domingo, 17 de abril de 2016

Minúscula política, OESP


 - Atualizado: 16 Abril 2016 | 16h 00

Para sociólogo, o pensamento arcaico que marca, define e desestabiliza o processo político brasileiro contamina tudo: favorece partidos sem ideais, barra a alternância de poder e só estimula a troca de favores. No processo de impeachment da presidente Dilma assistimos ao grande momento dos insignificantes, que melhor fariam se não aparecessem. Já os grandes nomes, em outros tempos chamados ‘pais da pátria’, não são convocados a agir

O modo tumultuado e desencontrado como tem sido enfrentada a questão da proposta de impeachment da Presidente da República acaba revelando peculiaridades ocultas, mas decisivas, do nosso sistema político. Diferente do que ocorre em outros países, de sistemas íntegros e articulados, o nosso é mais uma aleatória combinação de concepções impolíticas. No próprio dia em que a comissão da Câmara aprovou a proposta de admissibilidade do impedimento, houve momentos em que não se sabia se se tratava de uma disputa de torcidas de futebol ou de uma disputa propriamente partidária. Aliás, o futebol é no Brasil o grande e impróprio parâmetro da política. O impeachment de Dilma Roussef está sendo votado na perspectiva da transitoriedade própria das Copas do Mundo. Depois que passar, passou.
Uma superposição de camadas de arcaísmos vários define as referências do processo político brasileiro. Os oradores dirigiam a palavra a suas províncias e povoados. Não se manifestavam como corpo político da nação. Alguns aludiram a suas religiões, ainda que indiretamente. O que também é estranho. O Estado brasileiro não é nem pode ser confessional. Religião é assunto privado. A religião do Estado é a cidadania. Falaram para o eleitor oculto, em vez de representá-lo.
Já tivemos um regime parlamentarista no Império e, na República, no curto período de redução dos poderes do presidente João Goulart, em 1961-1963. No entanto, de maneira quase imperceptível, um parlamentarismo tosco persiste entre nós. É o que se vê na invocação de suposta incompetência e mesmo de incapacidade para governar para remover a Presidente e transferir o poder ao seu sucessor legítimo e constitucional. Ao questionar essa legitimidade, ela própria e seu partido revelam a mesma mentalidade desse parlamentarismo arcaico e subsistente.
 
