quarta-feira, 27 de maio de 2015

Brasil: 12º mais violento do planeta


Publicado por Luiz Flávio Gomes - 1 dia atrás
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Se a tolice não fosse também uma característica humana (faz 70 mil anos que oHomo Sapiens aprimorou sua linguagem, com a Revolução Cognitiva, para expressar coisas que não existem, nas quais os humanos acreditam), [1] jamais os demagogos populistas seriam capazes de nos “vender” o mito da segurança grátis.[2] A construção de sociedades razoavelmente civilizadas e seguras exige muito planejamento, políticas preventivas eficientes, excelente escolarização de todos, muitos custos e gastos bem orientados, certeza do castigo e um gigantesco pacto nacional (a segurança é assunto de cada um e de todos nós).
Três modelos de sucesso: 1º) países escandinavos (com 1 assassinato para cada 100 mil pessoas); 2º) EUA (4 para cada 100 mil); 3º) alguns países asiáticos (2 para cada 100 mil). O que esses países de sucesso em matéria de criminalidade nos ensina? Que não se faz omelete sem quebrar ovos. Na economia, o neoliberal Milton Friedman cunhou a famosa frase que diz:“There is no such thing as a free lunch” (não existe esse negócio de almoço grátis).
Em que consiste o mito da segurança grátis? É o que promete distribuir segurança e tranquilidade para todos com a mera edição de uma nova lei ou reforma penal, sem custos para ninguém. O legislador brasileiro de 1940 a 2015 já promoveu 156 reformas penais (das quais, 75% são leis mais duras) e a criminalidade nunca baixou (ao contrário, só aumenta: em 1980 tínhamos 11 assassinatos para cada 100 mil pessoas; fechamos 2013 com 28,2). O legislador não é o único, mas é o grande responsável pela “venda” do “mito da segurança grátis”, que acredita na força (repressiva e preventiva) da alteração legislativa como “solução” para os graves problemas da (in) segurança pública.
Essa política nefasta e infértil (os resultados estão aí para comprovar sua ineficácia) já teria sido extirpada do solo brasileiro se as massas rebeladas (objetivamente indignadas) não caíssem esporádica ou frequentemente na tolice de acreditar no mito da segurança grátis. O Brasil não tem conseguido sair do atoleiro do semi-desenvolvimento (continua na vergonhosa posição 69ª no ranking mundial do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano). Um dos termômetros desse sub ou semi-desenvolvimento é a questão da insegurança pública, que é alimentada por uma trágica criminalidade galopante (mais violenta nos criminosos das classes populares e mais corrupta e fraudulenta nos criminosos das classes dominantes).
Existe muita coisa de particularmente errado na formação histórica da sociedade brasileira (permissiva, anômica, não cumpridora das leis etc.), mas nada se compara com as classes dominantes (lideranças extrativistas) que a governa. São sucessivos governos de mau uso do dinheiro público: perdulários, preservadores de privilégios, fisiologistas, patrimonialistas, corruptos etc.
Não é por acaso que o Brasil é o 12º país mais violento do planeta. Esse é o resultado encontrado no levantamento do Instituto Avante Brasil, dentre 185 países, com dados de 2011, 2012 ou 2013 (fontes: UNODC e Ministério da Saúde, Datasus). Entre os 10 mais violentos, 9 estão na América Latina e Caribe, com exceção da África do Sul. São eles: Honduras, na primeira posição por mais um ano (2013: 84,3 mortes para cada 100 mil habitantes), Venezuela (53,6), Belize (45,1), Jamaica (42,9), El Salvador (39,8), Guatemala (34,6), São Cristóvão e Nevis (33,4), África do Sul (31,9), Colômbia (31,8) e Trinidad e Tobago (30,2). Em comum, todos esses países registram alta taxa de desigualdade econômica e social, escandaloso índice de corrupção e baixa escolaridade. O Brasil (em 2013), atrás de Bahamas, registrou uma taxa de mortes de 28,2 por cada grupo de 100 mil habitantes. Em números absolutos, está na primeira posição isolada, com 56.804 homicídios (de acordo com o Datasus).
Os países considerados menos violentos estão em sua maioria na Europa e na Ásia. Liechtenstein e Andorra dividiram a primeira posição com nenhum homicídio nos anos disponíveis. Em seguida vêm Luxemburgo (0,2), Islândia (0,3), Cingapura (0,3), Japão (0,3), Brunei (0,5), Bahrein, Eslovênia (0,5) etc. (são 78 países com mais de 5 assassinatos para cada 100 mil pessoas; 106 com 5 ou menos). Todos esses países se encontram no grupo do IDH elevado ou muito elevado, têm baixo ou médio índice de corrupção, pouca desigualdade econômica e social e bons ou ótimos índices de escolaridade. Os países com até 5 assassinatos para cada 100 mil pessoas possuem essas características; eles comprovam que não existe o mito da segurança grátis. Nos comportamos de forma muito tola quando acreditamos nesse mito.
Veja mais informações sobre este artigo aqui: http://luizflaviogomes.com/brasil-12o-mais-violento-do-planeta/
Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil

