sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Abilio Diniz se movimenta para retomar Pão de Açúcar, OESP

 Talita Nascimento e Cynthia Decloedt

02 de setembro de 2022 | 05h00

Pão de Açúcar: dificuldade para elevar rentabilidade  Foto: Sérgio Castro/Estadão

O francês Casino já tem um plano traçado para a venda em até dois anos dos ativos do Grupo Pão de Açúcar, que controla no Brasil, e envolve até a bandeira de supermercados que dá nome à companhia. O antigo dono, Abilio Diniz, é o principal interessado no negócio e se movimenta para encontrar um arranjo societário e recuperar o Pão de Açúcar, sem abrir mão de sua participação no Carrefour Brasil, do qual é sócio relevante desde 2014.

Uma das possibilidades estudadas é a venda da participação de Abilio no Carrefour na França, o que não aliviaria uma possível leitura do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de concentração de mercado no País, mas liberaria recursos para a compra. A outra forma seria buscar um parceiro financeiro para a operação aqui no Brasil.

Holding do Casino tem ate 2024 para quitar dívidas

Abilio Diniz, no entanto, ainda tem tempo para chegar a uma solução. A Rallye, holding do Casino e em recuperação judicial na França, tem até 2024 para acertar suas dívidas com credores. Até lá, o plano é extrair o máximo de valor com a venda fatiada do grupo brasileiro.

A primeira saída deve ser do Grupo Éxito, rede de varejo alimentar com atuação na Colômbia, Uruguai e Argentina, que hoje está debaixo do GPA. O GPA confirmou haver estudos para a separação da rede latino-americana. O próximo passo é a venda da participação de 34% do GPA na Cnova. Esse processo está congelado pelo momento adverso para ações de tecnologia no mundo e aguarda uma situação mais favorável de mercado para voltar à ativa.

Volta de Abilio é vista como respiro para bandeira de varejo

Para a venda do Pão de Açúcar, a marca mais valiosa dentro do GPA hoje, a estratégia é primeiro “embelezar a noiva”, resolvendo o passivo da companhia para deixá-la mais atraente. Nesse processo, a empresa já se desfez de mais de 60 pontos comerciais do Extra Hiper.

A volta de Abilio é vista como um respiro para a bandeira Pão de Açúcar, que hoje tem dificuldade de entregar aumento de vendas e rentabilidade. Depois da separação do Assaí, a empresa perdeu o motor de crescimento e geração de caixa dos atacarejos e, estancou a sangria dos hipermercados vendendo os pontos comerciais para a empresa irmã e ficou com um ativo considerado nobre. No entanto, a marca hoje carrega a pecha de “supermercado caro” e, com concorrentes muito competitivos, não consegue atender às exigências de um público tão sofisticado quanto mira.

Assaí virou joia da coroa do Casino no País

Ao fim desse processo de dois anos, o Casino terminaria com apenas um ativo no Brasil, o Assaí, que foi separado do GPA em 2021, justamente com a intenção de destravar valores para o controlador. Um desinvestimento futuro nesse caso poderia se dar via mercado, em vendas escalonadas que poderiam levar a companhia a se tornar uma corporation, sem controlador definido, como a Renner. Esse último passo ainda é tratado como algo distante. Afinal, a rede de atacarejos é hoje a joia da coroa do Casino no Brasil por sua capacidade de crescimento e geração de caixa.

O Península, gestora fundada por Abilio Diniz, afirmou não comentar “rumores de mercado”. O Casino e o GPA disseram que não comentariam.


Aras diz que PGR é ‘sabotada por organizações criminosas com centenas de representações fantasiosas’, OESP

 Pepita Ortega

02 de setembro de 2022 | 14h09

Augusto Aras. FOTO: ROSINEI COUTINHO/STF

O procurador-geral da República Augusto Aras avalia que a cúpula do Ministério Público Federal é ‘sabotada com com centenas de representações’, sem fundamentação, para investigar autoridades, em uma ‘estratégia para impedir’ que ele ‘continue investigando as verdadeiras organizações criminosas’ que existem no País.

