quinta-feira, 11 de outubro de 2012

“O DESAFIO DO ANALISTA É PERMANECER HUMANISTA”


Leopold Nosek fala sobre a psicanálise atual e a dificuldade de encontrar tempo para reflexão., por Sonia Racy
Quando o antigo já não existe mais e o novo ainda não se estruturou é que se criam os monstros, segundo Leopold Nosek, da Federação Psicanalítica da América Latina. Os sintomas desse momento de transição– no qual se encontra a humanidade– estão na pauta dos principais desafios dos analistas contemporâneos. Desafios esses que serão tratados no Congresso Latino-Americano de Psicanálise (que começa terça-feira no Sheraton WTC), presidido por Nosek.
Cerca de dois mil psicanalistas se reunirão para debater o papel do analista na contemporaneidade: “O filme A Pele em que Habito, de Pedro Almodóvar, apresenta o monstro atual”, pondera. “O indivíduo pode trocar de sexo, de pele, fazer filhos de proveta, coisas antes inimagináveis”. Os temas do encontro serão tradição e invenção. “Veremos como esses dois dados se relacionam. Sem a tradição não se vive. No entanto, ficar paralisado na tradição também não é viver”, afirma.
A seguir, os melhores momentos da entrevista.
O mundo atual é muito fragmentado, a análise ajuda a dar unidade para pensamentos e sentimentos?
O paciente continua um ser humano. Só precisa ser lembrado disso. É um trabalho de recuperação. Não vivemos de construções velhas, portanto é impossível um analista estar ouvindo a mesma coisa. Nossos sentimentos pedem sempre novos versos.
Dê um exemplo.
As canções de ninar. São todas iguais. Falam de monstros, não de sossego. Porque a criança tem o medo e o horror dentro dela. E quando encontra uma representação, se sente entendida. Quando se adquirem palavras para o conflito e para a dor, aquilo se circunscreve. Deixa de ser infinito e adquire um tamanho. A partir daí, monta-se a equação e pode-se lidar com isso. Uma boa análise não resolve as equações, mas ajuda a montá-las. E, às vezes, isso é o mais difícil. “A cuca vem já já, papai foi pra roça, mamãe foi trabalhar”. É uma equação de desamparo.
O ser humano continuou igual, enquanto o mundo sofreu um avanço tecnológico imenso?
Em qualquer idade nos encontramos em transição. Sempre foi assim. Mas, agora, a velocidade é assombrosa. Outro dia, um adolescente me falou uma coisa interessante: que John Lennon nunca tinha visto um computador.
Quando um paciente tem alta, quem define isso: ele ou o analista?
Não creio em alta. A alta não faz parte da minha ideia analítica. A cura é uma ideia médica e se baseia em sintomas. O que existe são momentos de desenvolvimento que promovem emancipação. Tem muita gente que quer se aprofundar em si mesmo. Por outro lado, para quem faz análise, esse tipo de exercício reflexivo é vital. Não há como evitar.
Existe quem consiga fazer essa reflexão sozinho?
De fato não criamos nada em isolamento. Prefiro dizer que há pessoas que fecham a porta para esse tipo de prática. Muitas possuem uma dificuldade de olhar para sua interioridade. São pessoas que estão sempre em ação, impedindo o contato com o mundo onírico. Outros têm uma cegueira para o que é conflitivo, contraditório e escuro. O que sabemos sobre a análise é que aquele que a faz fica um pouquinho melhor na comparação com ele mesmo. E esse pouco melhor é inestimável. A família e as pessoas ao lado notam. Claro que, como tudo, análise depende de sorte. De achar a companhia certa para tanto. Nelson Rodrigues dizia que sem sorte você não chupa nem picolé porque vai cair no seu sapato.
A rapidez e a competição da atualidade contribui para o aumento da angústia?
Vivemos transformações importantes. Acostumamo-nos a lidar com um aparelho eletrônico e já temos que lidar com um novo. Existe hoje um paradoxo. Vamos viver mais de oitenta anos, mas ficaremos obsoletos profissionalmente, muitas vezes, com 40, 50 anos. Isso gera uma grande insegurança. Há uma enorme concentração de recursos materiais e de expediente para o trabalho para se produzir. Isto influencia nosso modo de viver. Por exemplo, os bancos vão se preocupar com suas ações e não com as hipotecas e o destino dos mutuários. Será que as grandes corporações farmacêuticas são diferentes?
