domingo, 4 de outubro de 2015

Prêmio Nobel ataca elite alienada e propõe mais impostos para os ricos


Eric Piermont/AFP
O economista norte-americano Joseph Stiglitz, ganhador do prêmio Nobel e autor de "The Great Divide"
O economista norte-americano Joseph Stiglitz, ganhador do prêmio Nobel e autor de "The Great Divide"
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Começou com a eleição de Ronald Reagan. Os mais ricos passaram a pagar menos impostos, a economia foi desregulada e o setor financeiro tornou-se central. A memória da Segunda Guerra Mundial, e da solidariedade que engendrou, foi desaparecendo.
O rápido crescimento com avanço da indústria e ascensão das classes médias ficou para trás. O fim da União Soviética, eliminando a competição ideológica, frustrou planos de inclusão para a maioria da população.
O bem-estar das corporações foi engordando ao mesmo tempo que encolhiam os projetos de ajuda aos mais pobres. Um norte-americano típico ganha hoje menos do que ganhava há 45 anos –feitas todas as correções. Uma em cada quatro crianças vive na pobreza (na Grécia é uma em seis).
O 1% mais rico abocanha um quarto da renda e 40% da riqueza dos EUA. Há 25 anos, essas percentagens eram de 12% e 33% respectivamente. Políticos e parlamentares fazem dessa superelite e atuam em função dela.
Essa crescente desigualdade destrói o mito dos EUA como a terra de oportunidades, sabota a eficiência da economia e, principalmente, abala os pilares da democracia. O lema de "um homem um voto" está sendo convertido em "um dólar um voto".
É com esse pano de fundo que o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz desenvolve "The Great Divide" [a grande divisão], obra que disseca os movimentos que levaram a rupturas e desagregações na sociedade norte-americana nas últimas décadas.
Seu ponto central: a desigualdade galopante é fruto de políticas deliberadas e poderia ter sido evitada. Stiglitz ressalta que o fosso social fabricado nos Estados Unidos –e replicado pelo mundo– impede uma recuperação mais robusta da economia, reforçando iniquidades e mais concentração de riqueza.
Com uma linguagem contundente e didática, o autor extrapola em muito o estrito mundo econômico. Sua reflexão passa pelo comportamento da elite, cada vez mais divorciada das necessidades da população.
Alienada das condições sociais gerais, da saúde, da educação, da segurança e da infraestrutura, essa fração dos superricos vive numa bolha, não liga para o que acontece com a maioria e gera efeitos perversos para o país. Nas palavras do Nobel:
"De todos os custos impostos pelo 1% para a nossa sociedade talvez o maior seja a erosão de nosso senso de identidade, no qual o jogo justo, a igualdade de oportunidade e o senso de comunidade são tão importantes".
Stiglitz, 72, lembra que Alexis de Tocqueville (1805-1859) identificou nos norte-americanos a existência de um "interesse próprio bem compreendido", ou seja: para o próprio bem-estar individual é preciso prestar atenção nas condições dos outros.
Segundo o Nobel, os americanos aprenderam que "ajudar os outros não é apenas bom para a alma, mas é bom para os negócios". No entanto, agora a elite não entende que o seu destino está interconectado com o da maioria da população –os 99%.
"A história mostra que isso é algo que, no final, o 1% mais rico pode aprender _muito tarde", diz. O alerta está em "Do 1%, pelo 1%, para o 1%", famoso ensaio publicado originalmente pela revista "Vanity Fair", em 2011, e que serviu de inspiração para protestos como o Occupy Wall Street.
O texto é um dos mais esclarecedores do livro, que recupera discussões de outras obras de Stiglitz, como "The Price of Inequality" (2012) e "Freefall" (2010). Ex-executivo do Banco Mundial e do conselho econômico da administração Bill Clinton, Stiglitz reforça, também nesta obra, seu ataque contra os bancos.
Condena, especialmente, as práticas anti-competitivas na área de cartão de crédito. Recomenda uma forte legislação antitruste –o que impulsionaria pequenos negócios. No conjunto, defende uma maior taxação para os mais ricos, demolindo argumentos contrários.
Ainda que repetitivo em alguns pontos, "The Great Divide" é essencial para entender os dias que correm –não só nos EUA.
The Great Divide
AUTOR Joseph Stiglitz
EDITORA W.W. Norton & Company
QUANTO US$ 17,40 (e-book)

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

De 16 cidades-exemplo em água e esgoto, 7 estão em SP, aponta estudo.

G1
30/09/2015
De 16 grandes cidades brasileiras que podem ser consideradas exemplos de sucesso para o restante do país em relação a serviços de água, coleta e tratamento de esgotos, 7 estão no estado de São Paulo. É o que aponta um estudo do InstitutoTrata Brasil com a GO Associados feito com base no Ranking de Saneamento Básico nas 100 maiores cidades do Brasil, utilizando dados de 2013 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
Além de São Paulo, os estados de Minas Gerais (4 cidades), Paraná (3), Mato Grosso (1) e Rio de Janeiro (1) também estão representados entre os municípios destacados. Veja na tabela abaixo quais são as 16 cidades, que são consideradas pelo instituto casos de sucesso de saneamanto no país.

De acordo com o instituto, a situação positiva dessas cidades contrasta com a realidade brasileira. Enquanto a média nacional de tratamento de esgoto está em 39% (o que significa 120 milhões de brasileiros sem esgoto tratado), a média dos 16 municípios analisados é de 76,1%. Maringá, no Paraná, lidera no tratamento, com quase 94% dos seus esgotos tratados.