Segundo Aras, a ‘sabotagem’ se dá em razão de cada representação passar pelas mãos de um servidor, para triagem acerca ‘da idoneidade, da autoria do conteúdo das provas’, depois encaminhada para um procurador, e ao fim, para o PGR. Na avaliação do chefe do Ministério Público Federal, tal movimentação consiste em ‘perda de tempo e perda de dinheiro público’.

“Nós, a par de cumprimos com o nosso dever constitucional, ainda temos que enfrentar verdadeiras organizações criminosas que sabotam o nosso trabalho com representações fantasiosas, desprovidas de suporte probante, de fundamento legal. Quem faz isso, faz para ocupar a instituição, a máquina administrativa, e impedir que nos continuemos fazendo nosso trabalho de investigação, de acusação, de defesa do patrimônio público, de todos os bens e valores que nos incumbe velar”, afirmou em vídeo publicado em seu canal no Youtube.

O procurador-geral da República tem usado o espaço para publicar trechos de entrevistas concedidas a jornalistas. No vídeo divulgado nesta sexta-feira, 2, Aras diz ‘informar a sabotagem enfrentada pela PGR nos últimos anos’ durante conversas que se deram em 11 de julho, 9 e 19 de agosto.

Segundo ele, a ‘sabotagem’ preocupa a instituição uma vez que os recursos ‘não são suficientes para gastar tempo com coisas elementares’. Aras afirma que chegam à PGR não só representações contra ministros de Estado e contra o presidente Jair Bolsonaro, mas também contra ministros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral, do Superior Tribunal de Justiça – ‘contra todas as autoridades do Brasil’.

O PGR cita ‘notícias-crimes baseadas em meras notícias de jornais previamente plantadas e com autores falsos’. “Tem um fake pastor Silas Malafaia que fez mais de 200 representações contra ministros do Supremo, autoridades de vários órgãos e Poderes”, indicou. Aras alega que o trabalho da PGR tem sido diligente em analisar os casos e dar as respectivas respostas.

O PGR ainda fez referência aos pedidos de investigação que chegam via o Supremo Tribunal Federal. Segundo Aras, ‘muitos ministros usam a norma regimental para arquivar liminarmente’ as solicitações. Já ‘outros ministros, em minoria, que preferem dar tratamento regimental, mandando o caso’ para a Procuradoria, seguiu o chefe do Ministério Público Federal.

Quando um pedido de investigação ou notícia-crime chega à Corte máxima, é de praxe que o ministro relator do caso remeta a solicitação à Procuradoria, na qualidade de titular da ação penal. Cabe a ela se manifestar pela abertura de inquérito ou arquivamento sobre o assunto em questão. Na maioria dos casos, a gestão de Aras defendeu o arquivamento de solicitações de apurações feitas ao STF sob o argumento ter aberto ‘apurações preliminares’ sobre os diferentes casos. A movimentação chegou a ser criticada por alguns dos ministros do STF.

“Tudo isso faz parte de um uso do sistema de justiça para fins políticos e está na hora de apurarmos os abusos. Aqui nós procuramos manter um padrão de dialogo permanente com segmentos políticos e sociais relevantes. Procuramos adotar posturas que respeitem a Constituição Federal e as leis porque fora disso nós vamos ter nulidade, romper com o dialogo jurisdicional”, indicou.

Em vídeo publciado em julho, o PGR já havia criticado o que chamou de ‘uso do sistema de justiça para fins políticos’, ocasião em que atribuiu a parlamentares o que classificou como ‘fenômeno’, defendendo que ‘está na hora de se apurar abusos’. “Abuso de direito de petição é um ato ilícito. Abuso do direito de representação é um ato ilícito. Quem promove uma representação, quem abre um inquérito, quem faz uma notícia-crime sem lastro legal, por interesses escusos, comete crime de denunciação caluniosa. Se for autoridade comete crime de abuso de autoridade”, afirmou.

