terça-feira, 13 de outubro de 2015

Deputados estaduais irão a Brasília para acompanhar a votação da PEC 47/2012

Proposta altera pacto federativo aumentando a competência legislativa dos Estados

Da Redação


Centenas de deputados estaduais de todo o país devem se reunir nesta quarta-feira, 14/10, em Brasília, para acompanhar a votação da Proposta de Emenda à Constituição da República (PEC) 47/2012 pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal. A mobilização, que busca aprovar o que tem sido chamado de Novo Pacto Federativo, é apoiada pela União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale) e pelo Colegiado dos Presidentes das Assembleias Legislativas do país, este dirigido pelo presidente do Parlamento paulista, Fernando Capez.

Competências legislativas

Capez tem criticado o atual modelo de federação por não levar em conta as diferenças regionais existentes no Brasil. "A PEC vai permitir que os Estados possam legislar sobre reforma agrária, direito de trânsito, direito processual, entre outros temas. Essa descentralização legislativa é muito importante". A intenção é reduzir o âmbito de competências privativas da União e ampliar a competência dos Estados na legislação concorrente.

Os presidentes de todas as Assembleias Legislativas estaduais confirmaram presença na mobilização. De São Paulo, já confirmaram participação os deputados Ramalho da Construção, Orlando Morando, Mauro Bragato, Célia Leão, Cauê Macris, Carlão Pignatari e Barros Munhoz (todos do PSDB), Enio Tatto e Beth Sahão (ambos PT), Caio França (PSB), Delegado Olim (PP), Ricardo Madalena e André do Prado (ambos do PR), Marcio Camargo e Pastor Celso Nascimento (ambos do PSC), Rogério Nogueira, Estevam Galvão e Cezinha de Madureira (todos do DEM), Clélia Gomes (PHS), Fernando Cury e Davi Zaia (ambos do PPS), Gileno Gomes (PSL), Igor Soares (PTN), Jorge Caruso e Itamar Borges (ambos do PMDB), Luiz Carlos Gondim (SDD), Orlando Bolçone (PSB), Paulo Correa Jr. (PEN), Rita Passos (PSD) e Wellington Moura (PRB).

O que muda com a PEC 47

" Direito agrário

Revogação - O inciso I do art. 22 da Constituição Federal arrola como matérias da competência legislativa privativa da União, entre outras, o direito agrário, matéria que se desenvolve por inteiro em território estadual, tendo cada um dos Estados, por isso mesmo, melhores condições de regrá-la em suas peculiaridades, fazendo-o, no entanto, segundo normas gerais fixadas pela União.

" Trânsito e transporte e propaganda comercial

Revogação dos incisos XI e XXIX do art. 22. Não há razão plausível a justificar que tais assuntos sejam disciplinados privativamente pela União, sobretudo se consideradas as disparidades regionais, de modo que se preconiza a possibilidade de os Estados tratarem dessas matérias na via da legislação concorrente, o que seria viabilizado mediante a alteração proposta. Ao deslocar a propaganda comercial para a competência concorrente, torna-se necessário ajustar a redação do art. 220 da Constituição Federal.

" Licitação e contratação

Revogação do inciso XXVII do art. 22, o qual consigna como competência privativa da União estabelecer "normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e, para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III". Ora, alcança-se o mesmo efeito prático incluindo a matéria relativa a licitação entre aquelas de competência concorrente.

" Diretrizes e bases da educação nacional

Revogação dos incisos XXIV e XXVII do art. 22 da Constituição Federal. Nesse passo, trata-se de afastar impropriedade técnica constante do texto constitucional. Com efeito, segundo o inciso XXIV, compete privativamente à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional. Ora, diretrizes e bases da educação nacional enquadram-se, a toda evidência, no conceito de normas gerais, e já está consignado no art. 24, IX, que compete à União estabelecer normas gerais sobre educação, cultura, ensino e desporto, o que evidencia a ociosidade do referido inciso XXIV.

" Matéria processual

O inciso XI do art. 24 da Constituição da República já estabelece como competência concorrente os procedimentos em matéria processual, cabendo à União, pois, fixar apenas suas normas gerais. Não obstante, deve-se reconhecer a dificuldade de distinguir as normas processuais daquelas que disciplinam os procedimentos. Assim, nada mais acertado que deixar o direito processual no âmbito da competência concorrente, de forma que a União estabeleça as normas gerais, permitindo aos Estados suplementar a legislação federal. Esta alteração permitirá aos Estados adotar medidas que ofereçam celeridade à prestação dos serviços jurisdicionais, que apresentam peculiaridades de caráter regional.

Saiba mais sobre a PEC 47/2012 " http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/107349

 Autoria: Externo - Assembleias Legislativas das unidades da Federação
Ementa e explicação da ementa
Ementa:
Altera os arts. 22, 24, 61 e 220 da Constituição Federal.

