sábado, 7 de julho de 2018

Governo de SP coloca companhia de energia à venda por R$ 4,7 bilhões, FSP

O edital de venda da Cesp foi divulgado neste sábado (7), e o leilão deverá ocorrer em 2 de outubro

SÃO PAULO
O leilão de privatização da elétrica paulista Cesp está marcado para 2 de outubro e terá preço mínimo de R$ 14,30 por ação, o que avalia a empresa em cerca de R$ 4,7 bilhões, de acordo com o edital do governo do Estado de São Paulo divulgado neste sábado (7).
O preço mínimo por ação é inferior ao de R$ 16,80 estipulado em agosto do ano passado, o que deve atrair mais interessados pelo bloco de controle do governo paulista na elétrica.
De acordo com o documento, a hidrelétrica de Porto Primavera, considerado o principal ativo da companhia, terá um novo contrato de concessão, expirando em 2048, e não mais em 2028.
Pelo edital, o novo controlador ficará obrigado a pagar na liquidação do leilão uma quantia adicional ao preço final do leilão de R$ 8,6 milhões para compensar as ações da oferta aos empregados com deságio.
Poderão participar do leilão quaisquer empresas interessadas brasileiras ou estrangeiras, instituições financeiras, Fundos de Investimento em Participações (FIPs) e entidades de previdência complementar, seja atuando isoladamente ou em consórcio.
A Cesp opera três hidrelétricas em São Paulo, mas Porto Primavera responde sozinha pela maior parte dos cerca de 1,65 gigawatts do portfólio da empresa.

INSS corta 423 mil benefícios e economiza R$ 9,6 bilhões, FSP

Risco de perder a renda é alto para cidadãos afastados do trabalho por doença

Clayton Castelani
SÃO PAULO
O pente-fino do governo federal nos benefícios por incapacidade do INSS já resultou no cancelamento de 315 mil auxílios-doença e de 108 mil aposentadorias por invalidez desde agosto de 2016, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social. No total, 423 mil benefícios deixaram de ser pagos.
Com os cortes de benefícios considerados indevidos, a gestão do presidente Michel Temer (MDB) afirma ter economizado R$ 9,6 bilhões.
Para cidadãos afastados do trabalho por doença, o risco de perder a renda é alto.
Os cancelamentos de auxílios-doença representam 78% das 404 mil revisões desse tipo de benefício. Entre as 359 mil aposentadorias por invalidez reavaliadas, 30% foram cortadas.
Podem ser convocados pelo pente-fino segurados que recebem benefício por incapacidade há mais de dois anos e, nesse período, não passaram por perícia.
Não podem ser chamados os aposentados por invalidez acima de 60 anos. Também escapam aposentados inválidos acima de 55 anos de idade e que recebem o benefício há mais de 15 anos.
Apesar de estar em vigor há quase dois anos, o avanço do pente-fino foi bem maior em 2018. Das 764 mil perícias realizadas desde 2016, 500 mil (65%) ocorreram nos últimos quatro meses.
Peritos médicos da Previdência recebem bonificação de R$ 60 para examinar os segurados convocados.
Ao todo, o governo pretende revisar 552 mil auxílios-doença e 1 milhão de aposentadorias por invalidez. Ao final do programa, a administração espera deixar de pagar R$ 15,7 bilhões. 

sexta-feira, 6 de julho de 2018

PIB atropelado,Opinião FSP

Paralisação dos caminhoneiros leva produção da indústria a desabar e acentua pessimismo

Veículos bloqueiam a BR-116, na região de Magé, no Rio de Janeiro, durante a paralisação de caminhoneiros
Veículos bloqueiam a BR-116, na região de Magé, no Rio de Janeiro, durante a paralisação de caminhoneiros - Mauro Pimentel - 23.mai.18/AFP
Com a divulgação de indicadores relativos a maio e junho, já se pode começar a medir os impactos da paralisação dos caminhoneiros na atividade econômica do país. Eles não se mostram pequenos.
Os mais evidentes decorrem dos problemas logísticos que perturbaram as cadeias produtivas. De abril para maio, a indústria contabilizou queda de 10,9% —a maior desde dezembro de 2008, no auge da crise financeira internacional.
O desempenho do mês ficou 6,1% abaixo do verificado em dezembro de 2016, quando chegou ao fim uma brutal recessão de 11 trimestres. 
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Fabricação e vendas de automóveis recuaram, respectivamente, 25,9% e 7,8%, feitos os ajustes de sazonalidade. Em junho, expectativas de alguma melhora no setor foram frustradas. 
Como resultado, acentuaram-se as revisões das estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto neste ano. Embora os analistas consultados pelo Banco Central ainda calculem uma alta em torno de 1,5%, já existem simulações que mostram números abaixo de 1%. O próprio BC reduziu sua expectativa de 2,6% para 1,6%.
O comportamento da inflação também se alterou. A interrupção do fluxo de chegada de alimentos ao mercado fez a cesta básica subir quase 8% no espaço de um mês. O IPCA-15 de junho ficou em 1,11%, maior taxa para o mês desde 1995.
Mesmo que graves, tais efeitos deveriam ser passageiros. Entretanto a paralisação de certa forma foi catalisadora de temores que estavam latentes na economia.
A incerteza eleitoral é um deles. O amplo apoio popular ao movimento foi lido por empresários e investidores como um mau presságio para o pleito. Nesse cenário, decisões de investimento tendem a ser adiadas até que haja maior clareza em relação à agenda do país.
Segundo a Fundação Getulio Vargas, os indicadores setoriais de confiança de construção, comércio, consumidores e serviçosretrocederam a patamares do final do ano passado. Juros de mercado mais altos e dólar valorizado também são sintomas do mau humor.
Infelizmente, há pouco o que o governo possa fazer no momento. Ao BC cabe evitar ao máximo um endurecimento da política monetária, de modo a não agravar a ociosidade nas empresas e o desemprego. Já os presidenciáveis darão grande contribuição se apresentarem propostas claras e exequíveis.