domingo, 29 de abril de 2018

Estudos comprovam que as construções verdes são a melhor opção de negócio imobiliário

Trabalhos de instituições nacionais e internacionais comprovam que as edificações sustentáveis elevam o valor do metro quadrado e ainda geram economia de recursos naturais.

SEBRAE Inteligência Setorial
A sustentabilidade vem ganhando espaço no mercado da construção civil. As “edificações verdes” alcançaram um patamar histórico nos últimos 10 anos e deixaram de ser um privilegio das construções de alto padrão. Hoje escolas, creches, lojas de varejo, comércio, residências, hospitais, entre outras edificações, públicas ou privadas, já são consideradas sustentáveis. Hoje a construção verde faz parte de um novo olhar sobre o planejamento urbano e vem compor um panorama de inovação, com tecnologia e funcionalidade.
Parte desse crescimento está nos benefícios que as edificações verdes trazem às pessoas e ao meio ambiente. Além disso, as construções sustentáveis são consideradas hoje o melhor modelo de negócio no segmento imobiliário, agregando valor ao imóvel.
Estudo da Universidade de Harvard aponta que os ganhos financeiros atrelados às mudanças climáticas e melhoria com saúde e bem estar oferecidos pelas edificações verdes são de 16,05 dólares por metro quadrado. Nesse cenário, de 2007 a 2016, o Brasil gerou uma economia total de 348 milhões de dólares, sendo 251 milhões em economia de energia, 11 milhões em economia por reverter impactos provenientes das mudanças climáticas como, por exemplo, mortes causadas por poluição do ar ou prejuízos causados nas regiões costeiras e 86 milhões em redução de poluição, resultando em menos absenteísmo e redução nos gastos com consulta médica.
Além dos ganhos ligados à qualidade de vida e preservação ambiental, as construções verdes também agregam ganhos financeiros. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que analisou mais de 2.000 prédios comerciais na cidade de São Paulo, entre o 1º trimestre de 2010 e o 3° trimestre de 2014, aponta que as construções verdes são a melhor opção de negócio no mercado imobiliário. Os dados mostram que o reconhecimento de uma construção como sendo sustentável promove uma valorização por metro quadrado no aluguel de 4% a 8%.
No mesmo estudo, também se identificou que as construções verdes registraram taxa de vacância de 28,6% contra 34,1% nas edificações não certificadas. Outro ponto avaliado é que prédios verdes têm taxas de condomínio com valores entre 15% e 25% abaixo dos valores cobrados em edifícios convencionais. “Soma-se a isso uma percepção do mercado de as pessoas têm uma predisposição para investir em imóveis sustentáveis, o que por si só agrega valor aos empreendimentos”, afirma Felipe Faria, diretor executivo do Green Building Council Brasil (GBC Brasil) e presidente do Comitê dos GBCs das Américas pelo World Green Building Council.
Faria explica que o Brasil desponta nesse cenário sendo o 4º país no ranking mundial de edificações certificadas LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), certificação renomada no mercado imobiliário internacional, presente em 167. “O Brasil conta hoje com 1.283 projetos registrados e destes, 478 certificados. Em 2017, foram 31 projetos novos e 72 certificados, números que têm mostrado crescimento, o que mostra a maturidade que o mercado brasileiro de construções sustentáveis vem atingindo”, considera o executivo.
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A saúde do SUS, FSP