terça-feira, 26 de maio de 2015

O Brasil vai voltar, (Nizan, reconfortante!)


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Este é o momento de consertar o que está errado e aproveitar as oportunidades que uma crise traz.
Falar para dentro é fundamental. Não podemos deixar a crise dominar a pauta da empresa e das pessoas. Se os líderes não agem, elas acordam toda manhã imersas num país em crise e vão trabalhar nesse espírito.
É exatamente o contrário do que precisamos agora. As pessoas têm que ir trabalhar com foco, com pauta, com metas adequadas para este momento.
É hora de consertar o que dá para ser consertado da porta para dentro da empresa. Os governos, as instituições e as associações vão trabalhar para melhorar o que está da porta para fora.
Os Estados Unidos, país vencedor e líder, e suas empresas, também vencedoras e líderes, enfrentaram uma crise enorme em 2008 e foram em busca de produtividade, de novas fontes de energia, do desenvolvimento com alta tecnologia. Resultado: os Estados Unidos estão de volta, a todo vapor.
O Brasil vai voltar também, mais rápido ou mais devagar, a depender dos caminhos tomados, dos erros e acertos da caminhada.
Os líderes erram muito e erram sempre. Juscelino Kubitschek, um presidente inovador, costumava dizer que com erro não há compromisso. As pessoas às vezes passam muito tempo na defensiva, tentando justificar os erros, quando é muito mais fácil aprender com eles e seguir em frente.
O líder tem que servir à empresa, e não o contrário. Quando se está numa empresa pequena, o líder pode arrogantemente achar que ela existe para servi-lo. Mas, quando a empresa cresce, fica claro que é o líder que deve servi-la.
O líder não precisa ter razão, ele precisa ter sucesso. E precisa de orelhas. Ouvir os outros com atenção é ferramenta poderosa da liderança.
A crise é um chamamento à liderança. Os americanos dizem que há três fases na vida: "Learn, earn, serve" (aprender, ganhar, servir). Cada vez mais empresários e profissionais estão entendendo seu papel institucional e se ocupando também das coisas do país. A produtividade, fundamental para o desenvolvimento, é uma pauta que está dentro das empresas e fora delas. A inflação e os juros, também.
A atividade empresarial associativa é ainda mais importante agora para promover um debate que não deve ser somente horizontal. Ele tem que ser vertical, transversal, universal.
A cooperação é fundamental, como disse o presidente Clinton recentemente. É trabalhando juntos que vamos encontrar os caminhos.
O potencial do Brasil é enorme. Olho pela publicidade. Temos brasileiros espalhados no mundo inteiro nos cargos mais relevantes da nossa indústria. Somos como aqueles corredores que ficam correndo a pé pelas montanhas e, quando calçam um par de tênis, ganham tudo e quebram recordes.
Vamos calçar pautas abrangentes, unindo as universidades às empresas, as políticas públicas às necessidades privadas, os empresários aos trabalhadores, os políticos à sociedade.
Vamos olhar para o mundo com novos olhos e novos pensamentos. Vamos olhar para o óbvio. Para isso, a crise é boa.
Só mais uma coisa: é claro que os desafios são grandes, muito mais difíceis e complicados que este artigo pressupõe. Por isso, quando desanimo, minha mulher sabiamente diz: releia seus próprios artigos

