quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

CPI: Ex-diretor da Petrobras Ildo Sauer aponta divergências com Dilma


Por Thiago Resende | Valor
BRASÍLIA  -  Em tom de crítica à presidente Dilma Rousseff, o ex-diretor de gás e energia da Petrobras Ildo Sauer disse nesta quarta-feira que decisões como a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, não podem ser tomadas com base apenas num resumo executivo em caso de dúvidas. Dilma era presidente do Conselho de Administração da estatal durante o negócio e, por isso, tinha acesso a todas informações sobre a aquisição, lembrou Sauer.
“Essa responsabilidade não se decide com base num resumo executivo [...] Mas não pode confiar [no resumo] e depois achar que foi falho”, afirmou o ex-diretor após participar de uma sessão “informal” da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional que investiga supostas irregularidades na estatal.
Para ele, há um “exagero dizer que tomou a decisão com base num resumo falho”, pois, como presidente do conselho, Dilma poderia pedir dados adicionais e até contratar consultorias externas.
Pasadena
Durante a sessão "informal", Sauer disse não saber se houve irregularidade na compra da refinaria de Pasadena, localizada nos Estados Unidos, mas dados disponíveis no momento da aquisição diziam que era um bom negócio.
“Se houve irregularidade ou não, eu não posso afirmar. Tem que se investigar”, declarou. Os “documentos que foram apresentados para a diretoria”, no entanto, apontam que era “um bom negocio”, concordando, portanto, com o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
O ex-diretor afirmou que foi demitido da estatal por divergências político-administrativas. Sauer contou que Dilma, então ministra de Minas e Energia e presidente do conselho da Petrobras, fazia exigências das quais ele discordava.
“Como o setor elétrico ia mal, ela queria empurrar para a Petrobras coisas que a Petrobras não poderia e não deveria fazer. Eu não fiz. Tchau e benção!”, declarou a jornalistas após o depoimento “informal”.
Ao lembrar que trabalhou na Petrobras de 2003 a 2007, o ex-diretor afirmou que fez “várias críticas internas e algumas públicas por divergências político-administrativas”.
Sauer também negou ter participado do suposto esquema de corrupção na estatal. “Repudio esse tipo de afirmação até porque a energia não conduzia obra nenhuma. Ela não tem engenharia para conduzir”, afirmou.
Questionado se foi nomeado ao cargo de diretor na Petrobras por indicação política, Sauer explicou sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alegou: “não me sinto apadrinhado”. Ele frisou ser um técnico e ter conhecimento para ter comandado a diretoria de gás e energia. “Nunca vinculei minha nomeação a qualquer grupo partidário”, completou.
Para o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que presidiu a sessão "informal", o depoimento não será perdido, pois a oposição vai pedir que as informações dadas por Sauer sejam incluídas no relatório da CPI, apesar de o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), nem um substituto terem participado do encontro.


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