E qual a consequência disso?
Falta tempo para o ser humano olhar para a própria humanidade. Não conseguimos construir um acervo onírico, uma personalidade. Sonhar e adquirir um repertório cultural, poético, requer tempo. É isso que necessitamos para dar conta da vida. É um desafio dos analistas de hoje, muito diferente da época do Freud. O sofrimento atual é de outra ordem. A do vazio. O indivíduo sofre, mas não articula um discurso. Quem tem pânico, por exemplo, sequer sabe diferenciar se o sofrimento é psíquico ou corporal. E crescem doenças como a anorexia, obesidade e a bulimia, que há 40 anos eram uma raridade.
O que é anorexia?
Ausência de desejo. Não se sente fome, não há vida sexual. Porque o desejo é visto pelo anoréxico como um perigo de destruição interna. Ele não tem acervo para dar conta. Isso é o desafio para o analista. Como trata-se de um discurso que não se organiza, é impossível realizar o que os analistas faziam antigamente – presente no imaginário popular –, de atribuir significados inconscientes ao que o paciente fala. É necessário a criação de novas narrativas, novos sonhos.
E como o analista reage em uma situação como essa?
É um dos temas do nosso congresso. Colocar o analista em questão. Estamos diante de um mundo novo. Que implica em novo corpo, sexualidade, ética e moralidade. Além de um sistema jurídico que terá que se adaptar a tudo isso. Em um mundo onde as coisas estão cada vez mais técnicas, o desafio para o analista é permanecer um humanista.
Com o avanço das drogas psiquiátricas, o paciente é o que ele toma?
Claro que não. Comemoramos as novas medicações, são um progresso. Entretanto, há um exagero. As pessoas não podem mais ficar tristes. Crises e os lutos são grandes oportunidades de transformação, de inventividade, desenvolvimento. Se você não tem tempo do luto, as pessoas tornam-se descartáveis. Como viver sem perdas? O importante é dar um destino criativo para elas.
Onde entra a análise?
As pesquisas mostram que uma terapia, de ordem verbal, aliada a medicação, funciona melhor do que só o remédio. Isso é consenso em psiquiatria também. No entanto, existe uma predileção por sucesso rápido. Costuma-se dizer que a psicanálise é demorada. O que ocorre é que entramos em um processo de desenvolvimento. Se a análise for boa você sente os benefícios desde o primeiro encontro.
Como se manter são ?
Eu nem pretendo isso. Não me apresento assim. Não tenho cara de são e não faço a menor questão de ser. E não sei mais do que a pessoa que está lá comigo. Só tenho um ouvido disciplinado para aquilo. Para ser analista, tem que ter problemas suficientes para não conseguir ficar quieto.
Como o senhor vê o crescimento dos fundamentalistas no mundo?
Quando eu comecei, a angústia dos pais era que os filhos estavam virando revolucionários. Hoje, se preocupam porque os filhos estão virando fanáticos. Com o a falta de tempo para construir um acervo que dê conta da sua humanidade, o indivíduo apela para as receitas prontas.
Em qualquer época?
Em tempos de transformação. Quando o velho não existe mais e o novo ainda não se estruturou, criam-se os monstros, dizia Antonio Gramsci. São momentos em que ainda não há um novo sonho, uma referência poética. Em épocas como essa, em que não existe tempo de esperar até que se organize um novo sonho, uma nova referência poética e cultural, é que as pessoas se socorrem de coisas estabelecidas.
Outra discussão é sobre a esfera do público e do privado. Mudou com a internet?
Sim. O Facebook e similares, por exemplo. As pessoas acreditam que estão expondo a intimidade ali. Mas, na verdade, não. Mudou o critério de intimidade. O que é íntimo, de verdade, as pessoas não mostram.
Por quê?
Porque quando é íntimo é conflituoso. O sexo pode ser íntimo para uma pessoa e não para outra. E parte da graça do sexo é que é tremendamente conflituoso e angustiante. Senão, seria como comer bife. O medo da perda, da invasão, do excesso, estão sempre aí. O número de fantasias, medos e expectativas que acompanham a sexualidade é enorme, e aí é que está a graça.
O que é a felicidade?
