sexta-feira, 8 de abril de 2016

A sociedade órfã, por José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo



05/04/16

Uma das explicações para a situação de anomia que a sociedade humana enfrenta em nossos dias é a de que ela se tornou órfã. Com efeito. A fragmentação da família, a perda de importância da figura paterna – e também a materna – a irrelevância da Igreja e da Escola em múltiplos ambientes, geram um convívio amorfo. Predominam o egoísmo, o consumismo, o êxtase momentâneo por sensações baratas, a ilusão do sexo, a volúpia da velocidade, o desencanto e o niilismo.
Uma sociedade órfã vai se socorrer de instâncias que substituam a tíbia parentalidade. O Estado assume esse papel de provedor e se assenhoreia de incumbências que não seriam dele. Afinal, Estado é instrumento de coordenação do convívio, assegurador das condições essenciais a que indivíduos e grupos intermediários possam atender à sua vocação. Muito ajuda o Estado que não atrapalha. Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça, como emblemáticas. Tudo o mais, deveria ser providenciado pelos particulares.

Lamentavelmente, não é isso o que ocorre. Da feição “gendarme”, na concepção do “laissez faire, laissez passer”, de mero observador, o Estado moderno assumiu a fisionomia do “welfare state”. Ou seja: considerou-se responsável por inúmeras outras tarefas, formatando exteriorizações múltiplas para vencê-las, se autoatribuindo de tamanhos encargos, que deles não deu mais conta.

A população se acostumou a reivindicar. Tudo aquilo que antigamente era fruto do trabalho, do esforço, do sacrifício e do empenho, passou à categoria de “direito”. E de “direito fundamental”, ou seja, aquele que não pode ser negado e que deve ser usufruído por todas as pessoas.

A proliferação de direitos fundamentais causou a trivialização do conceito de direito e, com esse nome, começaram a ser exigíveis desejos, aspirações, anseios, vontades mimadas e até utopias. Tudo a ser propiciado por um Estado que se tornou onipotente, onisciente, onipresente e perdeu a característica de instrumento, para se converter em finalidade.

Todas as reivindicações encontram eco no Estado-babá, cuja outra face é o Estado-polvo, tentacular, interventor e intervencionista. Para seu sustento, agrava a arrecadação, penaliza o contribuinte, inventa tributos e é inflexível ao cobrá-los.

Vive-se a paranoia de um Estado a cada dia maior. Inflado, inchado, inflamado e ineficiente. Sob suas formas tradicionais – Executivo, Legislativo e Judiciário. Todas elas alvos fáceis das exigências, cabidas e descabidas, de uma legião ávida por assistência integral. Desde o pré-natal à sepultura, tudo tem de ser oferecido pelo Estado. E assim se acumulam demandas junto ao Governo, junto ao Parlamento, junto ao sistema Justiça.

O Brasil é um caso emblemático. Passa ao restante do globo a sensação de que todos litigam contra todos. São mais de 106 milhões de processos em curso. Mais da metade deles não precisaria estar na Justiça. Mas é preciso atender também ao mercado jurídico, ainda promissor e ainda aliciante de milhões de jovens que se iludem, mas que poderão enfrentar dificuldades irremovíveis num futuro próximo.

No dia em que a população perceber que ela não precisa ser órfã e que a receita para um Brasil melhor está no resgate dos valores esgarçados: no reforço da família, da escola, da Igreja e do convívio fraterno. Não no viés facilitado de acreditar que a orfandade será corrigida por um Estado que está capenga e perplexo, pois já não sabe como honrar suas ambiciosas promessas de tornar todos ricos e felizes.
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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Procurador pede prisão de ministro e secretário da Saúde por canabidiol, na FSP

