eone Farias
do Diário do Grande ABC
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COGERAÇÃO
De olho nesse mercado, a Comgás, concessionária da distribuição de gás no Estado de São Paulo, criou em 2007 departamento específico para a área, que registrou alta de 55% nas vendas em 2010.
Embora o volume consumido pelos clientes do segmento ainda seja pequeno - 30 milhões de m³ ao ano, frente ao total de cerca de 5 bilhões de m³ anuais -, o percentual de crescimento justifica ter equipe dedicada a esse público. Isso porque as perspectivas são promissoras. Para este ano, o gerente de cogeração da Comgás, Alexandre Breda, afirma que a meta é de expansão superior a 52% em relação a 2010.
Breda acrescenta que entre os clientes há hospitais, prédios comerciais, escolas e shopping centers.
Seu departamento engloba três segmentos: o de ar-condicionado a gás, a geração de ponta (para operação normalmente no horário de pico de consumo de eletricidade, das 17h30 às 20h30) e a cogeração propriamente, em que o equipamentos ficam ligados o tempo todo e há o aproveitamento da queima do gás para o aquecimento ou resfriamento de água, por exemplo.
No caso da última modalidade, ele cita que o investimento inicial gira em R$ 7 milhões, para capacidade de 2,5 MW. Ele ressalta que a economia de gastos com eletricidade fica em 30% e que há retorno do valor aplicado no prazo de até quatro anos.
Autoprodução é tendência mundial, apontam especialistas
A geração própria de energia é tendência mundial, segundo o especialista em mercado de energia elétrica da UFABC (Universidade Federal do ABC), Aroldo de Farias Júnior. O gerente da Comgás Alexandre Breda cita que o Brasil ainda está bem atrás de outros países. "O mundo inteiro vai na direção da cogeração. A média mundial é de 20% (do consumo), enquanto no Brasil está em 1%", afirma.
Breda destaca que o sistema dá mais confiabilidade, já que pode ser usado em paralelo à rede de eletricidade. Farias Júnior avalia ainda que a fonte geradora de energia localizada mais próxima ao local de consumo diminui os riscos de interrupção no abastecimento.
Paulo Toledo, consultor da Ecom Energia, considera que a autoprodução é uma opção, mas não justifica os serviços prestados pelas distribuidoras. "Nosso sistema de energia não condiz com a tarifa cobrada. É preciso fiscalizar para que façam um serviço mais confiável", afirma.
As falhas se agravam todo início de ano. "Nessa época, o clima contribui para agravar o problema, pois raios e tempestades prejudicam a rede. Mas transformadores e subestações também estão com defeitos e precisam passar por manutenção", afirma Farias Júnior.
Representantes do setor empresarial da região engrossam o coro das críticas à rede da AES Eletropaulo. Em recente reunião com técnicos da companhia, dirigentes do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) questionaram a qualidade da rede e a demora no restabelecimento da energia
AES Eletropaulo rebate críticas
A AES Eletropaulo rebateu as críticas e afirmou, em nota, que investe R$ 12 milhões na região. Entre as ações previstas estão a modernização de três subestações (Capuava, Nações e Utinga), beneficiando mais de 100 mil consumidores, e a realização de 70 mil podas, já que 52% das interrupções são causadas por quedas de galhos e árvores na rede.
Segundo o diretor executivo de operações da empresa, Sidney Simonaggio, as ações já estão em andamento.
Ele apontou o fator climático como o causador dos apagões. "Foram eventos notáveis que causaram a queda de árvores e galhos sobre a rede, além de deixar ilhadas as equipes de atendimento emergencial." Ainda segundo ele, em janeiro choveu mais que no mesmo período de 2010, mas a empresa teve melhor desempenho neste ano. "Houve queda de 19% no número de clientes que ficaram sem abastecimento e de 25% na duração do blecaute", explicou
Indústria aposta em projetos sustentáveis
Grandes indústrias da região estão investindo em usinas de energia no interior do Estado, que se inserem em estratégias de sustentabilidade.
É o caso da Rhodia Energy, divisão do grupo químico francês, que vai aportar cerca de R$ 150 milhões em projeto de cogeração, utilizando a biomassa da cana-de-açúcar, em Brotas (SP). Terá capacidade instalada de 70 MW (megawatts) e produzirá o suficiente para atender a 200 mil residências ou 600 mil pessoas. A maior parte da eletricidade gerada por essa unidade será comercializada no sistema nacional de energia.
Segundo o presidente da Rhodia América Latina, Marcos De Marchi, a empresa já tinha gerador em suas instalações em Santo André, com capacidade de 4 MW, para dar mais confiabilidade, já que o processo produtivo da companhia não pode parar. "A Rhodia Energy é um negócio à parte. Temos a crença de que esse modelo vai tornar nossa empresa perene, aumentando produtos sustentáveis, como é o caso da biomassa", afirma.
Iniciativa que também carrega o conceito da sustentabilidade é das PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) da Volkswagen. A montadora anunciou em dezembro a construção da segunda unidade geradora de energia, com aporte total de R$ 143 milhões. A usina, com inauguração prevista para 2013, terá capacidade instalada de 25,5 MW/h, com três turbinas.
A primeira PCH, em operação desde março de 2010, é a Celan (Central Elétrica Anhanguera S.A.), resultado de parceria entre a Volkswagen, a Seband e a Pleuston, construída no rio Sapucaí, afluente do Rio Grande, entre as cidades de São Joaquim da Barra e Guará.
A planta já em operação tem capacidade instalada de 22,68 MW/h e possui potencial de geração anual de 18,3 mil toneladas de crédito de carbono. Juntas, as duas usinas totalizam investimento de R$ 273 milhões. Para o presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, os aportes mostram a preocupação da empresa no desenvolvimento de alternativas de energia geradas por fontes limpas e renováveis. (com Camila Galvez)
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