Essa felicidade da qual se fala é uma bobagem (risos). Uma coisa é viver criativamente, viver bem. Viver feliz é um sonho infantil. A ideia de não ter conflitos, problemas, é uma negação da realidade. Isso não é viver feliz, é ter uma anestesia para uma parte da vida. Uma pessoa que acredita nisso não vive as crises dos filhos, as questões amorosas, os lutos. Pensa em soluções. Chamo essas pessoas de “solucionáticas”.
Para resumir, qual o maior desafio para o analista hoje?
Cada vez mais o tratamento é bipessoal. Na sala de análise tudo pode acontecer virtualmente. O analista tem que ser corajoso e participativo. Ter audácia. Tem que ter o conhecimento. Esta é a sua ética. Estamos todos em questão, o paciente, o analista e a análise. Cabe a brincadeira “vamos olhar seus problemas de frente: pode se deitar”. /MARILIA NEUSTEIN E SR

O urgente não deixa tempo ao necessário


BIANCA RIBEIRO - O Estado de S.Paulo 11 out 12
O governo parece preferir ser criticado por avançar pouco em alívios pontuais da carga de impostos no País a insistir na aprovação de uma reforma abrangente do sistema tributário, que causa embates e frustrações intrínsecos ao tema sempre que vai ao Congresso.
Várias desonerações foram anunciadas desde o ano passado, para estimular a economia. Alguns especialistas avaliam ser iniciativas pragmáticas que rendem resultados no curto prazo, mas destacam também que os atalhos para reduzir o peso dos tributos resultam em novos nós no já embaraçado e pesado sistema de impostos do País.
Desde 1989, um ano após a promulgação da atual Constituição, alterações, emendas e reformas vem sendo propostas, já que a nova Carta não alterou significativamente o regime estabelecido na Constituição de 1967. A última tentativa de alterar esse conjunto de regras partiu da própria União, com a Proposta de Emenda Constitucional 233, de 2008, que previa redução e simplificação do número de tributos, bem como redução da carga de impostos, que passou de 25,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1993 para 35,88% do PIB em 2011 e deve ultrapassar 36% do PIB em 2012.
A proposta não vingou e o tema voltou à tona após a crise europeia, que piorou as condições de competitividade da indústria, levando o governo a formatar mudanças em camadas, para facilitar aprovações ponto a ponto.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), há necessidade e espaço para arranjos pontuais que desafoguem a pressão fiscal sobre as empresas e também projetos para o futuro que sejam mais estruturantes.
"O aperfeiçoamento do sistema tributário brasileiro deve ser buscado em duas frentes: a discussão sobre o desenho de uma reforma completa e, em paralelo, a promoção de mudanças que ataquem alguns problemas do sistema atual. Temos de combinar o idealismo com o pragmatismo", diz o gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
"Não podendo fazer uma grande reforma, são feitos puxadinhos que acomodam necessidades imediatas mas não deixam a casa estruturada", critica a sócia responsável pela área tributária do escritório TozziniFreire Advogados, Ana Claudia Utumi.
Passos dados. O advogado e sócio da Machado, Meyer, Sendacz e Opice, Marcelo Fortes, acredita que o modelo "fatiado" resolve pontos críticos. "Não é preciso uma reforma ampla para racionalizar o sistema tributário. Pragmaticamente não seria necessário mexer na Constituição", diz. "O movimento do governo é compreensível e tenta minimizar distorções, mas uma reforma constitucional na área de tributos é necessária", defende o advogado tributarista Paulo César Vaz, do Vaz, Barreto, Shingaki & Oioli Advogados.
Dos passos já dados pelo governo, destacam-se o fim da guerra dos portos, obtido com a aprovação pelo Senado da Resolução 72, que entra em vigor no começo de 2013 e estabelece uma alíquota única de 4% para o Imposto sobre Circulação de Produtos e Serviços (ICMS) no comércio interestadual de produtos importados.
A medida deve impedir benefícios oferecidos em alguns Estados, que ganham com o tributo na transferência para onde os produtos são processados ou consumidos. Mas há dúvidas sobre a eficiência da resolução. Segundo Vaz, esse tipo de disputa pode se prolongar por causa da dificuldade em regulamentar o assunto. "Já há Estados tentando burlar esse impedimento", complementa Marcelo Fortes.