O Ministério Público Federal pediu a prisão do ministro da Saúde, Marcelo Castro, e do secretário da Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, por descumprimento de decisões judiciais que determinavam o fornecimento de canabidiol a duas crianças de Marília (a 435 km de São Paulo).
Outras sete crianças que foram beneficiadas por outras decisões judiciais também estão sem receber o canabidiol. O procurador da República Jefferson Aparecido Dias informou, por meio de assessoria, que também vai pedir a prisão dos responsável pelo descumprimento desses outros casos.
A substância, derivada da maconha, é usada no tratamento a doenças que provocam convulsão. Como não é produzida no Brasil, precisa ser importada. O uso não era legalizado no país, mas decisão recente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permitiu o uso terapêutico do canabidiol.
De acordo com a Procuradoria, o pedido foi feito em 18 de março passado e está sendo avaliado pela Justiça Federal. Não há prazo para que isso aconteça.
Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo culpou as exigências da Anvisa para a entrega e informou que irá remanejar o medicamento da capital para os usuários de Marília ainda nesta sexta (8).
Já o Ministério da Saúde informou que está em contato com a secretaria estadual e que adotará as providências necessárias, em caráter emergencial, para o cumprimento da decisão judicial. Segundo a pasta, está acordado que a compra e a oferta do medicamento será realizada pela secretaria.
A reportagem também procurou a Anvisa, mas não houve resposta até a tarde desta quinta (7).
Segundo o Ministério Público Federal, a liminar que obrigava a entrega do medicamento Hemp Oil, concedida em abril de 2015, vem sendo desrespeitada desde janeiro deste ano. Por causa da interrupção no tratamento, os pacientes voltaram a ter convulsões.
Steve Dipaola/Reuters
A Cannabis plant is pictured at the "Weed the People" event as enthusiasts gather to celebrate the legalization of the recreational use of marijuana in Portland, Oregon July 3, 2015. Smoking marijuana became legal in Oregon on July 1, fulfilling the first step in a voter-approved initiative that will usher in a network of legal weed retail stores in 2016, similar to the systems already operating in neighboring Washington state and Colorado. REUTERS/Steve Dipaola ORG XMIT: POR022
Folha de maconha, usada em medicamentos contra convulsão
RESISTENTES AO TRATAMENTO
Os beneficiários são portadores de doenças como a encefalopatia epiléptica e a Síndrome de Lennox-Gastaut. Eles precisam do medicamento porque, segundo a Procuradoria, são resistentes ao tratamento padrão do SUS (Sistema Único de Saúde). Sem o canabidiol, os pacientes correm risco de morte.
De acordo com o Ministério Público Federal, "o atraso do cumprimento da decisão liminar, sem motivação idônea, representa ato de extrema gravidade em prejuízo à saúde das crianças e adolescentes". Segundo a Procuradoria, as famílias não têm dinheiro para arcar com a importação da substância.
A ação do órgão foi feita por meio de um projeto envolvendo uma universidade local, que atende pacientes infantis e juvenis com paralisia cerebral e existe há mais de dois anos. As crianças e o adolescente que recebiam o canabidiol do poder público estão entre os 50 atendidos pelo projeto, segundo a Procuradoria.

Campanha de Dilma (2014) foi criminosamente “dentro da lei”. Delações bombásticas começaram. Cassação já!, por Luiz Flavio Gomes