 
Foi o PT aliás, que difundiu entre seus militantes a ideia da possibilidade de depor o governante quando este se conduzisse em desacordo com o ideário das facções eleitoralmente majoritárias, mas socialmente minoritárias. Um frade petista, de grande destaque e de grande responsabilidade no apoio católico ao Partido dos Trabalhadores e à irresistível ascensão política de Lula, logo depois da posse de Fernando Henrique Cardoso na Presidência, assinava suas mensagens com um enfático “Fora FHC”. Uma concepção golpista e totalitária de que legítimo era o partido dele e não o dos outros, o partido do “Eles” dos discursos petistas, porque negação e recusa do princípio de que um regime democrático se baseia na possibilidade da rotação dos partidos no poder.
Há uma mentalidade ditatorial subjacente a palavras de ordem desse tipo. Não é estranho que o mesmo religioso lamentasse nos primeiros anos do governo Lula que o PT estava no governo, mas não estava no poder. Que poder é esse? O poder absoluto que criminaliza o ato legítimo de cidadãos que, como no caso atual, apoiados na Constituição da República, pedem que se apure atos de governo em desacordo com a lei e, em decorrência, julgue a Câmara a admissibilidade do impedimento da governante? Aparentemente, sabemos pouco o que é o impeachment. Vai bem que conste da Constituição e das leis, vai bem se aplicado aos outros, mas é golpe se aplicado a “nós”.
O elenco de rótulos para negar a legitimidade do impeachment, medida constitucional, é um desdobramento dessa mentalidade absolutista e arcaica. O dedo notório de “fábricas” de estereótipos negativos, de ambos os lados, mostra que o povo propriamente dito, nas concepções deste momento adverso, repete e grita palavras de ordem que mobilizam desfigurando o real, coisa de marqueteiros que manipulam a opinião pública com os mesmos critérios com que manipulam gostos e apetites dos que desfilam nos corredores do supermercado.
De certo modo, tudo isso nos mostra que o impeachment, mesmo que justificado e eventualmente necessário, no fundo, é irrelevante. Porque o País se governa por si mesmo. Lula esteve muito perto de ser impedido em 2005, quando do escândalo do mensalão. Quando se deu conta disso, tornou-se abúlico e indeciso, sem a segurança dos discursos firmes e enfáticos das portas de fábricas do ABC ou do aplauso das multidões proletárias congregadas no Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo. No entanto, nem por isso o país parou. Nos tumultuados anos entre a morte de Getúlio Vargas e a deposição de João Goulart, as evidências da crise econômica e da crise política eram muitas. Ainda assim, o País não parou. Só foi parar com a eleição de Jânio Quadros e sua sucessão pelo vice-presidente, quando o Brasil ficou sem um projeto político, coisa que voltou a ocorrer nos dois mandatos de Dilma Roussef, quando a política de coalizão a fez negociar o mandato e a governação com os escalões inferiores de partidos políticos irrelevantes porque frágeis. Os mesmos que, em boa parte, vão decidir o seu destino.
Ainda que as multidões sejam capazes de manifestações impressionantes como as da Avenida Paulista, neste 2016, em favor do impeachment ou contra ele, passado o momento da disputa, tudo voltará à rotina da indiferença. Multidão não é governo nem tem mandato. No outro extremo, longe das metrópoles, a multidão silenciosa dos que não se manifestam nas avenidas das capitais está por trás dos deputados indecisos, os que esperam um sinal que lhes venha dos ermos e lonjuras para votar de acordo com a peculiar concepção de mandato político que os leva ritualmente às urnas quando as eleições são convocadas. Essa gente silenciosa poderá decidir tanto o destino da Presidente quanto o destino das oposições, quanto o destino do Brasil. Os que ainda vivem no mundo da troca política de favores, do toma lá dá cá, das muitíssimas migalhas e farelos que caem da mesa do poder e dos poderosos, terão neste domingo sua vez e hora. Não será o vermelho nem o azul, nem o verde nem o amarelo, que decidirão nossos caminhos daqui para a frente. Será o cinzento da definição de última hora. O minúsculo e não o maiúsculo.