Em relação a coleta de esgoto, o índice médio das cidades-exemplo é de 95,1%, ante uma média nacional de 48,6%. Em algumas cidades, como Franca (SP), Limeira (SP) e Belo Horizonte (MG), a coleta contempla 100% dos moradores. No caso do serviço de atendimento de água, a média atingida pelos 16 munícipios é de 99,42%, contra 82,5% da média brasileira.

O estudo também aborda a perda de distribuição do sistema de água. A média brasileira é de 37% - ou seja, 3,7 litros de água perdidos para cada 10 produzidos devido a fraudes, erros de leitura dos hidrômetros, vazamentos e outros fatores.

Já as 16 cidades consideradas exemplos de saneamento perdem, em média, 26,1% da água produzida, o que corresponde a 10,3 pontos percentuais a menos do que a média nacional. Desse grupo, cinco cidades têm perdas abaixo de 20%, indicador observado em países com melhor nível de eficiência.

As 16 cidades serão debatidas em um seminário realizado nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Trata Brasil e pelo Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.

Cidade

UF

Atendimento de água (%)

Atendimento de esgoto (%)

Indicador de esgoto tratado por água consumida (%)

Indicador de perda total de água (%)

Franca

SP

100

100

77,79

13,5

Maringá

PR

100

95,24

93,58

12,85

Limeira

SP

100

100

86,56

11,16

Londrina

PR

100

97,56

85,99

29,68

Curitiba

PR

100

99,07

88,44

30,57

Niterói

RJ

100

92,8

92,8

15,9

Uberlândia

MG

100

97,23

92,89

26,35

Taubaté

SP

100

96,58

69,79

28,42

Ribeirão Preto

SP

99,72

98,32

79,1

34,17

Contagem

MG

99,66

98,64

59,42

41,18

Belo Horizonte

MG

100

100

67,39

34,33

São José dos Campos

SP

100

96,1

69,24

30,14

Montes Claros

MG

95,17

95,17

75,06

36,25

Campinas

SP

97,81

86,72

51,01

15

Santos

SP

99,97

98,53

76,84

21,48

Campos Grande

MS

98,4

69,75

51,69

36,2

Média das 16 cidades

99,42

95,11

76,1

26,07

Média do Brasil

82,5

48,6

39

37

Fonte: Base de dados SNIS 2013

Sabesp e Prefeitura de Santos selam acordo de quase R$ 1 bi por 30 anos, do G1

Empresa cedeu três terrenos e investirá R$ 130 milhões em obras.
Acordo também prevê perdão de dívida.

Do G1 Santos
Paulo Alexandre Barbosa e Geraldo Alckimin selaram acordo (Foto: Raimundo Rosa / Prefeitura de Santos)Paulo Alexandre Barbosa e Geraldo Alckimin
selaram acordo (Foto: Raimundo Rosa / Prefeitura
de Santos)
A Prefeitura de Santos, no litoral de São Paulo, assinou, na tarde desta terça-feira (29), oacordo de quitação de débitos e recebimento de verba da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Ao todo, o acordo prevê a movimentação de quase R$ 1 bilhão. Serão R$ 130 milhões repassados à administração municipal, além da extinção de uma dívida de R$ 332 milhões que a prefeitura tem com a Sabesp.
A Prefeitura de Santos também terá direito a 0,53% da receita líquida gerada pela Companhia na cidade. Além disso, a empresa cedeu três imóveis no valor aproximado de R$ 40 milhões e se comprometeu a investir R$ 424 milhões durante o período de contrato. O acordo será válido até 2045.
A verba destinada pela Sabesp à administração municipal será dividida em quatro anos. A primeira parcela é de R$ 25 milhões e as restantes no valor de R$ 26,25 milhões. Os recursos poderão ser utilizados para redução de consumo e uso racional da água, macrodrenagem e microdrenagem, intervenções em áreas de preservação e em áreas urbanas.
Obras
Parte dos recursos devem ser destinados às obras do programa Santos Novos Tempos e de pavimentação e desassoreamento de canais. Também estão previstas ações de educação ambiental.
Investimentos
De acordo com informações da Prefeitura de Santos, a Sabesp deve investir cerca de R$ 246 milhões em melhorias no abastecimento de água na cidade. R$ 97 milhões serão destinados à coleta e tratamento de esgoto. Além disso, R$ 81 milhões para manutenções gerais.
Sobre o contrato, do TrataBrasil

SÃO PAULO, 30 de setembro de 2015 /PRNewswire/ -- A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP (BM&FBovespa: SBSP3; NYSE: SBS), nos termos da Instrução CVM nº 358, de 3 de janeiro de 2002, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP ('Companhia' ou 'SABESP') vem a público informar que assinou hoje Contrato de Prestação de Serviços Públicos de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário com prazo de 30 anos com o Município de Santos, o terceiro maior operado pela Companhia.

Os principais destaques da negociação são:

Acordo de equacionamento da dívida do município com a Sabesp; Garantia de recebimento das faturas dos próprios do município, por meio de quota parte do ICMS; Investimento de aproximadamente R$ 450 milhões pela Companhia em Santos; Repasse ao município, para que este execute investimentos em obras de saneamento ambiental e infraestrutura na cidade, sendo: i.R$ 130 milhões divididos em cinco parcelas anuais; e

ii.0,53% da receita auferida pela Companhia em Santos, líquida de Cofins e Pasep, a serem repassados trimestralmente ao longo do contrato.

Contatos de RI: Mario Arruda Sampaio – (55 11) 3388-8664 (maasampaio@sabesp.com.br)Angela Beatriz Airoldi – (55 11) 3388-8793 (abairoldi@sabesp.com.br)

FONTE SABESP