A saúde do SUS

Gasto público brasileiro com saúde está bem distante dos padrões de países ricos

Criado pela Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) completa 30 anos com números e resultados expressivos. 
Sete em cada dez brasileiros dependem exclusivamente de seus serviços, que incluem acesso a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e o maior modelo público de transplantes de órgãos do mundo. 
O médico de família Marcos Marzollo, da prefeitura de Florianópolis, faz uma visita domiciliar na casa de paciente - Lalo ALmeida/Folhapress
O SUS também provê assistência integral e gratuita aos portadores do HIV e de um leque de enfermidades graves. Desde 1994, desenvolve um programa de atenção básica, o Estratégia Saúde da Família, com progressos em casos de doenças cardiovasculares e infecciosas e na redução de mortes infantis. 
O sistema foi tema de encontro com especialistas na quinta edição do Fórum Saúde do Brasil, realizado pela Folha. Ao longo dos debates foram destacados os aspectos positivos e os obstáculos que dificultam sua expansão. 
O SUS tem falhado em eliminar as longas filas e gargalos no atendimento de casos de média e alta complexidade —um dos tormentos da população, que elegeu a saúde como o maior problema do país em pesquisa Datafolha.
Conspiram contra seu bom funcionamento fatores como carência de financiamento, desorganização da rede, adição de novos tratamentos e limitações no atendimento preventivo. 
União, estados e municípios investem em torno de R$ 240 bilhões por ano no setor, cerca de 3,8% do Produto Interno Bruto —em países ricos (e de população mais idosa), são comuns despesas governamentais de 7% a 9% do PIB.
Embora a discrepância seja apontada pelos estudiosos, é irrealista contar com expansão significativa das verbas em meio às severas restrições orçamentárias atuais.
Ganhos valiosos podem, no entanto, ser obtidos com gestão mais eficiente. A contratação de serviços de organizações sociais, por exemplo, mostra-se uma experiência a ser estendida e aperfeiçoada.
Há que fortalecer a atenção primária nos postos, minimizando a busca pelos especialistas —que gera custos e exames desnecessários.
Municípios devem se articular para a montagem de hospitais e policlínicas de maior porte, capazes de atender a região com mais qualidade e recursos tecnológicos. Por fim, pode-se repensar a amplitude dos recursos oferecidos pelo SUS. Em diversos países, a rede pública oferece o essencial; o restante fica a cargo do setor privado.
Tais providências decerto não são simples; mais um motivo para estudá-las já. Não se pode correr o risco de tornar insustentável um sistema que, com suas carências, precisará servir a uma sociedade em processo de envelhecimento.

Acordo e desacordo, suspeitos os dois, Janio de Freitas, na FSP

Acordo e desacordo, suspeitos os dois

Motivo de serem as "revelações" de Palocci rejeitadas pela Lava Jato e validadas pela PF é obscuro

acordo de delação muito premiada acertado entre Antonio Palocci e a Polícia Federal é um caso especial, mas não pelo que contenha contra Lula e diretores de bancos, tema de excitada especulação e presumidos temores.
Tanto a PF como a Lava Jato, que recusou o acordo com Palocci, põem-se sob indagações e suspeitas por suas atitudes ante Palocci e entre si. Essa história, em que também o Supremo toma parte —o que já insinua complicação—, não tem chance de escapar a mais um entrevero degradante.
Como preliminar, o Supremo parou a meio caminho e deixou em suspenso seu iniciado reconhecimento a direito da PF de negociar acordos de delação, rompendo a exclusividade que os procuradores exercem e exigem.
Assim como há anos se vê nas delações à Lava Jato, o vende-e-compra de acordo policial precisa passar pela concordância ou recusa do Supremo. A indefinição das condições em que a PF fará acordos e premiações, porém, deixa o seu entendimento com Palocci pendurado em futuro impreciso.
O motivo de serem as "revelações" de Palocci rejeitadas pela Lava Jato e validadas pela PF é obscuro. A defesa e mais de um procurador repetiram, várias vezes, que Palocci não disse o que os procuradores dele exigiam.
Neste caso, ou eram exigências que a PF considerou descabidas, ou tinham cabimento e a PF, por motivos descabidos, curvou-se à concessão de dispensá-las. Inúmeros precedentes autorizam suspeitas sobre um lado e sobre o outro. Situações assim tiram a legitimidade do inquérito e do processo. A da delação, tratando-se de Palocci, nem se cogite.
Por bastante tempo, insisti em referências à casa alugada pela turma de Palocci em Brasília, durante sua permanência como ministro da Fazenda. Tanto quanto a dinheirama por ele acumulada em pouco tempo, ou a função dessa casa é contada pelo delator, ou já a priori sua delação de nada vale.
A casa não foi alugada só para receber moças bem remuneradas. Foi, como uma fortaleza de bicheiros, lugar em que se arquitetaram negócios sigilosos. Inclusive com a presença de figurões do empresariado.
Ao assumir o ministério, Palocci fez se mudarem para Brasília, mas não para integrar o governo, ao menos cinco da sua turma quando prefeito de Ribeirão Preto.
Na Justiça de São Paulo, o acusado ex-prefeito conseguiu contornar os processos sobre suas atividades paulistas com a turma. O possível acordo premiado é a oportunidade de que não se passe o mesmo com as atividades originadas da ligação entre o Ministério da Fazenda e a casa dos encontros.
Da delação de Palocci pode-se esperar qualquer coisa. Mas se espera também, e mesmo antes, a explicação da Lava Jato e da PF sobre os motivos das respectivas aceitação e rejeição das mesmas e alegadas confissões.
Afinal, esse Antonio Palocci lembra uma expressão que não merecia o esquecimento: "Fulano não presta".