Em boa parte, porque não temos no Brasil, propriamente, um sistema partidário, que represente efetivamente a diversidade de correntes ideológicas. Nem mesmo temos o que, com segurança, poderíamos definir como ideologias ou correntes partidárias modernas e comparáveis, para que os eleitores possam fazer o que é propriamente uma escolha entre alternativas. As esquerdas, de verdade, estão fragmentadas e diluídas em extensa diversidade de querelas e não propriamente de orientações filosóficas. Já a unidade do partido majoritário, que é o PMDB, é tão somente a da convergência de interesses para assegurar o vínculo entre governos locais e o cofre do governo central. Se a dona do cofre perde a chave, saem atrás de quem a chave terá.
Por isso, há aqui dois grandes partidos, o partido do poder e o partido que está fora do poder. Já no Império era assim: Conservadores e Liberais, que se alternavam no poder sob a diáfana proteção do Poder Moderador de Dom Pedro II. Foi a única vez em que os partidos tiveram a certeza da alternância do poder, não sendo, portanto, necessário o golpe de Estado para promovê-la. A República Velha inaugurou o ciclo do partido único sob o disfarce do binarismo partidário. Os excluídos acabarão com esse sistema na Revolução de Outubro de 1930. O que nos levará à ditadura para impor o projeto político de nação que a República oligárquica inviabilizara, que terminará com a deposição de Vargas e, no retorno de 1950, seu suicídio em 1954. Um novo regime binário nascerá com o golpe de 1964, sob condição de que apenas um partido governaria.
A abertura política de 1985 supostamente se fez para assegurar a pluralidade dos partidos e a alternância do poder. A irresistível ascensão política do PT à Presidência trouxe no bojo, novamente, o bloqueio dessa alternância, através dos vários mecanismos de corrupção e de dominação, como o Bolsa Família, que sob disfarce eleitoral e democrático, fecharam as portas à troca cíclica de partidos no poder. Era inevitável que o movimento pendular da política brasileira, entre alternar o mando político e bloqueá-lo, levasse a uma solução drástica para remoção do partido da Presidência, nela mantido por meios que, do ponto de vista formal, parecem abusivos. Por acaso, o recurso encontrado foi o do impeachment. Independente das múltiplas motivações que movem a roda da História no sentido de excluir do poder o Partido dos Trabalhadores, o que explica as ocorrências de agora é a dinâmica política do retorno cíclico da possibilidade da renovação do poder, algo que está fora das cogitações explícitas dos que agitam bandeiras nas ruas e dos que agitam cartazes no Parlamento.
A alternância que se abre com a sucessão que decorrerá do impeachment, se aprovado, é alternância minada pelo fascínio do poder, o mesmo fascínio que capturou Lula, privando-o da lucidez que teve em diferentes momentos da história política brasileira: quando seus poderosos e ambiciosos coadjuvantes imaginavam que estavam indo, ele já estava voltando. Foi assim no caso do mensalão. Mas não está sendo assim no caso presente. Atraído pelo olhar fatal da serpente do poder, ele se equivoca fazendo campanha eleitoral para 2018, quando a prioridade histórica é agora completamente outra, a da salvação nacional.