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Cuide do emprego, Levy (por José Roberto de Toledo)

Quando Dilma Rousseff se elegeu e tomou posse da Presidência pela primeira vez, entre o fim de 2010 e o começo de 2011, o Brasil criava cerca de 2 milhões de novas vagas de trabalho formais ao longo de um ano. Era o auge da economia petista e, por tabela, da popularidade de Lula e de seus companheiros.
O ex-presidente batia todos os recordes de aprovação não só nas ruas, mas também em Brasília. A taxa de governismo na Câmara beirava inéditos 90%. De cada 100 deputados, 88 obedeciam o líder de Lula sem piscar. Lava Jato era um lugar onde se lavava o carro, e as ações da Petrobrás valiam o dobro de hoje.
Tudo tinha a ver com o bolso - do eleitor. A cada mês, a massa salarial aumentava em R$ 1,5 bilhão com os salários recebidos pelos que haviam ocupado as novas vagas criadas no mercado de trabalho. A inundação de dinheiro alavancavaFINANCIAMENTOS e multiplicava o consumo de massa.
A felicidade era uma calça nova, azul e desbotada, comprada no crediário. Dezenas de milhões de carros e motos tinindo paravam em lustrosos congestionamentos na saída das concessionárias. Na campanha sucessória de Lula, João Santana traduzia as estatísticas econômicas em imagens que sugeriam um Brasil de Primeiro Mundo na propaganda de TV. Parecia bom demais. E era.
Dilma herdou esse sonho paradisíaco de Lula e surfou a mesma onda de popularidade por dois anos e meio. Só não sabia - ou agiu como se não soubesse - que antes mesmo de ela sentar na cadeira presidencial o ponto mais alto da geração de empregos com carteira assinada havia sido ultrapassado. A curva era descendente desde setembro de 2010, mas ninguém queria acordar.
A cada novo mês do primeiro governo Dilma, o saldo de empregos acumulado nos 12 meses anteriores ficava cerca de 50 mil vagas menor, em média. Entre setembro de 2009 e agosto de 2010, o total de empregos formais aumentou em 2,3 milhões. Nos 12 meses anteriores a junho de 2013, esse saldo caíra para 667 mil vagas - uma queda de 70% em comparação ao auge de Lula.
Quem sofre mais quando o mercado de trabalho desaquece é quem está tentando entrar: o jovem - seja porque chegou à idade de trabalhar, seja porque seus pais perderam o emprego e não podem mais sustentar um estudante profissional em casa. E milhares de jovens tomaram as ruas de centenas de cidades brasileiras em junho de 2013 em intermináveis marchas sem rumo.
No susto, o governo acordou. Mexeu para lá, pedalou para cá e conseguiu inverter a curva descendente do Caged por alguns meses, a partir de agosto de 2013. Foi o suficiente para reeleger Dilma, mas a bicicleta do emprego formal logo perdeu o embalo de novo. Começou a desacelerar em 2014 como se alguém apertasse os dois manetes do freio ao mesmo tempo.
Em fevereiro de 2015, o que era saldo virou déficit - pela primeira vez na era petista. No acumulado de 12 meses, mais de 221 mil vagas foram fechadas. Multidões voltaram à rua, desta vez com objetivo claro: pedir o impeachment de Dilma. A perda de popularidade se traduziu em uma rebelião do Congresso. A taxa de governismo caiu a 64%, e a presidente virou refém do PMDB.
De maio de 2014 a abril de 2015, a economia brasileira perdeu 419 mil vagas e R$ 3 bilhões em salários. Só no mês passado, R$ 380 milhões deixaram de ser pagos. Pelo tamanho dos cortes anunciados, muitos mais vão perder o emprego no Brasil - e, se o ajuste não funcionar, também em Brasília.