detalhes, da qualidade de vida ao reaproveitamento do lixo para geração de energia Foto: Divulgação
Cidade hi-tech foi planejada para ter soluções de sustentabilidade e tecnologia nos mínimos detalhes, da qualidade de vida ao reaproveitamento do lixo para geração de energia
Foto: Divulgação
A construção de um centro urbano a partir do nada oferece uma série de desafios e oportunidades. No caso de Songdo, um dos desafios era incorporar tecnologias que fossem realmente inovadoras, uma vez que os sul-coreanos já estão acostumados com alguns recursos considerados novidades em outros lugares.
Em Seul, por exemplo, além das redes de wi-fi acessíveis em espaços públicos, há painéis eletrônicos nas saídas de estações ferroviárias que informam aos passageiros o tempo de espera para os ônibus de conexão. Empresas como a Samsung também estão desenvolvendo sistemas que ligam dispositivos domésticos aos celulares dos moradores da cidade.
O que mais uma cidade como Songdo pode oferecer? Na área tecnológica, uma cidade novinha em folha permite o teste de hardwares futuristas, como sensores que monitoram a temperatura, o consumo de energia e o fluxo de tráfego pela cidade. Esses sensores também podem - em teoria - avisar os usuários de transporte público quando seu ônibus está para chegar. E mesmo alertar autoridades locais quando há qualquer problema na cidade.
Questão ambiental
Muitas inovações estão sendo projetadas em função de preocupações ambientais. Entre elas, estações para recarregar a energia de carros elétricos e sistemas de reciclagem de água, que impedem que água potável seja usada em banheiros de escritório.
O sistema de coleta de lixo de Songdo também impressiona. Não há caminhões de lixo passando pela cidade nem grandes lixeiras na frente dos edifícios. Em vez disso, os resíduos domésticos são sugados diretamente das cozinhas de edifícios residenciais por uma vasta rede subterrânea de túneis ligadas a centros de processamento de lixo, onde cada resíduo é automaticamente classificado, desodorizado e tratado.
A ideia é usar parte desse lixo doméstico para produzir energia renovável, embora tal sistema ainda não esteja em operação - como muitas das inovações técnicas planejadas para Songdo. Isso ocorre porque, hoje, menos da metade da cidade está ocupada.
Nos escritórios comerciais, a taxa de ocupação é menor que 20% e nas ruas, cafés e shoppings do centro há amplos espaços relativamente vazios - o que constitui o segundo grande desafio a ser vencido pelos idealizadores e administradores de Songdo.
Apesar de a cidade ser próxima ao aeroporto internacional da Coreia do Sul, as ligações de transporte com Seul são rudimentares. E, por enquanto, os incentivos para empresas que se deslocam para a nova cidade inteligente nem sempre superam os custos.
Mas Songdo já está atraindo famílias e jovens casais de Seul, embora não necessariamente por causa de suas soluções tecnológicas futuristas - nem pela pujânça de sua área comercial.
Áreas verdes
A cidade foi planejada em torno de um parque central, e sua disposição permite que os moradores das áreas residenciais possam caminhar por essa área verde para trabalhar no centro comercial.
 Foto: DivulgaçãoFoto: Divulgação
Kwon, por exemplo, conta que se mudou para a Songdo há três anos e todos os dias seu deslocamento diário para a empresa em que trabalha como tradutora consiste em uma caminhada de 15 minutos pelo parque.
"Depois do almoço também ando um pouco no parque com meus colegas - isso se tornou algo importante na minha vida", conta Kwon. "Quando morava em Seul, tinha de dirigir para encontrar meus amigos ou para levar meu filho para ver os amigos dele. Em Songdo, meu filho vai de bicicleta para a casa de seus amigos e eu posso caminhar para encontrar os meus. A cidade também me aproximou dos meus vizinhos."
Por enquanto, os apartamentos residenciais estão vendendo bem e ainda há muitos edifícios desse tipo em construção, mas Songdo parece ser menos atraente para o mercado corporativo. Um ou outro negócio está començando a abrir as portas espontaneamente em suas grandes avenidas vazias.
Anarquia criativa
Mas a cidade ainda precisa ganhar cores e zumbidos urbanos - aquela anarquia criativa, típica de aglomerações populacionais não-planejadas. Como costuma dizer Jonathan Thorpe, presidente da empresa americana Gale International, que construiu Songdo, "são os moradores que fazem uma cidade".
"Estamos tentando adicionar diversidade e vitalidade (a Songdo), algo que o desenvolvimento orgânico (de uma cidade) garante", explica Thrope. "É um desafio tentar replicar isso em um ambiente planejado. Ao mesmo tempo, com tal planejamento podemos desenvolver a infraestrutura da cidade de modo a garantir que ela funcione - não só agora, mas também daqui a 50 anos."