Pelo quinto ano consecutivo, o município de Sorriso (MT), a cerca de 400 km de Cuiabá, apresentou o maior valor de produção agrícola do Brasil, indicam dados de 2023 divulgados nesta quinta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No ano passado, o montante obtido com a atividade local foi de R$ 8,3 bilhões. O valor, contudo, caiu 27,6% na comparação com 2022 (R$ 11,5 bilhões).
A redução, diz o IBGE, está associada ao recuo dos preços de grãos em meio à ampliação da oferta de mercadorias com a safra recorde no país.
Em 2023, o valor da produção de Sorriso (R$ 8,3 bilhões) correspondeu a 1% do total brasileiro de diferentes culturas (R$ 814,5 bilhões). O município de Mato Grosso é o principal produtor nacional de soja e milho.
No Brasil, o valor da produção agrícola (R$ 814,5 bilhões) caiu 2,3% no ano passado, se comparado ao de 2022 (R$ 833,3 bilhões), aponta o IBGE.
Os dados integram a PAM (Pesquisa Agrícola Municipal), que investiga 64 produtos de lavouras temporárias e permanentes, incluindo grãos. O levantamento começou em 1974.
"Tivemos uma queda de 2,3% no valor da produção em termos nominais [no Brasil], muito por conta do excesso de produção no mercado, do reflexo da valorização do real frente ao dólar em 2023 e da correção de preço", disse Winicius Wagner, supervisor nacional da PAM.
No ano passado, a safra brasileira de grãos chegou ao recorde de 316,4 milhões de toneladas, conforme o instituto. Trata-se de um volume 19,6% maior do que o registrado em 2022.
Depois de Sorriso, o município baiano de São Desidério (a 870 km de Salvador) registrou o segundo maior valor de produção agrícola do país em 2023: R$ 7,8 bilhões. A cifra local caiu 12,4% ante 2022.
Sapezal (MT), a 500 km de Cuiabá, aparece na sequência do ranking. O valor da produção agrícola do município foi calculado em R$ 7,5 bilhões no ano passado. Houve baixa de 5,9% ante 2022.
"Sorriso, assim como São Desidério e Sapezal, tem a maior parte do valor da produção pautada nos grãos, principalmente milho e soja, e algodão", afirm ou Wagner.
"Os três produtos tiveram queda de preço em 2023 e impactaram diretamente o valor da produção desses três municípios", completou.
Das 10 cidades com as maiores cifras obtidas a partir da atividade agrícola, 6 ficam em Mato Grosso. Dois municípios da Bahia (São Desidério e Formosa do Rio Preto) e dois de Goiás (Rio Verde e Jataí) completam a lista.
O valor da produção de Mato Grosso (R$ 153,5 bilhões) respondeu por 18,8% do total do país em 2023 (R$ 814,5 bilhões). A cifra local recuou 12,2% ante 2022.
São Paulo (R$ 112,5 bilhões) vem na sequência do ranking dos estados, com 13,8% do valor da produção nacional.
A receita paulista avançou 9%, sob impacto do crescimento da safra de cana-de-açúcar e dos preços em patamares ainda elevados, indicou Wagner.
Neste ano, porém, canaviais do estado sofrem com o registro de queimadas. O fogo deixou um rastro de destruição em parte das lavouras.
Ainda de acordo com o IBGE, o Paraná (R$ 90,5 bilhões) apareceu na terceira posição do ranking do valor de produção agrícola dos estados em 2023, com 11,1% do total do Brasil.
O montante paranaense aumentou 8,7% devido a uma recuperação das plantações após perdas causadas por estiagem em 2022, indicou Wagner. Com a retomada, o Paraná ultrapassou Minas Gerais no ranking.
Soja responde por 42,8% da receita total no Brasil
O levantamento do IBGE voltou a destacar o peso da soja na atividade agrícola do país. Em 2023, o valor da produção do grão (R$ 348,7 bilhões) correspondeu a 42,8% do total das diferentes culturas no Brasil (R$ 814,5 bilhões).
A safra de soja alcançou o recorde de 152,1 milhões de toneladas, um aumento de 25,4% ante 2022. Com o resultado, o Brasil se consolidou como principal produtor mundial do grão, ampliando a distância em relação aos Estados Unidos (113,2 milhões de toneladas), aponta o IBGE.
A área plantada de soja, por sua vez, alcançou a máxima de 44,5 milhões de hectares. Isso equivale a 46,2% do total destinado ao cultivo de diferentes produtos no Brasil (96,3 milhões de hectares).
Em 1988, primeiro ano com esses dados disponíveis, a participação da soja era bem inferior, de 18,7%.
Itens tradicionais da mesa do brasileiro mostram um movimento oposto. Em 2023, o arroz e o feijão responderam por 1,6% e 2,7% da área plantada no país, respectivamente. Essas participações eram maiores em 1988: 10,8% e 10,7%.