Não erra sozinho. Os partidos não estão recorrendo aos notáveis da política brasileira, aqueles cujo carisma lhes permitiria a palavra de bom senso que era tão própria dos que, no período colonial, eram chamados de “pais da pátria”. Com exceção de Fernando Henrique Cardoso, que tem tomado a palavra mesmo quando não lha dão, e de Marina Silva, da Rede, que tem falado mesmo quando não é convidada a fazê-lo, não se vê o protagonismo explícito e necessário de Olívio Dutra, do PT, de Cristovam Buarque, do PPS, de Pedro Simon e de Jarbas Vasconcelos, do PMDB e de tantos mais cujo magistério ajudaria o país a escapar da armadilha de achar que estamos apenas decidindo, antes do tempo, a eleição de 2018.

O que tinha naquele cachimbo?, OESP


 - Atualizado: 30 Novembro 2015 | 18h 57

Documentário tenta desvendar os mistérios do gênio que, há 100 anos, lançou o mundo na Teoria da Relatividade


 
 
Um dos templos da ciência de Washington é a Carnegie Institution, na 16th Street (Rua 16), local perfeito para uma noite de veneração a Albert Einstein. Em primeiro lugar assistimos à projeção do mais recente especial NOVA (série de documentários científicos para a TV produzida pela WGBH em Boston), que foi transmitido para todo o país pela PBS, serviço público de radiodifusão, na quarta-feira, aniversário de 100 anos da Teoria da Relatividade. Seguiu-se então um debate indispensável sobre Einstein, a natureza do gênio, o financiamento de atividades científicas por parte do governo e se um dia decifraremos todos os mistérios do universo.
Sem dúvida Einstein solucionou um deles, talvez tão profundo como só um mistério pode ser. Sua Teoria Geral redefiniu a gravidade como uma espécie de dança entre a matéria e a estrutura do espaço e do tempo.
Há um momento extremamente emocionante no documentário que descreve essa dança de maneira eloquente: um cientista na frente de um quadro-negro no qual a equação de Einstein é escrita com giz (aprendemos, entre outras coisas, que a física teórica ainda é apresentada com equações rabiscadas em quadro-negro). Trata-se de Robbert Dijkgraaf, diretor do Institute for Advanced Study em Princeton, onde Einstein trabalhou nas duas últimas décadas da sua vida.
A parte mais surpreendente, diz ele, é o sinal de igual, aquelas duas pequenas linhas paralelas. Porque a equação descreve uma via de mão dupla. “A matéria faz com que espaço e tempo se curvem. O espaço e o tempo fazem com que a matéria se movimente.”
Ainda mais incrível, algo que o documentário reprisa várias vezes, é que é dessa maneira que o universo realmente funciona, em toda parte, desde o princípio dos tempos até hoje, no nosso sistema solar e nas Galáxias distantes, e que tudo isso foi decifrado por um indivíduo que na maior parte do tempo trabalhou solitariamente.
Não foi a sua primeira ideia revolucionária. A Teoria Especial da Relatividade surgira dez anos antes, em 1905, quando Einstein era funcionário do Departamento de Patentes em Berna, na Suíça, e estudava patentes de aparelhos de cronometragem. A Teoria Especial destruiu a noção segundo a qual há um momento fixo no tempo ou uma localização fixa no espaço. Nesse ano, Einstein produziu quatro documentos históricos no campo da física, incluindo aquele que mais tarde lhe propiciou o Prêmio Nobel e teve grande influência no desenvolvimento da teoria quântica.
“O poder de uma ideia: se ela for correta, é invencível”, afirma Dijkgraaf no final do documentário.
Ele é um dos muitos cientistas e historiadores que homenagearam Einstein. O documentário inclui também um ator no papel do jovem cientista que passa grande parte do tempo no filme sentado com os olhos fechados ou olhando fixamente o espaço, envolvido em “experimentos mentais”. A ciência de Einstein significava imaginar trens entrando em estações e pessoas em elevadores ou mesmo perseguir um feixe de luz.
O espectador deverá criticar o fato de o ator que interpreta o jovem Einstein passar um tempo enorme do filme enchendo seu cachimbo e fumando-o. Há momentos em que o documentário ameaça se transformar num comercial de tabaco. Depois da quarta ou quinta vez que o jovem enche o artefato enquanto pondera sobre a estrutura do espaço e tempo, o público naturalmente se pergunta: o que há exatamente dentro desse cachimbo?
Há alguns efeitos especiais geniais de feixes de luz, trenzinhos de brinquedo, relâmpagos, um homenzinho em um elevador, buracos negros e o Big Bang.
Durante o debate, o biógrafo de Einstein, Walter Isaacson, qualificou o cientista como uma anomalia: “Grande parte da ciência é um trabalho de equipe em colaboração”. O físico da universidade de Maryland, Jim Gates, repetiu a ideia e afirmou que, no ambiente científico atual, todos os estudiosos estão tão conectados pela internet que os gênios necessitam manipular enormes conjuntos de dados. Gates sugeriu que futuros experimentos da natureza básica da realidade poderão revelar que “a informação está na origem de como essa coisa funciona”.

Gates também afirmou estar preocupado com a ascensão da “anticiência” – a maneira como partes interessadas, quando contestadas por novas evidências, tentam corroer o consenso científico. Isaacson encerrou a noite deplorando a remoção gradativa, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, do investimento em pesquisa científica. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Sobram 35 milhões de carros no mundo, OESP


CLEIDE SILVA - O ESTADO DE S.PAULO
17 Abril 2016 | 05h 00 - Atualizado: 17 Abril 2016 | 05h 37

Indústria automobilística global opera com 73% de sua capacidade produtiva; no Brasil, metade do parque industrial está ocioso