Alvo de críticas por alinhamento ao Palácio do Planalto, o PGR voltou a defender, no vídeo publicado nesta sexta-feira, 2, o trabalho realizado por sua gestão, dizendo que não atua com ‘escandalização de operações e processos’. Ele frisa que nenhuma medida executada por ele foi declarada inválida, ‘diferentemente de operações que ocorreram anteriormente onde tudo praticamente foi perdido no combate a corrupção e outros processos’.

“Enquanto nós investigamos, temos o dever ético de não fazer condenações açodadas, temerárias. Após o oferecimento da denúncia, ai tudo é publico e os senhores tem acesso. Não costumamos escandalizar nossas ações até porque é uma garantia do cidadão de ter o devido processo legal respeitado”, afirmou Aras.

Também se remetendo a investigações anteriores a sua gestão, Aras ainda afirmou que a Constituição não permite e que o Supremo não admite a chamada fishing expedition – ‘uma prática muito comum há algum tempo’, segundo o PGR. Esta consiste em uma espécie de ‘pescaria’ por provas, sem objetivo determinado.

“Não posso admitir fishing expedition, porque se eu fizer isso o Estado e seus agentes, que dispõem de tecnologias, armas e outros equipamentos, poderão estar, em vez de proteger o cidadão, perseguindo um cidadão, um pai de família, um trabalhador. Nós temos que andar dentro da Constituição e das leis porque este é nosso pacto nacional”, afirmou.


quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Por que PIB cresce mas sensação de mal-estar econômico persiste, FSP

 Thais Carrança

SÃO PAULO | BBC NEWS BRASIL

A economia brasileira cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022, em relação ao trimestre anterior, acima das expectativas dos economistas, que era de uma alta de 0,9%.

Na comparação anual, a alta do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 3,2%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (1º).

O bom desempenho foi generalizado entre os setores, com altas registradas na indústria (2,2%), serviços (1,3%) e agropecuária (0,5%), sempre em relação ao trimestre anterior.

PIB avançou 1,2% no 2º tri, mas índice de mal-estar com a economia segue próximo do recorde - AFP via BBC

Para o ano de 2022 como um todo, os economistas projetam um avanço de 2,1% do PIB brasileiro, bem acima do 0,3% estimado no início deste ano, segundo o boletim Focus do Banco Central, que reúne as expectativas de economistas do mercado financeiro.

Apesar desses números positivos, a sensação de mal-estar com relação à economia persiste entre os brasileiros. E essa não é apenas uma impressão, existe um indicador para medir essa sensação, é o chamado "Índice de Miséria".

No segundo trimestre, mesmo com a alta do PIB, o índice de mal-estar econômico seguiu próximo do recorde, puxado pela inflação e pela inadimplência das famílias, que mais do que compensaram as melhoras do emprego e da renda no período.

"O PIB deste ano tem previsão de crescimento da ordem de 2%, o que é pouco tendo em vista o que se perdeu nos últimos anos", afirma João Saboia, professor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"E PIB não faz milagre: a informalidade segue elevada, a renda dos mais pobres segue pressionada pela inflação de alimentos e a inadimplência é recorde. Então é natural que as pessoas estejam se sentindo mal em termos de bem-estar. Pelo menos uma grande parte da população", acrescenta o economista.

Entenda por que o PIB está crescendo mais do que o esperado, mas ainda assim o mal-estar econômico se mantém. E como essa combinação deve afetar o voto dos eleitores em outubro.

POR QUE O PIB TEVE ALTA NO 2º TRIMESTRE

Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, diz que três fatores principais explicam o bom desempenho do PIB no segundo trimestre e em 2022 de forma geral.

"O primeiro fator é a reabertura pós-pandemia que ainda gera benefícios à economia, puxando segmentos de serviços, como transportes e armazenagem, serviços prestados à família e serviços públicos", enumera Margato.

