JOELMIR TAVARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) anunciou nesta quarta-feira (27) economia acumulada nos últimos três anos de quase R$ 1 bilhão nas contas do Estado, reforçando o discurso de responsabilidade fiscal que deve ser adotado em sua provável campanha à Presidência.
Ele evitou relacionar o anúncio à preparação para disputar o Planalto, justificando que busca fazer balanços em todo fim de ano.
"Acho que nós precisamos mudar a cultura. Margaret Thatcher dizia: não há dinheiro público, há dinheiro das famílias. [Dinheiro] que é retirado da mesa, do lazer da família. Essa questão fiscal é hoje o centro da crise para a qual o Brasil foi levado", afirmou.
Apesar da menção à ex-primeira-ministra britânica conhecida pela austeridade, o tucano tem dito que no Brasil uma política fiscal dura tem que ser acompanhada de programas sociais eficientes.
Conhecida como Dama de Ferro, Thatcher (1925-2013) liderou o Reino Unido entre 1979 e 1990. Foi uma defensora do neoliberalismo e promoveu em seu mandato reformas para diminuir o tamanho do Estado britânico.
Ao detalhar os cortes que levaram à economia de R$ 997 milhões de 2015 a 2017, o governador falou que "o Brasil não tem mais como aumentar impostos, pelo contrário, deve reduzir a carga tributária".
"Só tem um caminho: melhorar a eficiência do gasto público. Fazer mais, fazer melhor, com menos dinheiro", disse Alckmin, dando um tom nacional à sua fala.
O resultado no Estado, segundo o governo, veio com medidas de gestão como renegociação de contratos, cortes de viagens ao exterior e uso racional de recursos.
Só a redução de despesas com energia, telefonia e horas extras aliviou o caixa em R$ 424 milhões. Outros exemplos de ações foram a eliminação de 60 contratos de aluguel (economia de R$ 38 milhões) e a diminuição da frota (queda de R$ 57 milhões).
O orçamento total do Estado para 2017 é de R$ 206 bilhões. A Assembleia Legislativa aprovou valor 4,9% maior (R$ 216,5 bilhões) para 2018.
CARTEL
Alckmin não quis comentar uma afirmação do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB-AM), sobre formação de cartel em obras contratadas pelo Estado. Em entrevista ao jornal "O Globo", ele havia defendido que a comissão de ética do partido questionasse o paulista sobre o assunto.
Virgílio também se coloca como pré-candidato na sigla e tem rivalizado internamente com Alckmin, tentando forçar a realização de prévias.
O prefeito cobrou explicações após as empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa confessarem ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) cartéis em rodovias e metrô em São Paulo.
O Estado se defende dizendo que foi vítima do esquema e afirma que servidores que tiverem alguma responsabilidade serão punidos.
Ao se despedir dos jornalistas e desejar boas festas, o governador brincou: "Como dizia um amigo, votos de feliz Ano-Novo. Eu disse: 'Olha, se tiver votos, já é o suficiente'".
Antes da entrevista coletiva, Alckmin disse à rádio Jovem Pan que o país não precisa de "showman", num indicativo de que não está disposto a elevar a temperatura do discurso durante a campanha.
"Vejo críticas de que falta carisma. Brasil não precisa de 'showman'. Se quiser vai no show do Tom Cavalcante. Brasil precisa de governo que tenha competitividade, reformas, modernizar o país, buscar competitividade. Não sou da ribalta. A coisa da discurseira é atrasada."
Fonte: Folhapress
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