Explicação da Ementa:
Altera os arts. 22, 24, 61 e 220 da Constituição Federal, para retirar da competência legislativa da União (no art. 22) as normas sobre direito processual e agrário, bem como sobre licitações e contratos, propaganda comercial e trânsito e transporte, que passam a ser de competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal (art. 24). Acrescenta como matéria de competência concorrente (no inciso XII do art. 24) a assistência social. Altera a redação dos §§ 2º e 3º do art. 24, para definir que as normas gerais sobre as matérias de competência concorrente, a ser editadas pela União, restringem-se a princípios, diretrizes e institutos jurídicos e que aos Estados e ao Distrito Federal compete suplementar as normas gerais no que for de predominante interesse regional, renumerando os atuais §§ 3º e 4º, que passam a ser 4º e 5º. Retira do texto constitucional a referência a diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV) como competência privativa da União. Inclui novo parágrafo (que passa a ser o 2º, renumerando o atual 2º como 3º) no art. 61, para permitir à maioria dos membros das Casas do Congresso Nacional apresentar projeto de lei que verse sobre matéria de iniciativa privativa do Presidente da República, exceto quanto a organização interna do Poder Executivo e matéria orçamentária

Fiascos e destaques do grande encontro de empresários brasileiros no Uruguai, Brasil Econômico do alerta CAPEZ


O que aconteceu nos bastidores durante os quatro dias do Meeting Internacional, em Montevidéu, que reuniu executivos, presidentes de empresas e parlamentares

Presidente da Abert, Daniel Slaviero falou sobre dificuldades das empresas de comunicação
Divulgação/Lide
Presidente da Abert, Daniel Slaviero falou sobre dificuldades das empresas de comunicação
O esfriamento da economia brasileira e os tempos de altíssima temperatura na política marcaram os quatro dias do Meeting Internacional, encerrado neste domingo (11) em Montevidéu. O evento acontece há 20 anos e é promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), do empresário João Dória Júnior.
Apesar das ironias disparadas por alguns empresários e políticos que participaram do encontro, Dória, pré-candidato tucano para a Prefeitura de São Paulo, evitou politizar as discussões – justamente o oposto do que foi visto no Fórum de Líderes Empresarias de Comandatuba (BA), realizado em abril passado e onde se ouviu o tempo todo a defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff e o ataque ao PT.
Confira os melhores e os piores lances dos quatro dias do Meeting Internacional:
Momento vale a pena ver de novo
A estrela dos quatro dias de evento foi a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG). A parlamentar arrasou no bom humor, aguentou bem as diretas e as indiretas direcionadas ao governo, do qual seu partido faz parte. Teve humor, rapidez de raciocínio e não se intimidou diante do ataque tucano. Fernando Capez, presidente da Assembleia paulista, entrou no clima de bom humor e ganhou o título de provocador do encontro. Cutucou a parlamentar para debates ideológicos entre comunismo e neoliberalismo e até prometeu reestatizar a Vale. A comunista e o tucano caíram na gargalhada. Mas houve quem criticasse a parlamentar entre um cafezinho e outro. "Como pode ficar neste hotel de luxo?", disse um empresário. Outro participante comentou: "Que espécie de deputada comunista tem coragem de trocar a viagem de ônibus pelo carro de luxo?". "Vim aqui e dei o meu recado", comemorou a deputada, que ganhou palmas no voo de volta do Meeting.
Momento para ser esquecido
Por unanimidade, a participação de Alberto Alves, secretário-executivo do Ministério do Turismo. Não se preparou para representar o País no painel sobre relações bilaterais entre Brasil e Uruguai e foi engolido pela clareza e pela experiência da ministra do Turismo do país vizinho, Liliam Kechichián. Ao fim dos minutos de improviso, Alves disse a um dos presentes: "Melhor do que não ter falado nada. Na próxima eu melhoro." Momento "vergonha alheia". Foi embora antes do final do encontro e não deixou saudade.
Momento campanha antecipada
Pouco antes de desembarcar em São Paulo, João Dória Júnior não resistiu e mandou o recado tucano: "Apesar da Dilma, continue acreditando no Brasil". Desnecessário.
Momento saia justa
Edson Bueno, presidente do Conselho de Administração da Amil, um dos grandes patrocinadores do Lide, aproveitou o tempo a perder de vista dado pelo organizador do Meeting Internacional para mandar um recado a João Dória Júnior. Pediu para que os eventos do Grupo de Lide Empresariais não atrelem suas discussões empresariais aos temas políticos. Dória engoliu seco e sorriu, mas não quer dizer que concordou com o pedido do amigo.
Momento "é melhor ter um inimigo por perto"
João Dória Júnior e Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (PSDB), saíram de São Paulo na quinta-feira (8) pela manhã como adversários tucanos na disputa pela prefeitura paulistana. Mas ambos se saíram muito durante os eventos. Dória prestigiou Capez em vários momentos, com direito a brinde e lugar de destaque em uma das mesas de discussão. O deputado federal, por sua vez, elogiou o colega de partido e em um dos brindes disse: "Que seus sonhos se realizem." Resta saber se o desejo inclui os planos eleitorais do empresário
Momento pires na mão
Daniel Slaviero, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Tellevisão (Abert), foi convidado para falar no painel sobre liberdade de expressão – um tema caro para os brasileiros que até menos de 30 anos atrás conviviam com a censura dos anos de chumbo no País. Preferiu aproveitar seus minutos para criticar o Partido dos Trabalhadores, que seria culpado pela crise financeira das empresas de comunicação, já que cortou parte da verba publicitária do setor. Slaviero se referiu particularmente ao momento da Rádio Jovem Pan, segundo ele muito prejudicada pela baixa nos repasses publicitários do governo federal.
* A jornalista viajou a convite do Lide (Grupo de Líderes Empresariais)