Um segundo ponto é a recuperação do mercado de trabalho, que tem superado as expectativas, diz o economista.

Até junho, o país abriu mais de 1,3 milhão de vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), e a taxa de desemprego recuou para 9,3%, menor patamar para o segundo trimestre desde 2015, de acordo com o IBGE.

Crescimento do PIB brasileiro é influenciado pela alta global de preços das commodities, diz Julia Braga, professora da UFF - AFP via BBC

"O último elemento de destaque são os estímulos fiscais de curto prazo que vêm sendo implementados pelo governo", diz o analista da XP, citando os quase R$ 30 bilhões em saques extraordinários do FGTS liberados no segundo trimestre e medidas de antecipação de renda, como o pagamento do 13º dos aposentados em abril e do abono salarial no início do ano.

Julia Braga, professora da Faculdade de Economia da UFF (Universidade Federal Fluminense) destaca ainda um outro fator importante para o avanço da economia em 2022: a alta de preços das commodities, impulsionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

"O Brasil é um grande exportador de commodities –petróleo, produtos agrícolas, metais, minério de ferro. Em geral, quando há um aumento desses preços como agora, que é um aumento da magnitude que aconteceu lá na década de 1970, naturalmente esses setores reagem a esse estímulo", diz Braga, lembrando que isso tem um efeito de "encadeamento" sobre outras atividades, como serviços de transporte e investimentos em bens de capital.

Os analistas avaliam, porém, que a economia deve perder força na segunda metade do ano, como reflexo da forte alta dos juros no Brasil e da desaceleração da economia global.

A perda de ritmo, no entanto, deve ser suavizada pelo pacote de benefícios aprovado pelo governo às vésperas da eleição, incluindo o Auxílio Brasil de R$ 600, vale-gás, auxílios para taxistas e caminhoneiros e cortes de impostos para reduzir a inflação.

MAS ENTÃO POR QUE O MAL-ESTAR ECONÔMICO PERSISTE?

O professor João Saboia, da UFRJ, explica que o Índice de Miséria é uma boa forma de entender o mal-estar dos brasileiros com a economia.

Tradicionalmente, esse indicador é calculado levando em conta dois fatores que têm muito mais peso que o PIB no bem-estar das pessoas: a inflação e a taxa de desemprego.

Mas Saboia, junto ao economista João Hallak, do Corecon-RJ (Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro), desenvolveu uma nova versão do índice levando em conta quatro indicadores:

  • inflação;
  • taxa de subutilização do mercado de trabalho –que além do desemprego, considera quem está trabalhando menos horas do que gostaria, e quem poderia trabalhar, mas não está procurando emprego por algum motivo;
  • rendimento médio da população;
  • e taxa de inadimplência.

A partir daí, os economistas chegam num número que varia de 0 a 100. Quanto mais alto, maior o mal-estar econômico da população.

No segundo trimestre deste ano, o índice estava em 75,9, quarto pior resultado registrado pelo indicador desde 2012, início da série histórica. E muito próximo do recorde de 80,9, registrado no quarto trimestre de 2021.

Para se ter uma comparação, no quarto trimestre de 2019, antes do início da pandemia, o Índice de Miséria estava em 40,5. Ao fim de 2014, antes da crise que se abateria sobre o país no ano seguinte, o indicador chegou à sua mínima: 14,7.

Ou seja: mesmo com a alta recente do PIB, o mal-estar econômico continua considerável. E a inflação e o endividamento das famílias são os dois fatores principais por trás disso, segundo Saboia.

INFLAÇÃO, INADIMPLÊNCIA, INFORMALIDADE E RENDA ESTAGNADA

Ao reduzir os impostos para combustíveis, o governo federal conseguiu diminuir a inflação em julho. Mas isso é pouco sentido pela parcela mais pobre da população por dois motivos: a persistência da inflação elevada há muitos meses e a alta dos preços dos alimentos.

