Bruno Ribeiro - O Estado de S. Paulo
Texto atualizado às 23h02.
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Daniel Teixeira/AE
Policiais do Choque, da PM, foram acionados
SÃO PAULO - Uma briga dentro de um túnel da Estação Luz do metrô, no centro de São Paulo, provocou uma confusão generalizada em pleno horário de pico e fechou a linha por 36 minutos, das 18h40 às 19h16, na véspera do feriado. Sem saber o que estava acontecendo e em meio a boatos de tiroteio, passageiros tentaram correr nos corredores superlotados, o que resultou em pânico. Pessoas foram pisoteadas e ao menos dez precisaram de atendimento médico.
"As pessoas foram caindo pela escada, deixando bolsa, sapatos, celular. Todo mundo dizia: ‘É tiro, é tiro’ e se empurrava. Mas não tinha para onde correr porque estava tudo lotado", contou a conferente Suellen Lopes Silva, de 23 anos.
Na confusão, passageiros caíram nos trilhos e o Metrô teve de desligar a energia da Linha 1-Azul no sentido Tucuruvi. A paralisação durou 40 minutos. "Eu fiquei o tempo todo presa no trem, entre (as Estações) São Bento e Luz. Todo mundo ouviu barulho de tiros", disse advogada Renata Xavier, de 26 anos.
Segundo a Polícia Civil, no entanto, nenhum disparo foi feito dentro da estação. O investigador-chefe da Delegacia de Polícia do Metropolitano, Jair Araújo Teixeira, disse que o caos começou quando um homem esbarrou em uma mulher e deu início a uma briga, no túnel que liga a Linha 4-Amarela com a Linha 1-Azul e com ramais da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). "Pelo que apuramos preliminarmente, um homem tentou defender a mulher e deu um soco no rapaz que começou a briga. Uma quarta pessoa sacou uma arma. Aí, todo mundo tentou correr no túnel lotado", afirmou o policial.
Seguranças da companhia disseram que, conforme os suportes das grades de separação dos usuários caíam, empurrados pelas pessoas em pânico, havia a impressão de que estava havendo um tiroteio. Tratava-se apenas do eco causado pelo barulho.
Mas toda essa situação criou um efeito em cascata que espalhou o pânico: pessoas chegaram a ligar para a Polícia Militar para relatar um tiroteio. E canais de televisão espalharam a notícia da troca de tiros - quem estava na estação e falava ao celular com parentes recebia a notícia dos disparos. Na hora, especularam que a confusão pudesse ser resultado de uma tentativa de roubo às bilheterias ou de um homem que fugia da PM e teria entrado na estação para se esconder - nada acabou confirmado.
Mesmo uma hora após a confusão, as diversas entradas da estação estavam cheias de pessoas, a maioria mulheres, chorando por causa do susto.
Três mulheres feridas, duas com suspeita de fratura nas pernas e uma com fortes dores na costela, foram levadas até a Santa Casa de Misericórdia, em Santa Cecília, hospital mais próximo da Luz. Não foi possível confirmar o estado de saúde delas até as 23 horas.
A Polícia Civil vai requisitar imagens do túnel onde começou a confusão para tentar identificar os envolvidos na briga, que podem ser indiciados por lesão corporal.
Superlotação. A insegurança muitas vezes causada pela superlotação da Estação da Luz preocupa o Metrô desde o ano passado. O prédio, histórico, não pode sofrer muitas reformas porque é tombado, mas ficou acima da capacidade desde que a Linha 4-Amarela foi inaugurada.
De lá para cá, o governo do Estado já retirou um ramal da parada, a Linha 10-Turquesa da CPTM. Agora, o governo estuda a construção de mais saídas subterrâneas para dar vazão aos passageiros, entre outras medidas para desafogar o ramal, parcialmente inaugurado em 2010.