Gigantescas estações radiobase, no topo de prédios, poderão ser trocadas por equipamentos do tamanho de caixas de fósforo
13 de março de 2011 | 0h 00
Ethevaldo Siqueira - O Estado de S.Paulo
A tecnologia dispõe hoje das ferramentas essenciais para viabilizar a revolução das comunicações móveis de banda larga. Uma delas é a tecnologia que permite aos celulares, tablets e outros dispositivos se comunicarem a curta distância, isto é, de apenas alguns centímetros.
É a tecnologia denominada "comunicações de campo próximo" (Near Field Communications, ou NFC). Com ela, o smartphone se transforma em um instrumento de pagamento eletrônico, com a simples aproximação de um terminal especializado. O débito é feito automaticamente na conta do usuário.
Diversos outros avanços recentes comprovam que a tecnologia já dispõe de ferramentas essenciais para a revolução das comunicações móveis. O mais importante é que os benefícios dessa mobilidade cada vez mais ampla poderão alcançar as regiões mais remotas do Brasil e dos países em desenvolvimento. "Ao longo desta nova década, até os habitantes das áreas rurais poderão ter acesso à banda larga, graças à redução drástica do custo dos investimentos em infraestrutura e da operação dos novos sistemas", diz Wnat Jianzhou, presidente da China Mobile.
Quem pensaria, há apenas 10 anos, na possibilidade de substituir as torres e antenas das imensas estações radiobase (ERBs) por dispositivos pouco maiores do que uma caixa de fósforos? Seria pura ficção. Mas já estamos hoje diante dessa realidade.
Miniaturização. A expansão e a universalização da banda larga nos próximos 10 anos poderá ser acelerada, em boa medida, pela substituição das velhas estações radiobase por equipamentos muito menores e mais baratos. Diversas empresas conseguem hoje miniaturizar a enorme infraestrutura das ERBs, com suas torres e antenas. A Ericsson sueca e a joint venture germano-finlandesa Nokia Siemens Networks, por exemplo, apresentaram no Congresso Mundial de Mobilidade de Barcelona deste ano equipamentos mini ERBs do tamanho de uma pasta de executivo.
O maior avanço nessa linha da miniaturização de ERBs, no entanto, foi conseguido pelos Laboratórios Bell, da Alcatel-Lucent (joint venture franco-americana), com a criação do LightRadio, conjunto formado por um cubo de pouco mais de 5 centímetros de aresta e peso inferior a 300 gramas, além de um outro módulo ainda menor. Essas duas pequenas peças, que cabem na palma da mão, podem substituir uma ERB inteira.
O presidente da Alcatel-Lucent, Ben Verwaayen, ressalta três aspectos positivos desse cubo. Em primeiro lugar, ele permitirá a eliminação de torres e antenas que poluem visualmente a paisagem das cidades.
Em segundo, possibilitará tanto a redução drástica dos investimentos quanto a do consumo de energia. Vale lembrar que as estações radiobase atualmente existentes no mundo equivalem a uma frota de 15 milhões de automóveis. Assim, o melhor resultado dessa evolução tecnológica será a redução apreciável das emissões de carbono. "Em terceiro lugar", diz Verwaayen, "o LightRadio deverá ampliar a cobertura de banda larga não apenas nas cidades, como também nas áreas rurais, por preços muito menores que os atuais".
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