Em julho, mesmo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em queda de 0,68% no mês, a inflação acumulada em 12 meses seguia acima dos 10% e a alta dos alimentos chegou a quase 15%, com itens básicos como batata (67%), leite (66%) e café (58%) com variações de preços ainda mais significativas no período de um ano.

Com a inflação corroendo a renda das famílias, ela s ficaram menos capazes de honrar compromissos financeiros. Com isso, tanto o percentual de famílias endividadas (78%), como o de famílias com dívidas em atraso (29%) estão em nível recorde, segundo os dados mais recentes da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor).

Em São Paulo, pessoas em situação de rua ocupam barracas em frente a um cartaz de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro - AFP via BBC

Saboia cita ainda o avanço do número de trabalhadores informais no mercado de trabalho.

"Há uma certa badalação por parte do governo, dizendo que o mercado de trabalho está indo muito bem. Mas muitos dos empregos gerados são informais. Isso por um lado é bom, pois a taxa de desemprego está menor e as pessoas estão conseguindo de alguma maneira serem absorvidas no mercado de trabalho, mas muitas delas estão sendo absorvidas de maneira precária", diz o professor da UFRJ.

Julia Braga, da UFF, destaca ainda a fraqueza da renda, que apesar de uma ligeira melhora em julho, segue muito próxima do patamar de dez anos atrás.

"O recente aumento do emprego está associado a uma renda baixa, corroída pela inflação de 2021 e do primeiro semestre de 2022. Num patamar de R$ 2.700, a renda média dos trabalhadores brasileiros é similar à de dez anos atrás, ela está praticamente estagnada", observa a professora.

"Isso tudo tem impacto no bem-estar das pessoas, porque a população continua crescendo e os novos postos de trabalho que estão sendo gerados são de baixa renda. Além disso, não há uma política de valorização do salário mínimo e há uma piora na distribuição de renda. Então é um crescimento econômico que não atinge toda a população, o que fica claro com o aumento da fome."

E COMO TUDO ISSO AFETA A ELEIÇÃO?

Então temos de um lado: PIB em alta, desemprego em queda e auxílio de R$ 600 no bolso.

E do outro: inflação de alimentos persistente, endividamento e número de trabalhadores informais recordes e renda estagnada ao nível de dez anos atrás.

Com a proximidade das eleições de outubro, a pergunta inevitável é: qual o efeito dessa combinação de fatores no voto do eleitor?

"Se eu pudesse resumir o efeito da economia no quadro eleitoral de 2022, eu diria o seguinte: ela mantém a viabilidade e a competitividade da candidatura à reeleição [de Jair Bolsonaro], mas não traz um sentimento de continuidade natural para a maioria do eleitorado", diz Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendência Consultoria.

"Muito embora haja alguns indicadores de dinamismo da atividade econômica, há algumas características dessa retomada –que são um peso relevante da informalidade e um quadro inflacionário ainda desafiador– que mantêm uma sensação de vulnerabilidade, o que resulta na elevada rejeição do governo e num sentimento de mudança em ano eleitoral. Não por acaso o ex-presidente Lula aparece sistematicamente à frente das pesquisas."

Cortez observa que a melhora da economia tem sido fundamental para apertar a diferença entre os dois candidatos, mas acredita que uma virada dependeria de a campanha do governo conseguir reverter a rejeição pessoal de Bolsonaro, que tem fatores para além da economia, como a dificuldade do presidente junto ao eleitorado feminino e o desempenho na pandemia.

Ele destaca ainda que a recuperação da economia é muito recente e isso é um dos fatores para o anseio do governo por levar a eleição para o segundo turno.

"Essa melhora da economia é praticamente um fato novo na campanha. Mas a percepção disso pela pessoas é um processo lento, que demanda tempo, não por acaso o governo faz um esforço relevante por um segundo turno, porque ele precisa de tempo para que essa melhora de indicadores se torne um fato político."

Este texto foi publicado originalmente aqui.