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O mundo todo terá uma sobra de quase 35 milhões de automóveis este ano. As montadoras de todas as regiões têm capacidade instalada para 126 milhões de veículos, mas devem produzir cerca de 91,5 milhões de unidades. As regiões mais problemáticas são o Leste Europeu, onde as fabricantes devem operar com 53% de ociosidade, e a América do Sul, com 51%, segundo estudo anual da PricewaterhouseCoopers (PwC).
O Brasil, cujo parque industrial pode produzir cerca de 5,2 milhões de veículos em três turnos de trabalho (incluindo caminhões e ônibus), participa com 70% da produção na América do Sul. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta para o ano uso de no máximo 48% desse potencial, o mais baixo em pelo menos 13 anos. Significa que o País deverá contribuir com quase 3 milhões de veículos na conta da sobra global.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, esse nível “é dramático para qualquer ramo de atuação” e, segundo ele, prejudica a sustentabilidade das empresas. O ponto de equilíbrio para uma operação rentável, de acordo com o executivo, é de 85% de uso de capacidade.
Em 2010, as montadoras do mundo todo operavam com 20% de ociosidade, porcentual que só cresceu desde então, chegando a 26,5% no ano passado e previsão de atingir 27,4% neste ano. A partir de 2017, a estimativa da PwC é de que a ociosidade comece a diminuir, até chegar aos 21,3% em 2022, quando a capacidade anual estará em cerca de 140,6 milhões de carros.
Na América do Sul, o uso do parque instalado despencou de 84,5% em 2010 para 47,5% no ano passado. Pelas projeções, chegará a 59,6% em seis anos, após recuperação lenta, porém constante. O Brasil também tende a reduzir sua ociosidade a partir de 2017, mas ainda assim a previsão é de que chegue em 2022 com 37% de subutilização das linhas de montagem.
“Nos últimos anos, o Brasil e os demais mercados emergentes foram a bola da vez no setor automotivo e receberam grandes investimentos”, lembra o sócio da PwC no Brasil, Marcelo Cioffi. Nos últimos três anos, além da ampliação da capacidade de fábricas instaladas, novas marcas abriram unidades no País, entre elas, a alemã BMW e a chinesa Chery. Nas próximas semanas, a Jaguar Land Rover deve inaugurar sua planta no Rio de Janeiro.
Alento. O Brasil abriga atualmente 22 marcas de automóveis e caminhões que mantêm 32 fábricas. Até 2017, está prevista a chegada das chinesas JAC (na Bahia) e Foton (no Rio Grande do Sul). A Honda tem uma filial pronta em Itirapina (SP), que aguarda a recuperação do mercado para abrir as portas. “Quando os novos projetos foram definidos não se esperava queda tão relevante nas vendas no País”, ressalta Cioffi.
Na opinião do presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina, Stefan Ketter, trabalhar com metade da capacidade instalada “é muito perigoso porque é difícil se sustentar” por muito tempo numa situação dessas. A fábrica do grupo em Betim (MG), a maior do mundo, com capacidade para 800 mil carros ao ano, opera hoje com 40% de ociosidade. No ano passado, a FCA abriu uma unidade da Jeep em Goiana (PE) para 250 mil veículos, e hoje opera plenamente.
O alento para as montadoras brasileiras, na opinião de Cioffi, é buscar o mercado externo, aproveitando a desvalorização do real, mas o ideal seria ir além da Argentina e do México, hoje os principais clientes. “O desafio é ir para outros mercados, notadamente o americano, mas a maioria dos modelos feitos no Brasil são incompatíveis com aquele mercado, que demanda carros de maior porte.”
Os Estados Unidos, após séria crise em 2008 e 2009, hoje operam a todo vapor. Na América do Norte, que inclui Canadá e México, as montadoras trabalham com apenas 9% de ociosidade, o que é um risco, avalia Cioffi. Na crise, pelo menos sete fábricas foram fechadas apenas em Michigan, onde está Detroit, conhecida como a cidade dos automóveis. Em compensação, o país ganhou produtividade.
Puxada pela China – hoje o maior mercado mundial de veículos –, a Ásia utilizava 81% do seu parque industrial automotivo em 2010, uso que atualmente está em 68% em razão da desaceleração do crescimento chinês e também do aumento da capacidade após a invasão de novas fabricantes. Isoladamente, a China deve operar com 35% de ociosidade neste ano.

Na Rússia, a líder do Leste Europeu, o nível de produção é 47% inferior ao potencial produtivo. A Índia, outro emergente que atraiu investimentos nos anos recentes, tem 40% de ociosidade em suas montadoras. Já a União Europeia, região que também passou por sérias dificuldades financeiras, viu o uso da capacidade das fábricas de automóveis passar de 77% em 2010 para 84% atualmente.