SÃO PAULO
Duas faixas da pista local da marginal Pinheiros, no sentido Interlagos, ficarão interditadas para nova etapa da construção do muro de vidro da raia olímpica da USP, nesta segunda-feira (30), entre 5h e 15h.
A obra, que começou em fevereiro e teve parte de sua inauguração em 4 de abril, ocupará o trecho entre a avenida Escola Politécnica e a ponte Cidade Universitária.
O desvio dos veículos será feito para as faixas restantes da marginal.
POLÊMICA
Desde sua inauguração, o muro já amanheceu danificado quatro vezes, com nove painéis danificados. Na madrugada deste sábado (28), um homem foi preso suspeito de de ter furtado uma das colunas de alumínio da estrutura.
Segundo os agentes da Guarda Civil Metropolitana, o suspeito havia acabado de quebrar dois dos vidros para retirar a coluna. Ele foi levado para o 91º DP do Butantã, onde foi registrado Boletim de Ocorrência por furto qualificado.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar se o homem preso nesta madrugada também foi responsável pelos danos causados em outras ocasiões.
MEDIDAS
Na quarta-feira (25), a GCM chegou a interditar uma das faixas rente à marginal Pinheiros, que margeia todo o muro, por quase 12 horas, para proteger a estrutura.
O bloqueio começou por volta das 22h de quarta-feira (25) e se estendeu até as 9h15 desta quinta (26), de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Os guardas vão seguir de olho no muro de vidro das 22h às 5h até a conclusão da obra, prevista para o fim deste mês. Na madrugada, as equipes da corporação passam a circular pelo local de carro. Já durante o dia, a ronda é feita por agentes em motocicletas.
Segundo a prefeitura, não haverá barricadas e nem bloqueio de nenhuma faixa na Marginal Pinheiros durante o dia. No entanto, eventuais interdições poderão ser registradas na madrugada.
A prefeitura não informou quantas equipes da GCM serão deslocadas para proteger o muro da raia da USP.
Além dos guardas, um segurança da USP também passou a fazer visitas constantes ao local. No futuro, a região também será monitorada por câmeras.
Dos 2,2 km do muro de alvenaria construído há 21 anos, cerca de 500 metros já foram substituídos por vidros. Cada placa é avaliada em R$ 4.000. Ao fim do projeto, terão sido colocados 1.222 vidros.
ESPECULAÇÕES
Além de vandalismo, as especulações sobre os estragos só se multiplicam: vão de pedras e tiros a trepidações provocadas pelos caminhões que trafegam apenas de madrugada na via ao lado. Há até quem aposte em impacto provocado por pássaros desorientados. Adesivos que lembram urubus foram colados nos vidros como uma forma de orientação para reduzir a mortalidade das aves no entorno.
Até as capivaras em torno da raia são suspeitas. “Está virando rotina e não sabemos o que pode estar causando os danos”, diz José Neto, supervisor da raia.
O muro de vidro foi anunciado pela gestão do então prefeito João Doria (PSDB) em julho do ano passado como uma maneira de revitalizar a região da marginal e “integrar a Cidade Universitária à cidade”.
Desde o início das obras, doadas por 45 empresas à USP ao custo de R$ 15 milhões, foram registradas quebradeiras em dez placas.
MANUTENÇÃO
Ainda não está claro quem arcará com as contas de manutenção após o fim das obras, previsto ainda para este mês. Segundo a USP, essa parte do contrato ainda está em negociação —por enquanto, as trocas dos vidros são feitas pelas empresas doadoras.
Com as contas no vermelho, a universidade, portanto, corre o risco de ter que sustentar a manutenção do “presente” dado pela prefeitura.
Em abril do ano passado, a reitoria abriu chamamento público para revitalizar a raia olímpica. O pedido de doações de empresas foi formalizado sob o argumento de que a crise financeira impedia novos investimentos no campus.
Inaugurada em 1973, a raia olímpica teve poucas melhorias desde a realização da 1 Regata Internacional, naquele ano. O chamamento público feito pela reitoria no ano passado previa várias reformas além do muro: dos galpões onde ficam os barcos, da barragem que forma a raia e a instalação de uma pista de corrida na margem.
Sem interessados, a USP prorrogou por três vezes o chamamento público. Apenas a substituição do muro, portanto, foi contemplada devido ao intermédio da prefeitura.
O projeto original previa a substituição do muro por gradis, mas foi alterado após estudo que previu maior poluição sonora e sugeriu substituição de material.
Empresas fornecedoras de estruturas de vidro, esquadrias e acabamentos em geral formaram um pool de doadoras para viabilizar as obras.
A USP afirma que, por enquanto, aguarda o interesse de alguma empresa que se disponha a arcar com os valores da manutenção, após o término da instalação dos vidros.