O governo também avançou na redução dos custos com energia elétrica, por meio de eliminação e/ou redução de encargos setoriais que oneravam essa conta tanto para empresas como para residências e devem garantir contas de energia pelo menos 7% menores a partir do próximo ano. Mas os especialistas lembram que o governo não fez desoneração tributária nesse caso e a maior parte do corte de custo de energia dependerá da renovação das concessões de geração de energia que deverão garantir tarifas mais baixas. Isso, porém, só deverá ser dimensionado a partir de fevereiro de 2013.
Outro ponto da agenda é a desoneração da folha de pagamentos, aplicada a 40 setores e podendo ser ampliada para outros. Com esse mecanismo, o governo abre mão da contribuição patronal ao INSS, de 20%, recolhida na folha, em troca de uma alíquota de 1% a 2% do faturamento das empresas. Sobre essa questão específica, alguns advogados levantam controvérsias. A desoneração não favorece todas as empresas do setor contemplado e, em muitos casos, pode elevar a carga de impostos do empregador, dependendo do volume de empregados.
Paulo Vaz lembra também que, embora o governo defenda ser essa uma desoneração permanente, ela não está garantida a partir de 2014 e, portanto, deve ser vista como provisória. "É precária e indefinida", diz Vaz. Outra crítica constante sobre esse tipo de desoneração é o modelo setorizado. "A opção que o governo adota há algum tempo é de ajudar quem grita mais forte. Os setores que reclamam é que conseguem redução de impostos ou incentivos", diz Ana Claudia.

Publicação apresenta raio-x da gestão dos resíduos da construção civil


Dados sobre as áreas de destinação e reciclagem, os avanços do setor e as políticas públicas, foram destaques de encontro Resíduos da Construção Civil – Soluções e Oportunidades

Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Reeducar. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA e o  Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) promoveram nesta quinta-feira, 17, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o encontro técnico “Resíduos da Construção Civil – Soluções e Oportunidades”.
Na oportunidade, o secretário adjunto de Meio Ambiente, Rubens Rizek, anunciou a assinatura do decreto que regulamenta o Programa Estadual de Construção Civil para a semana do meio ambiente, no início de junho. Durante o evento, foi lançada a publicação “Resíduos da Construção Civil e o Estado de São Paulo”.
Participaram dos debates diversas autoridades e representantes do setor. Rubens Rizek, que ao lado de Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP, realizou a abertura do evento,  falou sobre as ações desenvolvidas pelo convênio entre as duas entidades representadas.
“Já demos diversos passos para auxiliar o setor em melhores práticas. Agora, falta um bloco normatizo para darmos um passo ainda maior. Queremos fazer isso no próximo dia 5 de junho, quando pretendemos assinar o decreto da Construção Sustentável. A SMA dá todo o apoio para o fomento da cadeia de reciclagem na Construção Civil. A reciclagem dos resíduos da construção é uma grande oportunidade”, afirmou.
Sergio Watanabe, reforçou o papel do SindusCon-SP como articulador do setor. “Incentivamos as construtoras paulistas na melhor gestão dos resíduos. Pretendemos levar esta experiência para todo o Estado por meio de um sistema informatizado que lançaremos em breve”.
Raio-x
A publicação “Resíduos da Construção Civil e o Estado de São Paulo” é um levantamento elaborado em 348, dos 645, municípios do Estado de São Paulo para verificar a situação atual dos resíduos da construção civil no Estado. Além disso, foram apresentados dados sobre as políticas públicas e as iniciativas realizadas por atores da cadeia da construção civil que podem colaborar à melhor gestão dos resíduos no setor. A publicação está disponível no site.
Para fazer o lançamento da publicação “Resíduos da Construção Civil e o Estado de São Paulo”, André Aranha Campos, coordenador do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP explicou a atuação da instituição desde o ano 2000, quando começou a realizar ações para a sustentabilidade. Com ele, João Luiz Potenza, diretor do Centro de Projetos da Coordenadoria de Planejamento Ambiental da SMA, apresentou dados inseridos no levantamento.
As importantes conclusões que o estudo chegou mostram que 177 municípios possuem Áreas de Transbordo e Triagem (ATTs), 63 possuem recicladoras de resíduos da construção civil e 62 com aterro. Além disso, 39% dos municípios consultados têm legislação específica sobre Resíduos da Construção e Demolição (RCD).