Publicado por Luiz Flávio Gomes - 5 horas atrás
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Campanha de Dilma 2014 foi criminosamente dentro da lei Delaes bombsticas comearam Cassao j
Onze executivos da Andrade Gutierrez fizeram delações premiadasNo primeiro vazamento (Folha de 07/04/16) já se sabe que R$ 20 milhões de doações legais para Dilma foi “propina” direta de obras superfaturadas. Mais R$ 15 milhões foram para Delfim Netto. A homologação dessas delações virá em questão de horas, mas já começaram os vazamentos. Cada uma será mais hecatômbica que a outra. Da campanha de Dilma-Temer de 2014 nada sobrará. Os dois devem ser eliminados do jogo político, porque integrantes de um enorme crime organizado eleitoral.
Grande parte da campanha Dilma-Temer (de 2014) foi criminosamente “dentro da lei”. Como assim? O dinheiro “dado” foi declarado para a Justiça Eleitoral (com aparência de legalidade), mas como tudo era objeto de propina, não houve propriamente “doação”, sim, lavagem de dinheiro. Dentro da lei também se pode cometer muitos crimes. Esse é o método mafioso propagado por Al Capone.
“Não entendo quem escolhe o caminho do crime, quando há tantas maneiras legais de ser desonesto” (Al Capone, gangster famoso nos EUA da primeira metade do século XX).
Todos os partidos (praticamente) cometeram esse tipo de crime em 2014. O PT, o PMDB e o PP com mais frequência, porque eram os beneficiários diretos das propinas da Petrobras. Tudo isso ficando devidamente provado, não há como não propor a eliminação desses partidos (e de outros que fizeram a mesma coisa), posto que se converteram em organizações criminosas eleitorais.
Mas não aconteceram crimes somente “dentro da lei”. Muitos foram praticados “por fora”, em caixa 2 e caixa 3. Vários pagamentos da OAS foram feitos diretamente para fornecedores de serviços da campanha Dilma-Temer (é o caso da Pepper, por exemplo). Isso se chama caixa 3.
Independentemente do “impeachment” dos dois (Dilma e Temer) que estão tramitando na Câmara dos Deputados, a hora é de acelerar o processo de cassação dos dois no TSE. As provas são exuberantes. Houve uma campanha eleitoral criminosa, que não pode ficar na impunidade.
Pelo nível de litigiosidade que vimos até aqui, juridicamente ambos os “impeachments” serão muito questionados no STF. É a plena judicialização da política. O “impeachment”, para além de ser um balcão de negócios, vira loteria total quando se somam as desavenças da política polarizada com aquilo que pode vir das 11 cabeças dos juízes do STF.
O espetáculo do “impeachment” não vai parar (e não pode parar). Dilma jogou fora as três coisas que mantêm os governantes no poder: pão, circo e confiança. O povo não está suportando a desastrada situação econômica do país nem está podendo mais consumir (o consumo é o circo do século XXI). Ninguém mais confia em ninguém.
Toda essa desconfiança, no entanto, vale também para a cúpula do PMDB (que está quase totalmente implicada com as propinas da Petrobras). De qualquer maneira, ainda que saia primeiro o “impeachment” de Dilma (coisa que nem os deuses antigos da Grécia conseguem prever), a ação de cassação da chapa Dilma-Temer não vai parar.
O Brasil não tem mais tempo a perder. Os dois devem ser cassados, porque foram eleitos promovendo uma das campanhas mais criminosas de todos os tempos. A campanha de 2014 foi o ápice da propinagem. As castas sempre acham que a lei nunca vai pegá-las.
Faxina geral é o que deve ser feito imediatamente. Quando a maré abaixa é que descobrimos quem estava tomando banho sem calção (W. Buffett). Todos que tomavam banho nu devem ser entregues para a Lava Jato, que vai cuidar desse passado, desses dejetos.
O Brasil precisa agora renascer. E vai fazer isso com os sobreviventes da política e do mundo empresarial, mais lideranças novas. Esses vão cuidar do presente e do futuro. Os barões ladrões da antiga forma de se fazer política devem ser entregues à Lava Jato para acertarem suas contas. Enquanto isso, o Brasil deve discutir uma pauta positiva: capitalismo competitivo distributivo (copiando o modelo da Escandinávia, fim dos compadrios, educação de qualidade para todos até aos 18 anos, pelo menos, fim do Estado capitalista empresarial, fortalecimento do Estado social, da infraestrutura, dos serviços públicos decentes etc. É chegado o momento de discutir o presente e o futuro. Do passado sombrio, de corrupção generalizada, deve cuidar a Lava Jato.
  • CAROS internautas que queiram nos honrar com a leitura deste artigo: sou do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE) e recrimino todos os políticos comprovadamente desonestos assim como sou radicalmente contra a corrupção cleptocrata de todos os agentes públicos (mancomunados com agentes privados) que já governaram ou que governam o País, roubando o dinheiro público. Todos os partidos e agentes inequivocamenteenvolvidos com a corrupção (PT, PMDB, PSDB, PP, PTB, DEM, Solidariedade, PSB etc.), além de ladrões, foram ou sãofisiológicos (toma lá dá ca) e ultraconservadores não do bem, sim, dos interesses das oligarquias bem posicionadas dentro da sociedade e do Estado. Mais: fraudam a confiança dos tolos que cegamente confiam em corruptos e ainda imoralmente os defendem.
*Artigo Livre para Publicação em Sites, Revistas, Jornais e Blogs.