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O Brasil virou mau exemplo - EDITORIAL ESTADÃO


O ESTADÃO - 12/10

Com exceção de Brasil e Venezuela, a América Latina manteve uma boa imagem na reunião conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, realizada em Lima, no Peru. A última assembleia na região havia sido em 1967, no Rio de Janeiro. Enormes desequilíbrios marcaram a maior parte das economias latino-americanas, entre o fim dos anos 60 e primeira metade dos 90. Nos primeiros anos do século 21, documentos do FMI começaram a chamar a atenção para os padrões de estabilidade alcançados naqueles países. Seriam duradouros?

Em alguns deles, políticas de baixa qualidade comprometeram os avanços conseguidos principalmente nos anos 90. Mas a nova imagem se mantém para a maioria dos países ao sul dos Estados Unidos. Isso é especialmente significativo num momento de sérias dificuldades para os dependentes de exportações de matérias-primas. Todos crescem menos agora do que nos anos anteriores. Em todos ou quase todos a piora dos preços de produtos básicos afeta a receita de impostos. Além disso, a depreciação cambial se transmite aos preços internos e aumenta o risco de inflação.

O teste é difícil, mas o FMI, o Banco Mundial e os mercados apostam nesses países. Na maioria deles, as contas públicas são sustentáveis. Alguns têm folga para manter o gasto público e dar algum estímulo à economia. A inflação, de modo geral, continua na faixa de 3% a 5%. As taxas de crescimento econômico devem ficar, na maior parte dos casos, na faixa de 2% a 3%, depois de vários anos acima de 4%. Mas ainda serão positivas, apesar dos choques e da desaceleração.

No entanto, a média projetada pelo FMI para a América Latina e o Caribe é um número negativo, -0,3%. A explicação estatística é simples. O peso de duas grandes economias puxa o conjunto para baixo. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve encolher 3%, neste ano, segundo os técnicos do FMI. O da Venezuela deve diminuir muito mais, 10%. Para o Equador também se estima um resultado ruim, um PIB 0,6% menor que o do ano passado, mas o peso da economia equatoriana é muito menor.

O desempenho econômico do Equador, nos últimos anos, foi semelhante ao das economias mais prósperas da região e o país continua com inflação moderada e contas públicas administráveis. Os desafios, no entanto, são muito severos, porque a economia enfrenta dois problemas somados, a queda dos preços do petróleo e a valorização do dólar. Como o país é dolarizado, o efeito do câmbio em sua balança comercial é especialmente severo.

As más condições do Brasil e da Venezuela têm explicações muito menos bonitas. O governo venezuelano desperdiçou recursos e oportunidades quando os preços do petróleo eram muito mais altos. Devastou tanto a agropecuária quanto a indústria, desarranjou as contas públicas, criou inflação e realizou a façanha quase incrível de tornar o dólar escasso num país com um grande setor petrolífero. O PIB da Venezuela diminuiu 4% no ano passado, deve encolher 10% neste ano e recuar mais 6% em 2016, segundo o FMI. A inflação deve bater em 190% em 2015 e continuar subindo no próximo ano. O déficit primário de suas contas públicas deve chegar neste ano a 21,3% do PIB.

O governo brasileiro foi incapaz, até agora, de cometer erros tão espantosos quanto os observados na Venezuela. Mas ninguém deveria menosprezar as tolices acumuladas a partir de 2010, especialmente no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Em relatório sobre a região, economistas do FMI apontaram a crise dos últimos anos como proveniente, em grande parte, de um erro de diagnóstico perpetrado ainda na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As ações de estímulo à demanda acumuladas a partir daí alimentaram uma inflação sempre superior à meta oficial e comprometeram as contas públicas. As condições da oferta foram obviamente negligenciadas. Mas o caso brasileiro envolve também, e isso aparece no relatório, problemas de corrupção e uma severa deterioração das condições políticas. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, elogiou a política econômica do Paraguai e apontou o Brasil e a Argentina como fontes de problemas para a região. Essa é a nova América Latina.