Encontros regionais
Durante o evento, também foi divulgada a realização de outros nove eventos nas regionais do SindusCon-SP, que terão o objetivo de disseminar as questões que envolvem a Política Nacional de Resíduos Sólidos,  capacitar os agentes envolvidos e tirar dúvidas  sobre prazos e metas a serem cumpridos. As cidades são: Sorocaba (29/06), São José do Rio Preto (12/07), Campinas (24/07), Santo André (8/08), Presidente Prudente (23/08), Ribeirão Preto (15/09), além de Bauru, Santos e São José dos Campos, cujas datas ainda serão definidas.
Políticas Públicas
As políticas Estadual e Nacional de Resíduos Sólidos foram destaque do primeiro painel do evento, com a participação de Ronaldo Hipolito, gerente de Projeto da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Na ocasião, o gerente explicou todas as etapas realizadas para a construção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e, principalmente, as metas do setor da Construção Civil. Para confirmar a urgência das ações a serem realizadas, ele citou o estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ao MMA, que apontou que o Brasil perde R$ 8 bilhões por ano por não fazer reciclagem de forma adequada. “Precisamos deixar de pensar os resíduos como lixo, como entulho e entendê-los como materiais que podem ser utilizados em novas obras”.
Já Flavio de Miranda Ribeiro, assessor técnico do Gabinete da SMA, falou sobre as etapas para construção da Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) e explicou como ela não é apenas uma política pública ambiental, mas também de desenvolvimento, sustentabilidade e que distribui direitos e deveres. Ele chamou a atenção para a logística reversa, que ainda é motivo de discussão em alguns fóruns da sociedade que não têm posicionamento definido sobre a responsabilidade de cada ator da cadeia produtiva de determinado material.
Fechando o primeiro painel, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, advogado da Pinheiro Pedro Advogados e Consultor Ambiental, falou sobre as responsabilidades dos agentes envolvidos no setor e a questão jurídica que envolve as atribuições das empresas da Construção Civil. Entre elas, está a obrigatoriedade da realização dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) e as consequências para as empresas que não o realizar. Por fim, destacou a importância dos aterros na implementação da PNRS. “Nossos aterros serão futuras minas de resíduos que podem ser reutilizados”.
Iniciativa Privada: Avanços do Setor
Para encerrar o evento, o terceiro painel trouxe iniciativas da Construção Civil que têm colaborado para o avanço do setor rumo a gestão de resíduos adequada. Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP (COMASP), apresentou a resolução CONAMA 307/2002, que traz prazos a serem cumpridos pelos municípios e geradores. Lilian, afirmou que muitas discussões baseiam-se nas obrigações dos municípios, mas não em como ajudá-los a realizar seus planos e sua gestão. “Lançaremos uma plataforma única que auxiliará na sistematização e no monitoramento online dos resíduos“.
Essa plataforma única que Lilian se refere é um sistema que irá ter cadastrado os resíduos da construção civil desde sua origem para que indicadores, números e todos os envolvidos na gestão saibam, passo a passo, o que acontece no caminho que um resíduo segue até sua disposição final.
Dando continuidade, Gilberto Meirelles, presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON), apresentou um panorama do mercado das recicladoras no Brasil. “Hoje, nossas empresas têm toda a estrutura necessária para receber os resíduos a serem reciclados, mas eles não chegam. E quando isto acontece, temos dificuldade em vendê-los.
Encerrando o evento, Horácio Peralta, diretor Associação Paulista das Empresas de Tratamento e Destinação Final de Resíduos Urbanos (APETRES), trouxe importantes contribuições sobre as áreas de destinação e reciclagem de resíduos da construção. Peralta reforçou a preocupação que as autoridades devem ter com as áreas que recebem esse tipo de material em São Paulo. Assim como outros painelistas, o diretor da APETRES mostrou como é importante a atuação do SindusCon-SP nesse processo. “Esse é um momento para estarmos unidos e lutar a favor das boas práticas do setor. Se estivermos assim, seremos um setor cada vez mais forte e exemplo para aqueles que desenvolvem práticas que não serão mais aceitas pela sociedade”.
Texto: Assessoria de Comunicação
Fotografia: Pedro Calado e Alex Silva